tag:blogger.com,1999:blog-204872402024-03-07T03:40:36.680+00:00Provedor do Leitor do PÚBLICOUnknownnoreply@blogger.comBlogger219125tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-72318380281780543342007-11-25T00:57:00.000+00:002007-11-25T01:01:17.664+00:00EM CONSCIÊNCIA“O tema que me leva a escrever-lhe por certo não lhe escapou nem a si nem a inúmeros leitores. Refiro-me à legenda da fotografia da página 16 da edição da passada segunda-feira (19 de Novembro de 2007) a ilustrar, com enorme destaque, o artigo sobre a manifestação de Bruxelas em favor da unidade da Bélgica.<br />O texto ‘<em>1 wallon + 1 flamande = 2 belges</em>’ foi traduzido como ‘<em>Uma Flandres e uma Valónia igual a duas Bélgicas</em>’...<br />Uma boa tradução seria ‘<em>um valão mais uma flamenga igual a dois belgas</em>’.<br />O sentido do texto do cartaz foi, portanto, completamente adulterado, sendo traduzido por uma expressão que acaba por referir precisamente o contrário, não só do texto original, como do sentido político da própria manifestação.<br />Há traduções infelizes ou displicentes. Neste caso trata-se de uma tradução incompetente (...). É uma falha grave. É exigível responsabilidade e rigor em todas as profissões. Também na de jornalista”, <strong>escreve Carlos Lopes Gonçalves, um leitor de Lisboa.<br /></strong><br />“O PÚBLICO incute nos leitores uma ideia contrária à expressa na fotografia: duas comunidades linguísticas = uma Bélgica”, <strong>acrescenta Emanuel Aniceto.</strong><br /><br /><strong>Os leitores têm razão. A Bélgica discute a divisão do país. O PÚBLICO “resolve” o problema com uma simples legenda...<br /><br />NOTA FINAL</strong><br />“O papel do 'ombudsman' não é o de ser popular ou amado. A função do 'ombudsman' é de recuperar ou de manter o respeito dos leitores pelo seu jornal. Não é um objectivo completamente desinteressado. A longo prazo, o respeito é o único sentimento que levará o público a ler, a acreditar, a apoiar – e a comprar um jornal”, disse Charles W. Bailey, director do ‘Minneapolis Tribune’, ao empossar o primeiro provedor do leitor do seu jornal. A frase foi reproduzida, aqui (23 de Fevereiro de 1997), por Jorge Wemans, o primeiro provedor do PÚBLICO. Nada mudou desde então. Foi esse também o meu propósito, na medida em que procurei suscitar uma linha de esclarecimento e de diálogo permanente entre leitores e jornalistas, fazer do jornal uma obra aberta e interactiva, entre quem o escreve e quem o lê. Debateram-se questões específicas da prática jornalística, em nome do mesmo acréscimo de transparência que pedimos aos outros e da promoção de uma cultura de cidadania. E nunca me esqueci de que, apesar da competição, da pressão económica e da fragmentação do mercado, a liberdade de imprensa é um insubstituível esteio da democracia.<br />É de justiça sublinhar que contei sempre com o apoio da direcção, do Conselho Consultivo e de muitos jornalistas do PÚBLICO. A contribuição de milhares de leitores foi, por outro lado, decisiva. Sem eles, o desafio teria sido uma missão impossível.<br />Parto como cheguei, com imensas dúvidas sobre a articulação dos princípios com a prática do jornalismo e as poucas e mesmas certezas de sempre. Questionei, por exemplo, o plágio, a promiscuidade entre informação e publicidade, a condenação das pessoas na praça pública. Também denunciei a proliferação dos erros de Português. Cheguei a ser acusado de ser o ‘provedor dos pormenores’ e admito que nalguns casos assim foi, mas, ao contrário dos leitores que os apontaram, tenho consciência de que o jornalismo não é uma ciência exacta e um jornal não é uma enciclopédia.