domingo, outubro 29, 2006 

VISÃO DO MUNDO E DISCURSO IDEOLÓGICO (I)

“O que é um editorial? No PÚBLICO, parece ser um espaço reservado a artigos de opinião cujos autores pertencem ao quadro do jornal. É isso um editorial? Se é, como se legitima o realce dado a essas opiniões pessoais, no lugar de honra que o jornal lhes reserva? O que é que recomenda especialmente os redactores do PÚBLICO para emitirem, do alto do ‘editorial’, uma opinião sobre qualquer assunto, por mais complexo que seja? O que é que, por exemplo, nessa perspectiva, legitima o especial ênfase conferido à campanha ideológica do Director do jornal — o qual, obviamente, publica aí os seus artigos quando quer?

Há, porém, outra maneira de entender a secção de um jornal a que se chama ‘editorial’, e é possível documentá-la com múltiplos exemplos tirados da imprensa internacional. Nessa outra versão, o ‘editorial’ é um artigo através do qual se exprime ‘a opinião do jornal’, seja qual for o processo pelo qual esta seja determinada. O jornal ergue-se, assim, como uma ‘instituição’ da sociedade civil, que tem uma palavra a dizer sobre os temas mais relevantes. Não é forçoso que essa opinião tenha uma linha férrea de obediência partidária ou de militância ideológica, como sucede com os textos do Director desse jornal. Pode, até, tratar-se de um encargo do Director — o de formular a opinião do jornal. Mas aí podem surgir problemas. Se o jornal é de um partido, ou serve um centro de interesses, ou segue uma tendência conhecida, a coisa é simples e transparente. Mas se não é assim, tem que haver um processo interno de formação da ‘opinião do jornal’. Ela, sem deixar de ser discutível e rejeitável, torna-se particularmente atendível, provindo de um centro de recolha, análise e apreciação de dados como é (ou pode ser) a redacção, incluindo o seu director. Ora, se a noção de ‘editorial’ tem este conteúdo, parece que, de duas uma: ou se elimina a designação com que se distinguem os artigos de opinião de redactores do PÚBLICO, ou se encontra maneira de definir e exprimir, nesse lugar, a ‘opinião do jornal’.

Creio que os leitores apreciariam esta mudança, num jornal em que já superabundam os artigos de opinião individual. Este facto torna claramente dispensável a girândola de palpites que se oferece sob o rótulo (a meu ver, mistificatório) de ‘editorial'”, escreve António Fernandes.


Os reparos do leitor de Paço de Arcos são pertinentes.

Inquiri o director.

“Há, nesta carta, alguns equívocos que importa esclarecer.

O primeiro é que existe um só tipo de ‘editoriais’ na imprensa de referência e que estes, de alguma forma, traduzirão a ‘opinião do jornal’, seja qual o processo a que ela se chega. Mas na verdade existem diferentes fórmulas e a adoptada pelo PÚBLICO há 16 anos (e desde então vertida para o Livro de Estilo), sendo relativamente rara, não é única. É, por exemplo, a fórmula do Libération. Aproxima-se, mas noutro registo, da do La Vanguardia, onde coabita um texto diário do director com editoriais não assinados. Em Portugal é a mais habitual, tendo sido adoptada pelo ‘Diário de Notícias’ e já tendo sido utilizada pelo Expresso. Radica na tradição de textos como os de Francisco Sousa Tavares, por exemplo, na velha A Capital. Mais: mesmo nos jornais que possuem editoriais não assinados, por vezes, os respectivos directores intervêm com textos especiais, a que dão destaque de primeira página (como sucede, por vezes, no El País, La Repubblica ou Le Monde).

A tradição anglo-saxónica é claramente outra, sendo que aí se pode chegar ao limite de existir um director para a redacção e outro para as páginas de opinião, trabalhando em andares ou mesmo em edifícios diferentes (casos, por exemplo, do New York Times ou do Wall Street Journal). Por regra esses jornais têm uma orientação política definida claramente assumida, chegando ao ponto de recomendar, nos editoriais, em quem se deve votar. Porém, de quem é a opinião reflectida no editorial. Do director? Da direcção? Do proprietário (uma das situações mais frequentes)? Da redacção (talvez a situação mais rara)?

Ora, ao criarmos o PÚBLICO, entendemos que este não devia seguir uma linha editorial politica ou ideologicamente alinhada, daí decorrendo que (a) os editoriais deviam ser assinados pelos membros da direcção editorial pois assim apenas comprometiam os seus autores, (b) os colunistas deviam representar as diferentes sensibilidades politicas, sociais e culturais (algo que, por regra, não sucede na imprensa anglo-saxónica), e (c) devia respeitar-se a liberdade dos jornalistas terem diferentes olhares sobre a realidade dentro dos limites impostos pelo rigor e pela seriedade. As reportagens, notícias ou análises do PÚBLICO não ‘ilustram’ ou ‘desenvolvem’ as teses defendidas nos editoriais, ao contrário do que sucede na Economist, por exemplo, onde não é por acaso que nenhum dos textos é assinado. Num país tão pequeno e com tão poucos leitores, o PÚBLICO optou por não ser ‘de esquerda’ ou ‘de direita’ ou outra coisa qualquer, antes por ser o PÚBLICO na sua pluralidade de pontos de vista.