<br />Também eu, muitas vezes, fui vítima da pressão do tempo, da compressão do espaço, do cansaço, do humano cansaço. São factores que não justificam as falhas, mas permitem explicá-las. E se assim era no meu tempo de jovem repórter, pior é ainda hoje, porque maiores são os constrangimentos e as ameaças: a competição desenfreada, o desemprego, a contenção de custos e o impacto das novas tecnologias. O sistema pressiona o jornalista, esmaga o jornalismo. A informação era um serviço. Passou a ser mais uma mercadoria, é promovida como tal. Os cidadãos ficaram reduzidos a meros consumidores. A opção lógica é, portanto, dar-lhes o que querem, já que o freguês tem sempre razão. O ‘infotainment’ alastrou, invadiu as páginas dos jornais. É provável que a confusão de géneros acabe por fomentar a apatia. É uma perspectiva preocupante porquanto a democracia não depende só da eficácia das instituições e do desenvolvimento tecnológico, mas também e sobretudo dos cidadãos. E a informação é vital. É por isso que os jornalistas não podem ser acríticos, inofensivos, irresponsáveis e objectivos.<br />“Deves explicar que a tua voz é uma voz independente, porque é a independência do jornalismo associada à preocupação de verificar a informação que fazem com que o jornalismo valha a pena — sem as duas coisas, não pode existir uma real pretensão de credibilidade”, disse-me Bill Kovach, ex-jornalista do New York Times e do Atlanta Journal-Constitution, antes de eu aceitar ser provedor.<br />A premissa e a constatação do meu mestre na universidade Harvard permanecem válidas. E decididamente actuais. Aprendi com Bill a questionar-me, enquanto jornalista. E a questionar a profissão. “É crucial que os jornalistas definam claramente os valores e as responsabilidades comuns do jornalismo, na perspectiva da promoção da cidadania”. É, portanto, urgente repensar as regras sob pena de o jornalismo se tornar dispensável.<br /><br />PS – Desejo a Joaquim Vieira, aos leitores e ao PÚBLICO as maiores felicidades.Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-74050714637609820932007-11-11T17:44:00.000+00:002007-11-11T19:58:59.449+00:00INTERNET E JORNALISMO<strong>A pergunta (‘</strong>Achou este artigo interessante?<strong>’) apresentada no final das notícias do PÚBLICO on-line continua a suscitar interrogações.<br /></strong><br />“Sendo leitora assídua do PÚBLICO On-line, sugiro a alteração da frase ‘Achou este artigo interessante?’ que aparece sempre no fim de cada notícia. A razão desta sugestão prende-se com o facto de a sua formulação, por vezes, não se adequar ao assunto, por exemplo: na notícia ‘morreram 330 pessoas no Peru’ e, a seguir a dita pergunta. Não seria melhor perguntar: ‘Achou este artigo útil, com interesse’, etc.”,<strong> escreve Ana Cardoso Santos, uma leitora de Lisboa.<br /></strong><br />“Escrevo-lhe com uma questão simples que nem pretende ser uma crítica. Apenas algo que me intriga.<br />Nos artigos disponíveis na versão on-line do PÚBLICO, podemos encontrar a seguinte questão ‘Achou este artigo interessante?’, seguida de uma caixa para assinalar a hipótese ‘Sim’.<br />Não existe a possibilidade de dizer ‘Não’, nem qualquer outra.<br />O que me intriga aqui é qual a utilidade desta questão.<br />Porque apenas interessa quantos acham interessante?<br />Na área de ‘Feedback’ é explicado que a questão se destina à produção de estatísticas e tops de textos considerados interessantes.<br />E é isto que me intriga ainda mais, como se produzem estatísticas só com os votos de que achou interessante?<br />Se for do seu pelouro, por favor esclareça-me”, <strong>pede Manuel Ferro.<br /><br />Solicitei, portanto, um esclarecimento a António Granado, editor do PÚBLICO on-line.<br /></strong><br />“‘A pergunta ‘achou este artigo interessante?’ permite-nos saber se o leitor achou o artigo interessante.<br />Há artigos onde os leitores assinalam muito poucas vezes essa opção, há outros que são assinalados larguíssimas centenas de vezes. Isto permite-nos saber, e também a todos os nossos leitores (uma vez que essas estatísticas são públicas e podem ser vistas no final de cada notícia), quais as notícias que mais interessaram os nossos leitores depois de as lerem. O que é diferente de saber quais as notícias que foram mais lidas.<br />Deveria a pergunta conter também a hipótese ‘não’? Ponderámos essa opção no início, mas entendemos que a quantidade de informação que poderia vir dessa resposta não justificava o possível ‘spam’ (respostas ‘não’ em série) que alguns artigos sobre temas mais sensíveis (clubísticos, partidários, etc.) poderia originar. Estamos a pensar novamente sobre este tema, depois de várias sugestões de leitores”, <strong>respondeu o editor.<br /><br />O provedor considera que aquilo que está causa não é a possibilidade de os leitores responderem “sim” e “não”, mas a existência do próprio inquérito.<br />A pergunta “Achou este artigo interessante” é perversa no plano do jornalismo, porquanto os jornais podem optar por dar aos cidadãos aquilo que eles querem. A informação passaria a ser mais uma mercadoria, deixaria de ser um serviço. Nas sociedades democráticas, o “interesse do público” não pode substituir-se ao “interesse público”.<br /></strong><br />“Em diversos momentos enviei comentários a notícias publicadas no jornal on-line que não foram divulgados. Normalmente, os comentários que envio, procuram ser objectivos, não dirigidos a uma pessoa específica, evitando linguagem menos apropriada, mas criticando sem receio (ainda) aquilo que considero errado nas diversas áreas da sociedade portuguesa, destacando aqui a ineficiência e iniquidade da justiça e a improdutividade, numa perspectiva de retorno, do sector de investigação e do ensino superior. Mais, também denuncio o desempenho dos designados jornalistas, que actualmente não são mais do que estafetas, ou seja, são o veículo de transmissão do emissor para o receptor (leitor) sem lhe acrescentarem qualquer mais valia. Neste domínio sou, reconheço, um pouco relapso, já que as críticas são muito menos que as devidas.<br />Como comecei por informar, muitas das vezes os comentários não são publicados, o que me legitima concluir que há censura (política e outra) na redacção do jornal.<br />Estarei errado?”, pergunta Mário Alpalhão.<br /><br /><strong>Pedi mais um esclarecimento ao editor do PÚBLICO on-line.<br /></strong><br />“O PÚBLICO não faz censura. Na nossa base de dados, que tem 142.526 comentários, encontrei 29 seus (1 foi publicado por duas vezes). Não existe qualquer comentário seu que tenha sido alguma vez reprovado.<br />As diferenças entre as horas de envio e publicação acontecem, como está explicado nos Critérios de Publicação de Comentários – http://www.publico.clix.pt/homepage/site/contactos/criterios/Comentariosartigos.asp, porque nem sempre há disponibilidade para ver as centenas de comentários que recebemos diariamente com a celeridade que desejaríamos.<br />Junto a lista completa dos títulos dos seus comentários com datas e horas exactas de envio e de publicação”, responde António Granado antes de acrescentar: “Devido à gravidade das acusações – as mais sérias que se podem fazer a um jornalista - agradeço que a minha resposta a esta queixa ao Provedor seja publicada na íntegra numa das próximas crónicas de domingo”.<br /><br /><strong>O leitor não tem razão.<br />Não há comentários (nem artigos) objectivos.<br />Os “</strong>designados jornalistas<strong>” são jornalistas. E os jornalistas sérios não são “estafetas” de ninguém nem de coisa alguma.<br />O leitor não pode falar em “censura”.<br />É importante referir, por outro lado, que se os comentários não tivessem sido publicados, o leitor continuaria a não ter legitimidade para acusar o PÚBLICO de “</strong>censura (política ou outra)<strong>”. Os jornais publicam o que querem. E regem-se por critérios editoriais.