O segundo equívoco do leitor é que devia procurar uma espécie de ‘opinião média’ da redacção, o que não é possível ou praticável. Pior: se tal se tentasse fazer (como tentámos episodicamente em 2000, aquando da reformulação gráfica do jornal), depressa cairíamos em textos baços e neutros. Daí que tenhamos regressado à fórmula dos editoriais assinados, mas assertivos e naturalmente mais polémicos, podendo mesmo expressar pontos de vista diferentes conforme os seus autores. Sem esta fórmula nunca o primeiro director do PÚBLICO, Vicente Jorge Silva, poderia ter escrito um editorial que o leitor talvez se recorde: ‘A geração rasca’.

A nossa preocupação, e a minha em particular, tem sido a de assegurar o pluralismo, mesmo quando isso implica ser eu próprio alvo de críticas de colaboradores do jornal ou de leitores. E é por isso que me orgulho de, por ocasião da Guerra do Kosovo, o PÚBLICO ter-se distinguido do El País, de acordo com um estudo académico, não por nos editoriais se ter apoiado a intervenção, algo que aquele diário espanhol também fez, mas por neste a informação ‘alinhar’ com a opinião editorial, enquanto no PÚBLICO era mais plural e aberta.

Quando à questão dos editoriais serem panfletos, respeito a opinião do leitor. E apenas obedecem à minha consciência, incorporando naturalmente a informação que recolho e as opiniões que ouço na redacção, mas nunca seguindo qualquer agenda escondida ou férreo dogmatismo. Será assim tão difícil entender que há quem pense pela sua cabeça e não se importa de, muitas vezes, defender opiniões minoritárias? E que fomentar o pluralismo e o debate é uma virtude, não um defeito?”, respondeu José Manuel Fernandes.

Por uma questão de limitação de espaço este debate prossegue, necessariamente, na próxima semana.

domingo, outubro 22, 2006 

E DEPOIS DO DIAGNÓSTICO?

"A notícia ‘Diagnóstico Gratuito para Matemática’, publicada na página 20 da edição de 14 de Agosto, está de acordo com os critérios de interesse noticioso de um jornal de referência. Para um leigo, parece configurar um claro caso de publicidade a um centro de explicações e pouco mais faz que citar um comunicado à imprensa.
Enquanto proprietário futuro de um pequeno centro de explicações, espero que o PÚBLICO dê a mesma importância jornalística ao comunicado que farei chegar à sua Redacção”, observa Salvador Barbosa de Lisboa.

As interrogações do leitor são pertinentes e decididamente legítimas.
Pedi, portanto, um esclarecimento ao editor da secção de Sociedade.

“A dúvida do leitor é pertinente e colocase-nos quase diariamente. Mas não podemos assentar uma regra básica e simplista de que não noticiamos iniciativas comerciais. Seria bem mais fácil para nós – até porque somos diariamente inundados com promoções, iniciativas e pseudo-notícias –, mas não pode ser.
A verdade é que, como em quase tudo no jornalismo, é preciso recorrer ao bom senso. Em última análise, a abertura de um centro comercial enquadrava-se nessa categoria de notícias que não daríamos, dado que a divulgação iria beneficiar os promotores da infra-estrutura, mas penso ser consensual que, muitas vezes, o impacto sobre a vida de uma cidade, ou até do país, merece que nos debrucemos sobre o assunto. Não poderíamos falar de concertos, de jogos de futebol, do Euromilhões...
No caso em apreço, há duas coisas que têm de ser tidas em consideração: estamos a falar da Matemática, a ‘besta negra’ dos nossos estudantes; e estamos a falar de um franchising espalhado por todo o país. São estes os critérios de relevância dados à notícia (que é, saliente-se, apenas uma breve de três parágrafos). É natural (embora não louvável, em termos editoriais...) que o texto utilize algumas das formulações constantes no comunicado enviado à redacção.
Sintetizando, o PÚBLICO noticiou a actividade de centros de diagnóstico dos alunos a Matemática, uma disciplina que muito preocupa pais e alunos e que esteve particularmente em foco no início do Verão, com a divulgação dos resultados dos exames nacionais. O PÚBLICO não divulga iniciativas comerciais só porque sim; mas não pode deixar de noticiar as que considera serem de interesse público.
O que o editor num determinado dia (e os dias não são todos iguais, em termos de fluxo noticioso e gestão de espaço de jornal...)considera relevante e o que cada leitor possapensar sobre o assunto não será, em muitoscasos, certamente o mesmo. Pelo que haverásempre espaço para a crítica. E essa, desdeque feita em termos correctos e construtivos,obriga-nos a ser ainda mais atentos,” respondeu Luís Francisco.

Os comentários do editor da secção de Sociedade não parecem aceitáveis apesar das nuances e do mea culpa (parcial): “é natural (embora não louvável, em termos editoriais...) que o texto utilize algumas das formulações constantes no comunicado enviado à redacção”.
É importante esclarecer que a “breve de três parágrafos” ocupa na realidade uma coluna com 43 linhas. De qualquer modo não é a dimensão do texto que está em causa, podia ter só meia dúzia de linhas. É o princípio.

1- O problema é a reprodução (quase na íntegra e com ligeiras alterações) de uma parte substancial do comunicado de imprensa da firma sem mencionar explicitamente (com a inserção designadamente de aspas) de que se tratava de uma citação. No jornalismo essa prática tem um nome: plágio.

2- E, neste caso poderá configurar, por outro lado, uma situação (no mínimo preocupante) de confusão entre informação e propaganda comercial.

Exemplos:

PÚBLICO:

“Os centros desenvolvem a metodologia Mathnasium, resultado do trabalho do professor e consultor norteamericano de Matemática Larry Martinek, que durante três décadas investigou, criou e testou novas formas de ensinar a disciplina.”
PROPAGANDA COMERCIAL:
“A metodologia Mathnasium é o resultado do trabalho de Larry Marinek, professor e consultor de Matemática em diversas escolas norte-americanas da Califórnia e que durante as últimas três décadas investigou, criou e testou novas formas de ensinar a disciplina.”

PÚBLICO:
“Os Centros Mathnasium são empresas especializadas no ensino da Matemática e possibilitam um conhecimento mais profundo sobre as aptidões, competências e domínio que cada jovem tem da Matemática, é anunciado em comunicado à imprensa.”
PROPAGANDA COMERCIAL:
“A iniciativa é dos Centros Mathnasium, especializados no ensino da disciplina, e visa possibilitar um conhecimento mais profundo sobre as aptidões, competências e domínio que cada jovem tem da Matemática. “

PÚBLICO:
“Para fazer o diagnóstico bastará aos estudantes do ensino básico dirigirem-se a um centro e inscreverem-se, marcando dia e hora.”
PROPAGANDA COMERCIAL:
“Para fazer o diagnóstico bastará aos estudantes dirigirem-se a qualquer um dos mais de 30 Centros Mathnasium e inscreverem-se, marcando dia e hora.”

As semelhanças são evidentes.
O PÚBLICO explicitou, curiosamente, o número exacto de centros que a referida empresa tem no país (quando o comunicado da própria Mathnasium é impreciso sobre essa mesma matéria).

PÚBLICO:
“A proposta é dos Centros Mathnasium, 32 espalhados por todo o país, que oferecem a realização de um diagnóstico gratuito aos conhecimentos dos alunos a esta disciplina.”
PROPAGANDA COMERCIAL:
“Mais de 30 Centros Mathnasium”.

É óbvio que “32” é preferível a “mais de 30 centros”.
O rigor e a precisão são essenciais no jornalismo porque aquilo que está em causa, no fim de contas, é a nossa própria credibilidade.

3- O provedor considera, por outro lado, que o lead (primeiro parágrafo) – “
Antes de as aulas começarem, que tal os alunos fazerem um diagnóstico aos seus conhecimentos matemáticos?” – poderá não corresponder aos padrões exigidos num jornal de referência como o PÚBLICO.

O Livro de Estilo do jornal determina, aliás, que o lead, “
parte essencial da construção de um texto jornalístico” não deve “começar com uma negativa nem de forma dubitativa, interrogativa ou condicional”, mas começa.

4- O PÚBLICO optou também por não indicar o nome do “autor” da prosa apesar de se tratar, segundo reconhece o editor de Sociedade, de um trabalho indiscutivelmente de cariz jornalístico e não propagandístico.

O provedor recorda alguns princípios gerais do Livro de Estilo: “T
odos os textos são assinados, à excepção das breves” e “a assinatura de um texto deve reflectir de forma rigorosa a sua autoria”. Tal não aconteceu.

Se o comunicado de imprensa merecia ser “notícia” (com 1062 caracteres) é algo que não compete ao provedor decidir. O seu estatuto não o permite.

Inquiri o director do jornal.