<br />Só me resta concluir que o leitor formula processos de intenções gratuitos. É pena.<br /></strong><br /><br /><br /><strong><span style="color:#000066;">Eis a lista completa dos comentários do leitor que foram publicados:</span></strong><br /><br />Título: <span style="color:#3366ff;">Inversão do ónus da prova</span><br />Data criação: 15-08-2007 13:49:00<br />Data aprovação: 15-08-2007 16:13:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Inversão do ónus da prova</span><br />15-08-2007 0:05:00<br />15-08-2007 16:29:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Cegueira</span><br />04-08-2007 1:08:00<br />04-08-2007 17:42:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Impunidade</span><br />01-08-2007 12:06:00<br />01-08-2007 13:06:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Com alguma razão. os grandes investimentos estão...<br /></span>03-04-2007 23:55:00<br />04-04-2007 13:24:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Está mesmo o Público interessado nos comentários...<br /></span>10-03-2007 20:40:00<br />11-03-2007 14:15:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Sempre foi para mim um mistério...</span><br />09-03-2007 9:51:00<br />09-03-2007 11:33:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Depois de alguma informação e muita desinformação...<br /></span>09-02-2007 0:31:00<br />09-02-2007 8:57:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">O país precisa de reformas<br /></span>09-02-2007 0:07:00<br />09-02-2007 8:58:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Não acredito que alguém tenha ficado surpreendido...<br /></span>09-01-2007 15:18:00<br />09-01-2007 15:20:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Uma medida que não podia ser mais acertada. Só pec...<br /></span>13-12-2006 17:31:00<br />13-12-2006 17:41:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">August Pinochet nunca imaginou que poderia ser vít...<br /></span>27-11-2006 22:59:00<br />27-11-2006 23:12:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Suponho que mais uma vez um comentário meu não ser...<br /></span>27-11-2006 22:18:00<br />27-11-2006 23:15:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">É pena que o Ministério da Cultura não disponha de...<br /></span>21-11-2006 12:02:00<br />21-11-2006 14:12:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">NOJO... é ainda insuficiente para mostrar o meu...<br /></span>21-11-2006 10:50:00<br />21-11-2006 14:12:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">No ensino, o problema principal não está ao nível...<br /></span>20-11-2006 11:49:00<br />20-11-2006 13:11:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Mesmo um país como o nosso, onde tudo é possível,...<br /></span>16-11-2006 0:28:00<br />16-11-2006 0:42:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Desconheço como funcionam os sub-sistemas focados...<br /></span>15-11-2006 17:15:00<br />15-11-2006 18:08:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Chega. Todos os portugueses, com excepção dos "jov...<br /></span>31-10-2006 11:23:00<br />31-10-2006 13:01:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Obscenidades. A Constituição da República Portuguesa...</span><br />23-10-2006 12:31:00<br />23-10-2006 13:03:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Seria interessante fazer a experiência de colocar...<br /></span>21-10-2006 14:12:00<br />21-10-2006 14:59:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">É curioso. O lançamento é um livro de Rui Cardo...<br /></span>20-10-2006 1:30:00<br />20-10-2006 17:09:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Portugal dispõe de cerca de 1000 Km de auto-estrad...