De uma forma genérica, posso fazer o segundo comentário:
a) Não é errado citar um comunicado de imprensa, pois é uma fonte de informação como qualquer outra;
b) Utilizar ou não um comunicado de imprensa como única fonte de uma notícia decorre de avaliar o seu interesse e verificar se necessita ou não de contraditório. Por exemplo: é notícia informar que saiu um livro, um automóvel ou que um banco alterou a sua taxa de juro porque são assuntos que interessam a muitos leitores e o simples facto de informar que ocorreram não implica apoiá-los ou impede que depois sejam objecto de escrutínio ou mesmo crítica;
c) Face ao interesse, que julgamos existir, de muitos pais em encontrarem forma de testar os conhecimentos em matemática dos seus filhos, a notícia tinha interesse. Porventura dela resultou que a Mathnasium conseguiu mais alguns clientes. Mas se o jornal noticiar que amanhã chega às livrarias mais um livro do Harry Porter, mesmo sem antes ter conseguido lê-lo, isso é errado? Não, porque haveria muitos leitores interessados na notícia;
d) Em síntese: o facto de a notícia não apoiar nem se distanciar do seu objecto concreto, a Mathnasium, não é um bem ou um mal em si, até porque a fonte está bem identificada, o texto é seco e objectivo e presumiu-se que a informação seria do interesse de muitos leitores”, respondeu José Manuel Fernandes.

Conclusões do provedor:
a) Não é errado citar um comunicado, mas o “artigo” em questão reproduz quase na íntegra um comunicado comercial sem mencionar explicitamente a autoria do texto.
b) O problema não é o comunicado constituir a única fonte da notícia. No “caso em apreço” até nem parece sê-lo na medida em que o jornalista menciona o número exacto de centros e a firma não o faz. Aquilo que é questionado é a fronteira entre informação e publicidade. O jornalismo serve para informar. A publicidade (iniciativa legítima) serve para convencer. É errado misturar os géneros.
c) Não comento o “
interesse” “de muitos pais em encontrarem forma de testar os conhecimentos em matemática dos seus filhos”. É opinião.
Também não me pronuncio sobre o controverso ‘dá-lhes o que eles querem’ (“
leitores interessados”) porquanto é o director quem decide a linha editorial do jornal.
d) Discordo. A fonte poderá estar identificada, mas o texto não me parece particularmente “
seco” (“Antes de as aulas começarem, que tal os alunos fazerem um diagnóstico aos seus conhecimentos matemáticos?”) e muito menos objectivo. E mais: reproduz largas parcelas do comunicado sem mencionar sequer a autoria do texto.

O provedor considera que o PÚBLICO errou.

domingo, outubro 15, 2006 

“PORMAIORES”, INFORMAÇÃO E PUBLICIDADE

Se me interessasse pelo sensacionalismo e a manipulação dos factos, teria muito por onde escolher. Mas acontece que sou leitor (e assinante) do PÚBLICO, que pretende ser reconhecido como um jornal de referência.
Agora que deu por concluídas as suas crónicas acerca de ‘pormenores’, permita que me refira a ‘pormaiores’. Escolho dois, de entre muitos que de forma preocupante proliferam no PÚBLICO.
Todos sabemos o efeito dos títulos, assim como sabemos quantos leitores ‘se ficam’ pelos títulos, nomeadamente os das primeiras páginas.
Na edição de 20 de Julho de 2006, na página 2, em título, podemos ler
‘REGIME PARA TRANSFERÊNCIA DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS APROVADO COM ABSTENÇÃO DA DIREITA’. Assim se consegue ludibriar os ‘leitores de títulos’, que são muitos! Porque é que o título da ‘notícia’ não refere quais as forças políticas que votam contra? A quem interessará este título mentiroso?
Na primeira página da edição de 22 de Julho de 2006, em título, podemos ler
‘GOVERNO DIMINUI PENALIZAÇÃO PARA REFORMAS ANTECIPADAS’ e na página 40 da mesma edição deparamo-nos (subtilmente?) com ‘GOVERNO DIMINUI PENALIZAÇÃO PREVISTA PARA REFORMAS ANTECIPADAS’! Muitos leitores leram o título da primeira página e poucos terão lido o título da página 40...
A verdade é que o Governo pretende que as reformas antecipadas passem a ser mais penalizadas! A quem interessa esta confusão de intenções?
Hoje, o principal problema do jornalismo é a erosão progressiva da qualidade (provocada, designadamente, por opções editoriais controversas e influências económicas subtis, mas perniciosas). O desafio é, portanto, recuperar a credibilidade (...).O resto são pormenores, podem ser importantes, mas não deixam de ser pormenores...escreveu o provedor do PÚBLICO na sua crónica de 6 de Agosto de 2006.
E os ‘pormaiores’, senhor provedor, até quando vão continuar à mercê de ‘influências económicas subtis’? Ou de influências de outra natureza, quem sabe, ainda mais preocupantes?”,
indaga Orlando Ponte.

Muitas vezes aquilo que está em causa é apenas a ignorância e a falta de profissionalismo.
Solicitei um esclarecimento ao director do PÚBLICO.


“Sobre o primeiro título (‘REGIME PARA TRANSFERÊNCIA DE FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS APROVADO COM ABSTENÇÃO DA DIREITA’): A dúvida antes do debate era como votariam o PSD e o CDS, pois os outros partidos já tinham anunciado que votariam contra. A notícia era o que não se sabia antes, por isso a opção de, nesse caso, se ter destacado abstenção da direita. O título não é ‘mentiroso’, apenas escolhe sublinhar uma parte do que se passou, pela sua novidade.
Sobre o outro título, o da primeira página (‘GOVERNO DIMINUI PENALIZAÇÃO PARA REFORMAS ANTECIPADAS’) é menos completo, mas seguindo a lógica do leitor, o do interior (‘GOVERNO DIMINUI PENALIZAÇÃO PREVISTA PARA REFORMAS ANTECIPADAS’) também não é completo, pois implica que o leitor sabe a que se refere o termo ‘previstas’.
O problema dos títulos é dizerem em poucas palavras o que às vezes exige mais palavras. A opção do PÚBLICO aquando da última revisão do grafismo foi encontrar fórmulas que permitissem que os títulos pudessem ter mais palavras, para serem mais explicativos, logo mais completos. Isso nem sempre é possível, mas quem quer que soubesse o que estava em causa — uma proposta governamental amplamente divulgada de revisão em alta da penalização por antecipação da reforma — compreenderia tanto o primeiro como o segundo título, não sendo induzido em erro por nenhum deles.
Se estes títulos pecam por alguma coisa não é pois por procurarem enganar o leitor, mas por partirem do princípio que o leitor tem conhecimento do que está em causa, que seguia ambas as discussões e por isso compreenderia a opção de quem os fez sem mais explicações. Esse erro é frequente no jornalismo português em geral e também ocorre no PÚBLICO, apesar de a recente revisão do Livro de Estilo identificar claramente que todas as notícias devem ser enquadradas.
Em suma: os dois títulos não tiveram a intenção de manipular, não ‘protegiam’ ninguém nem visavam defender qualquer interesse particular, económico ou político”, respondeu José Manuel Fernandes.

José Manuel Fernandes reconhece apesar de tudo a existência de um erro.
A explicação do director é aceitável.
O próprio Livro de Estilo estipula, aliás, que “as notícias do PÚBLICO são sempre apresentadas com títulos descritivos suficientemente claros para que o leitor os entenda”, mas isso nem sempre sucede.
Os jornalistas não podem presumir que os leitores já sabem tudo ou não sabem nada, ambas as opções são incorrectas. “Clareza, simplicidade e precisão” devem continuar a ser as “características básicas do estilo do PÚBLICO”.


Depois de ter lido uma série de jornais ‘PÚBLICO’ seguidos, reparei que durante a realização da Volvo Ocean Race 2005 — 2006 que quase sempre que existia uma notícia sobre esta competição existia na mesma página uma publicidade à Volvo (que não se verificava nos outros dias). Não conhecendo o que diz o ‘Livro de Estilo’ do PÚBLICO face a esta perigosa ligação entre publicidade e jornalismo (perigosa pois colocam-se múltiplas questões: haveria notícia se não existisse publicidade? Será ético aceitá-la?) gostava de saber a sua posição face à mesma, e, antes ainda, se a questão é pertinente.
Devo acrescentar que se for necessário, poderei indicar-lhe múltiplas datas em que tal acontece, ou, se preferir, um intervalo temporal em que este facto acontece continuadamente
”, indaga Frederico Silva.

As perguntas são legítimas. E, decididamente, pertinentes e actuais.
Pedi uma explicação ao editor do Desporto.


“Em resposta à questão levantada pelo leitor, é verdade que as notícias relacionadas com a Volvo Ocean Race foram sempre acompanhadas de suporte publicitário, uma vez que o anunciante quis associar-se à publicação de noticiário sobre o evento.
No que se refere ao demais noticiário da vela, recordo que o PÚBLICO acompanha, desde o seu início, os principais eventos internacionais da modalidade. Só para referir este ano, uma leitura mais atenta permitiria encontrar noticiário tão diverso como a regata solitária de Ricardo Diniz até Dakar, as regatas da Louis Vuiton Challenge (12 dos Actos preliminares da Taça América, o novo recorde do francês Bruno Peyron na travessia do Atlântico Norte, a regata em solitário Les Sables d'Olonne — Açores — Les Sables d'Olonne. Recuando um pouco, mas não muito, encontraremos no PÚBLICO a Regata Sydney-Hobart, a Rolex Fasten Race, a Portugal Match-race, o último recorde da navegadora solitária Ellen McArthur, a Oryx Quest (nova rota de regata transoceânica asiática), a Vendée Globe, entre outras. A cobertura de vela olímpica em Atenas, Sydney, Atlanta e Barcelona, a Whitbred Race, são outras das grandes coberturas do PÚBLICO, realizadas por uma jornalista especializada em assuntos náuticos e com obra publicada”, respondeu Carlos Filipe.