<br /></span>19-10-2006 12:31:00<br />19-10-2006 12:32:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">A memória é mesmo curta - Hugo Rego...<br /></span>15-08-2006 22:53:00<br />16-08-2006 13:05:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Prémio aos infractores<br /></span>17-07-2006 19:28:00<br />17-07-2006 20:56:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Democracia<br /></span>22-06-2006 12:29:00<br />22-06-2006 14:19:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Que fazer?<br /></span>12-06-2006 1:58:00<br />12-06-2006 22:55:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Tribunal afunda-se...<br /></span>05-04-2006 12:51:00<br />05-04-2006 14:02:00<br /><br /><span style="color:#3366ff;">Subsídios do Estado insuficientes?<br /></span>12-04-2004 20:14:00<br />13-04-2004 13:29:00Anonymousnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-80853720203673186612007-11-04T10:38:00.000+00:002007-11-04T11:04:35.415+00:00NOTAS DISPERSAS“Tinha a intenção de lhe escrever em finais de Julho, mas o anúncio das suas férias fez-me esperar cerca de um mês. Ainda bem, ou melhor, ainda mal que esperei, pois o fim do Verão trouxe dois reforços ao motivo da minha reclamação.<br />Começo pelo princípio. Em 28 de Julho de 2007, Luís Filipe Sebastião, em apreciação no ‘Fugas’ ao BMW 120D, escrevia um texto com o título ‘<em>Vai uma corridinha no IC19?</em>’. No desenvolvimento atirou pérolas do calibre que se segue: <em>‘(...) com os seus fogosos 177 cv, é o desportivo ideal para acelerar longe dos radares (...)</em>’, ‘<em>Para os atrevidotes kitados que gostam de cheirar a traseira alheia basta pisar a fundo e vê-los desaparecer pelo retrovisor</em>’. Entretanto, em 25 de Agosto de 2007, Maria Lopes continuou o lançamento de pérolas. Sobre o BMW 335i Cabrio, e sob o título ‘Eu, pecadora, me confesso’, ditou de sua lavra: ‘<em>Ao volante deste 335i, às malvas os limites de velocidade, a condução certinha, a poupança de combustível e a capa de menina bem comportada e mãe de família responsável!</em>’<br />Adiante, acrescentava: ‘<em>E basta carregar no acelerador, que a caixa automática tudo resolve, suavemente.</em>’ A seguir, elogia as ‘performances’ da máquina: ‘(...) <em>fazendo escorregar o alcatrão sob as jantes como um cronómetro...</em>’, etc.; ‘<em>Cá na terra, fará valores mais próximos dos 14 litros (vá... 15.2 depois de alguns apertos no pedal da direita)</em>’.<br />Em 1 de Setembro de 2007, a mesma senhora continua no tom que parece ser o seu. Com comiseração, sobre o Chrysler Sebring 2.0 CRD Limited, comenta: ‘<em>São apenas 140 cv às 4000 rpm, e que têm que alavancar um peso de mais de 1600 quilos, o que não ajuda a pintar um quadro bonito na cidade. Em estradas campestres com curvas, o desempenho melhora, sobretudo se o condutor for pacato ou pelo menos cumprir as regras de trânsito.</em>’<br />Penso que, depois destes nacos de prosa, qualquer comentário será redundante – eles falam por si. Sinto dificuldade em fazer os comentários, pois se alguém deles precisa então dificilmente os entenderá. Convidar, num título, a uma corridinha no IC19?! Aprimorar o texto com proposta de aceleração longe dos radares?! Mandar às malvas os limites de velocidade?! E o mesmo para a condução certinha e a poupança de combustível?! Fazer sucessivas piscadelas de olho ao afundar do pedal direito?! Ter dó de 140 cv em cidade, cujo máximo legal é de 50km/h?! Olhar<br />condoidamente os ‘<em>pacatos</em>’ condutores ou, pelo menos, os que cumprem as regras de trânsito?!<br />Não sei o que diz, a este propósito, a lei portuguesa, mas talvez noutros países juízos deste tipo sejam considerados aliciamentos à transgressão, alguma dela do foro criminal.<br />Já agora, por que não mandar às malvas os limites de álcool no sangue? É que, tenho a certeza, com esses limites ultrapassados, os convites dos jornalistas teriam maior e mais entusiástica recepção, inclusive por parte dos pacatos condutores como eu. E se a ‘<em>mãe de família<br />responsável</em>’ lhe vê morrer um fi lho numa corridinha no IC19 que mandou às malvas os limites de condução?<br />Senhor provedor, a presente [carta] vai longa, pelo que peço desculpa. Mas não me contive perante um estilo delinquente que, aliás, não é de agora no ‘Fugas’. Espero que, ao menos, possa contribuir para que o ‘PÚBLICO’ introduza regras neste tipo de comentário irresponsável e perigoso”, <strong>escreve A. Joaquim B. F. J. Costa.</strong><br /><br /><strong>O provedor ignorava a existência do verbo “</strong><em>alavancar</em><strong>”.<br />As expressões</strong> “<em>Vai uma corridinha no IC19?</em>” <strong>e</strong> “<em>às malvas os limites de velocidade</em>”, <strong>por exemplo, são incorrectas. É opinião, não é jornalismo. A imprensa deve, por outro lado, promover uma cultura de cidadania. A estrada partilha-se, não se conquista (sobretudo num país como Portugal). É desnecessário epilogar.</strong><br /><strong></strong><br /><strong>SÃO JANEIRO</strong><br />“O PÚBLICO conseguiu hoje atingir o máximo do delírio, da incompetência, da incultura. Numa notícia sobre uma deslocação de Bento XVI a Nápoles, a cidade do ‘milagre’ do sangue de ‘San Gennaro’, escreve-se que ‘<em>O chefe da Igreja Católica almoçou com os dignitários participantes antes de se recolher, em oração, junto das relíquias de São Janeiro, patrono da cidade’.<br />Pobre São Januário, que mal fizeste para merecer isto?</em>”, <strong>pergunta João Vasconcelos</strong> <strong>Costa.</strong><br /><br /><strong>O leitor de Carcavelos tem razão.<br />O despacho da agência noticiosa Lusa referia</strong> <em>“... onde venerará as relíquias do patrono da cidade, São Genaro, regressando em seguida a Roma</em>”.<br /><strong>É provável que o PÚBLICO tenha reproduzido um despacho em francês da Agência France Presse. O jornalista traduziu erradamente</strong> “<em>Saint Janvier</em>”<strong> por</strong> “<em>São Janeiro</em>”.<br /><br /><strong>SANÇÃO E DALILA</strong><br />“Vários leitores têm chamado a atenção para os erros ortográficos no PÚBLICO. No de hoje (22/10/07), encontro (eventualmente) mais dois: pág. 8 P2, ‘Sanção e Dalila’ em vez de ‘Sansão e Dalila’ e, no editorial, pág. 42, ‘interdita’ como particípio passado, quando este verbo não terá<br />particípio passado irregular (não confirmei).<br />Concordo que seja utópico eliminar totalmente os erros ortográficos de um jornal. No entanto,<br />nalgumas áreas (títulos, editoriais) fica francamente mal eles existirem. Nos editoriais dos últimos meses recordo alguns, todos do mesmo género (palavras que existem em português, não sendo detectadas pelo corrector ortográfico, mas que não são as aplicáveis à situação): concelho/conselho; censo/senso; afecto/afectado; descriminar/discriminar.<br />O PÚBLICO deveria ter um revisor literário (um ser humano) para rever títulos e peças mais importantes e dar formação contínua. Alguns dos erros que apontei são muito frequentes, não só no PÚBLICO. A menos que considerem aceitável o nível de erros verificado face aos custos que a sua baixa implica”,<strong> escreve Bruno Dimas.</strong><br /><strong></strong><br />“Sanção e Dalila”: <strong>a formulação da legenda é incorrecta. É muito provável que se trate de uma gralha.<br /></strong>Interdita: <strong>O verbo interdizer, que significa o mesmo do que interditar (ou seja: proibir, vedar; impor uma proibição, um impedimento, uma interdição), tem como particípio passado interdito (<em>in</em> Ciberdúvidas da Língua Portuguesa).<br />Já o particípio passado do verbo interditar é interditado.<br />A confusão do leitor está, pois, em julgar que na frase em análise se usou o adjectivo verbal interdito como particípio passado de interditar.