A pretensão do anunciante é legítima, mas os jornais e o jornalismo obedecem a regras e legislação específicas.
De acordo com a alínea 123 do Livro de Estilo do PÚBLICO "deve evitar-se a inserção de publicidade a objectos ou acontecimentos nas mesmas áreas do jornal em que esses objectos ou acontecimentos forem tratados pela Redacção".
A regra é discutível (apesar de o provedor entender o espírito que animou a sua elaboração), mas é a que existe.
O provedor considera que a publicidade da Volvo não devia, portanto, ter sido inserida nas páginas que noticiavam a regata Volvo Ocean Race.
Excluo, por outro lado, a hipótese de a publicidade estar na origem da cobertura de um acontecimento. Como já escrevi, aqui, o jornalismo serve para informar. A publicidade e a propaganda comercial servem para convencer. A mistura destes géneros chama-se promiscuidade. E a credibilidade do PÚBLICO não tem preço.

PS- “Solicito ao senhor provedor do PÚBLICO, Rui Araújo, que publicite o seu endereço electrónico”, escreve José Raimundo Correia de Almeida.
Eis o endereço:
provedor@publico.pt

domingo, outubro 08, 2006 

OS PORMENORES E A "AMÉRICA LATRINA"

"Na PÚBLICA de 17/09/06, a propósito de um artigo ‘Birmânia A destruição dos templos dourados’.
Este texto encontra-se (pelo menos na versão online) cheio de gralhas de ortografia:
em vez de por
arquológicos
divívas
arquiológica
pretenção
E estes são apenas alguns dos erros que encontrei!
Se vemos erros destes numa simples tradução, nem quero imaginar como seria um artigo original escrito por esta pessoa!
Sou leitora assídua do PÚBLICO e francamente estes erros de ortografia num jornal tão lido... sinceramente... ficam muito mal!”, considera Cláudia Campos.

Os reparos da leitora são pertinentes.

Inquiri, portanto, o director do PÚBLICO.PT.

“A versão online da edição impressa é gerada automaticamente a partir dos textos enviados para paginação pelos jornalistas. Neste caso, tratou-se de um erro, já que se entende que todos os textos devem ser não só correctamente escritos à partida, como vistos e revistos pelos seus autores e editores antes de serem enviados para paginar. É evidente que neste caso isso não terá acontecido. O facto de o texto ter sido publicado sem erros na revista significa que houve uma intervenção posterior por parte do copy-desk de página. Essa revisão foi correcta, mas deveria ter acontecido numa fase anterior à que aconteceu, por respeito para com os leitores da edição online. Seja como for, o PÚBLICO deve uma desculpa aos seus leitores”, explicou José Vítor Malheiros.

A explicação é aceitável. O provedor considera que é urgente criar mecanismos que impossibilitem a repetição dos erros de português e das gralhas. O seu número é alarmante. E isso é tanto
mais preocupante quanto a Imprensa é (ou devia ser) o último reduto da promoção da língua.

“É com algum incómodo que reparo que, a cada novo dia, mais erros ortográficos ocorrem na edição do PÚBLICO. Ontem, por exemplo, detectei um erro de palmatória. Mas, das duas uma, ou a pessoa em causa disse mesmo aquilo ou o jornalista cometeu um erro ortográfico grave. Na página 38 da edição 5974 de 5 Agosto de 2006, ao centro, tem um artigo titulado ‘Caixa nega ilegalidade no arredondamento de juros’ de autoria do jornalista Pedro Ribeiro. Às tantas, no parágrafo nº 8 aparece, como declarações do Sr. António Júlio Almeida, o seguinte: ‘Depois seria uma questão de concorrência, a menos que os bancos funcionem em quartel’.(…)
Obviamente deveria estar escrito CARTEL que significa, entre outros, ‘convénio de industriais e comerciantes para dominar o mercado;’ Espero que desta forma se perceba se foi o entrevistado ou o entrevistador que cometeu o erro. E mesmo que tenha sido o entrevistado, não deveria estar escrito, claramente, que era uma citação, para evitar esta dúvida? É que estar entre aspas nem sempre significa uma citação, em minha opinião”, pergunta Jorge Laranjo.

Se o entrevistado se enganou (e disse “quartel”) o jornalista tinha a obrigação de o alertar
para o lapso. O jornalista devia, por outro lado, ter adoptado a formulação correcta quando reproduziu a afirmação.
O jornalista é, portanto, o principal responsável do erro. Os outros responsáveis são o editor e eventualmente o copydesk que deviam ter revisto o texto e não o fizeram.
“Estar entre aspas” é sempre uma citação.

“Sempre que leio a sua página, fico admirado como os leitores só se queixam dos erros ortográficos. Não que não sejam importantes. Claro que são. Mas a meu ver, são sobretudo o caldo de incultura que permite depois, algo bem mais grave.
E passo a explicar: a incultura permite aos mais astutos influenciar, e até ‘manipular’ opiniões, buscas noticiosas, etc. Este arrazoado, diz respeito, por exemplo, às notícias dadas e omitidas por esse jornal, sobre a doença e estado de coisas que se passam em Cuba nos últimos tempos.(…) Fosse Fidel pró Americano e acha que o ‘seu’ jornal teria o mesmo tratamento? Ou melhor fosse Fidel um daqueles governantes de extrema-direita amigo da Administração Bush, e acredita que o ‘seu’ jornal o trataria de modo semelhante?
O jornal PÚBLICO tem vindo a tratar de modo desonesto o que neste momento se passa na América Latina no que diz respeito aos países que se esforçam por sair da esfera sufocadora dos EUA. Já chamaram tudo a esses dirigentes: ‘Populistas’,’Ditadores’, etc.
O fenómeno é bem mais complexo, e toda a gente o sabe. Como não sou nem jornalista nem cronista, poupo-lhe tempo em explanações, mas quando esse jornal quiser estarei à disposição para explicar o fenómeno a que chamarei América Latina versus América Latrina. Gostaria de o ver mais preocupado com estes aspectos noticiosos, que leva já muitas das minhas amizades a inquirir como tenho ‘pachorra’ para ler um jornal dirigido deste modo”, escreve Rui Viana Jorge.

Inquiri o director do PÚBLICO.

1. Qual é a política editorial do Público relativamente à cobertura do Mundo?

“Noticiar a actualidade internacional de forma profunda e alargada, tendo por referência a melhor imprensa estrangeira com boas secções internacionais. A prioridade é a actualidade e a proximidade. Não há hierarquia regional pré-estabelecida, mas na América Latina consideramos, por exemplo, o Brasil mais ‘próximo’ de nós do que o Peru, por exemplo, em África Angola fica ‘mais perto’ do que... a República do Congo, por exemplo”, respondeu José Manuel Fernandes.

2. A cobertura da realidade da América Latina é a desejável?

“Na América Latina procuramos seguir mais de perto o Brasil, depois a Venezuela (por lá viverem muitos emigrantes portugueses) e a seguir destacamos os eventos mais importantes e as grandes tendências. De uma forma geral a cobertura é correcta, gostaríamos de, por exemplo, recorrer mais vezes a enviados especiais, mas isso não tem sido possível.”

3. Perspectivas?

“A perspectiva é a correcta, sendo que há mais do que uma ‘perspectiva’, por assim dizer, já que o olhar dos diferentes jornalistas pode variar dentro dos limites impostos pelos deveres de rigor e objectividade e das regras estabelecidas no Estatuto Editorial.”

4. Cuba: quais as respostas às perguntas do leitor?

“O leitor não clarifica se se refere ao noticiário se aos textos mais opinativos (análises, comentários, opiniões ou editoriais). No Estatuto Editorial do jornal considera que ‘a existência de uma opinião pública informada, activa e interveniente é condição fundamental da democracia e da dinâmica de uma sociedade aberta’. Em Cuba não existe ‘opinião pública informada’, e o regime não é nem uma democracia nem uma sociedade aberta. O noticiário não omite essa realidade, como não a omite quando se escreve sobre muitos regimes africanos, sobre a Arábia Saudita ou o Irão, sobre a Myanmar ou a Bielorrússia, e por aí adiante. O critério noticioso não é saber se são amigos ou não dos Estados Unidos, mas se são ou não democracias liberais.”

Os argumentos são legítimos. O provedor não tem competência para se pronunciar sobre as opções editoriais, mas tem o dever de dar voz às interrogações dos leitores. Foi isso que fez em nome da transparência.

domingo, outubro 01, 2006 

O PAPA, MAOMÉ E O PRESIDENTE

"Há semanas, o provedor do leitor sugeriu, quanto a mim muito bem, que os leitores se pronunciassem mais sobre o conteúdo do jornal quanto às escolhas editoriais e às opções informativas e menos sobre questões de forma, como os erros de ortografia ou de sintaxe.
No entanto há por vezes questões que parecem de forma mas que adquirem grande importância por as notícias, por uma questão de redacção, de escolha de palavras ou até, como é o caso a que me vou referir, de tradução, falsearem de modo grave frases ou afirmações que estão na base de polémica. Por vezes uma só palavra pode ter enorme importância.
Vem isto a propósito das violentas reacções de repúdio suscitadas em alguns meios islâmicos às palavras proferidas pelo Papa no discurso proferido no passado dia 12 de Setembro na Universidade de Ratisbona, citando declarações proferidas em 1391 pelo imperador bizantino Manuel II Paleólogo. O acompanhamento do assunto feito pelo PÚBLICO merece o meu elogio, principalmente por incluir uma longa passagem do discurso, de modo a não tirar a frase mais criticada do seu contexto. No entanto tenho de assinalar que na frase principal desta citação se insinuou o que julgo um erro de tradução, que noutro caso poderia não ser grave, mas que neste caso faz enorme diferença. No texto publicado no PÚBLICO (dia 2006.09.16, página 3) lê-se, citando o Papa, que por sua vez cita o imperador: ‘Ele [Manuel II] diz: “Mostra-me então o que Maomé trouxe de novo. Não encontrarás senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o mandamento de defender pela espada a fé que ele pregava.’ Ora a palavra ‘demoníacas’ não corresponde ao que o Papa disse, de acordo com o texto divulgado pelo Vaticano no sítio citado pelo próprio PÚBLICO (…). A palavra dita pelo Papa foi ‘Schlechtes’, que não significa demoníacas, mas sim ‘mau, ruim, iníquo, miserável, perverso, falso’. A versão italiana contém a palavra ‘cattive’ e a inglesa ‘evil’, que têm o mesmo significado. Ora convenhamos, que embora a afirmação do Paleólogo não seja lisonjeira para Maomé, a palavra ‘demoníacas’ é muito mais forte e mexe com a própria noção religiosa do Demónio.
Não foi o PÚBLICO o único meio de comunicação a tornar, involuntariamente por certo, o discurso mais polémico. Ouvi num canal de televisão citar as declarações com a palavra ‘satânicas’, que equivale a ‘demoníacas’. Suponho que o equívoco vem de a versão mais utilizada pelos meios de comunicação ser a inglesa e ‘the Evil one’ poder significar o Demónio; no entanto ‘evil’ enquanto adjectivo não tem esse significado em nenhum dos dicionários que consultei”, escreve Júlio Freire de Andrade.

Na página 3, da edição do PÚBLICO de 16 do corrente mês e ano, transcrevem-se excertos do do texto do discurso do Papa Bento XVI na Universidade de Ratisbona, nomeadamente o seguinte: ‘Mostra-me então o que Maomé trouxe de novo. Não encontrarás senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o mandamento de defender pela espada a fé que ele pregava’.
No entanto, a consulta ao sítio (do Vaticano) indicado no próprio texto que antecede a transcrição dos excertos, revela um texto diferente, na versão em português aí publicada: ‘Mostra-me também o que Maomé trouxe de novo, e encontrarás apenas coisas más e desumanas, como a sua ordem de difundir através da espada a fé que ele pregava’.
Acresce que qualquer das outras versões publicadas no sítio referido, nomeadamente aquelas que me são mais familiares – a inglesa, a francesa ou a espanhola – não parecem justificar o emprego do termo ‘demoníacas’, de preferência ao termo ‘más’. (…)
Nas edições dos dias seguintes (não as consigo agora especificar), já o qualificativo ‘
demoníacas’ foi entretanto substituído por ‘más’, mas o facto é que nas transcrições seguintes não se chamou a atenção para a mudança.
Em matéria tão sensível quanto a tratada no destaque da edição de 16/9, não seria aconselhável um maior cuidado em não sobrecarregar o texto transcrito com conotações que o original não comporta?”,
sugere Maria de Fátima da Silva Brandão.

Eis a formulação em português adoptada, entretanto, pelo Vaticano: ‘Mostra-me também o que Maomé trouxe de novo, e encontrarás apenas coisas más e desumanas, como a sua ordem de difundir através da espada a fé que ele pregava’.

Pedi, portanto, um esclarecimento ao jornalista que reproduziu o discurso.

“Nos primeiros dias após o discurso em Ratisbona, o sítio do Vaticano na internet apenas tinha as versões alemã (língua em que o texto foi proferido), inglesa e italiana. Recorri à tradução em inglês. ‘The evil one’ tem também o significado de demónio. Só ao fim de vários dias apareceram traduções noutras línguas, permitindo confrontar o sentido de ‘Schlechtes’ – a palavra proferida pelo Papa. Admito por isso que a tradução não foi a melhor.
À margem da questão, devo dizer que as traduções que aparecem no sítio do Vaticano na internet são oficiosas e não devem ser vistas como a única versão possível. Até porque, mesmo entre as diferentes línguas há, por vezes, diferenças substanciais”, respondeu António Marujo.

O erro está justificado, mas não deixa de ser um erro. O provedor considera que o jornal devia
ter publicado um “O PÚBLICO ERROU” — independentemente das reacções que o referido discurso suscitou.

“As asneiras de mau Português continuam a afectar os textos publicados no PÚBLICO, com uma frequência alarmante.
Hoje, 20/9/06, em artigo de Fernanda Ribeiro e Leonete Botelho, vem a seguinte pérola: ‘
o Presidente da República indigitou ontem o juiz conselheiro (...) no cargo de procurador-geral da República’.
Erro de conteúdo: o Governo ‘indigita’ e o PR ‘nomeia’.
Erro de gramática: a regência é ‘indigitar para’ e não ‘indigitar em’. (…)”,
observa José
Frederico Soares, um leitor de Bruxelas.

O leitor tem razão.

Para a semana há mais.

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