</strong><br /><br />P.S.: <strong>Decidi cessar o mandato de provedor do leitor do PÚBLICO no próximo dia 25, um mês antes da data prevista. É uma opção pessoal.</strong><br /><br />O endereço electrónico do provedor é: provedor@publico.ptAnonymousnoreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-77592720885437843252007-10-28T11:15:00.000+00:002007-10-28T11:38:43.487+00:00O OVO DA SERPENTE<strong>A secção Blogues em Papel, do P2, intitulada</strong> “Vandalização de cemitério judaico” <strong>(9/10/2007) motivou uma reclamação.<br /></strong><br />“Venho apresentar o meu mais veemente protesto pelo facto de o PÚBLICO divulgar blogues racistas de extrema-direita que procuram confundir criminosos com pretos. O PÚBLICO reproduz o texto do blogue Lusitânea (http://cobracascavel007.blogspot.com): ‘<em>Mais valor do que um morto português</em>’.<br /><br />É um artigo pouco dignificante que ultrapassa, decididamente, os limites do aceitável, mas... Agora, ao consultar o referido blogue, deparo-me com um artigo de teor racista, onde se lê explicitamente: ‘<em>Enquanto que o estado, com os meus impostos subsidia uma longa lista de organizações que visam acolher, defender e integrar os descamisados do mundo, quase com ameaças a quem disso discordar, entre os quais vêm como a experiência demonstra, muitos criminosos e assassinos</em>.’<br /><br />Só posso concluir uma de duas coisas: ou o PÚBLICO alberga nos seus quadros indivíduos que incitam ao racismo, ou tem consigo incompetentes e desleixados. Como não acredito nesta segunda hipótese, sugiro que vejam bem quem têm a trabalhar convosco.<br /><br />Deixo um pedido: por favor, leia o artigo intitulado ‘<em>Portugal a cloaca do mundo</em>’, que tenta dar a entender (implicitamente) que não deveríamos ter pretos entre nós, como se entre os brancos não houvesse criminosos. Verá que não há exagero da minha parte”, <strong>escreve N., um leitor de Santarém que solicitou o anonimato. </strong><br /><br /><strong>O Lusitânea contém essencialmente textos (repletos de erros de português e de gralhas) sobre política, criminalidade, propaganda do Partido Nacional Renovador (PNR) e fotografias de mulheres nuas.<br /><br />Eis os objectivos do referido blogue</strong>: “<em>Bota-abaixo para tudo o que seja escumalha e abandalhador da NAÇÃO. Sem interesses particulares a defender. Apesar de tudo obscuro, não invejoso, defensor das hierarquias meritórias, sem loja, partido e até religião embora estatisticamente católico. Implacável para inimigos e cumpridor de promessas. De certa maneira adepto do olho por olho...</em>”<br /><br /><strong>O perfil do autor anónimo do Lusitânea é esclarecedor:</strong> “<em>Adepto do portuguesismo baseado ÚNICAMENTE em laços sanguíneos. Portanto visceralmente contra o multiculturalismo baco originador do maior dos males da nossa história futura.</em>”<br /><br /><strong>Solicitei, portanto, um esclarecimento a José Manuel Fernandes.</strong><br /><br />“Vale a pela, antes do mais, recordar a filosofia da secção Blogues em Papel. Ela não se destina a ‘divulgar blogues’, antes a seleccionar de entre os milhares de blogues que existem passagens reveladoras de todo o tipo de formas de pensar e de intervir nesse espaço de todos que é a blogosfera. Para o melhor e para o pior.<br /><br />Por isso, todos os dias se escolhe um tema de actualidade e procura-se, nos blogues, o que foi escrito sobre ele.<br /><br />No dia em questão o tema escolhido foi o da cerimónia que decorreu no cemitério israelita de Lisboa, cerimónia de repúdio pela sua profanação por grupos neonazis. O PÚBLICO deu a tal cerimónia grande relevo (que passou por lhe dedicar a foto de primeira página) e eu próprio, que estava encarregue do fecho daquela edição, desloquei-me ao local e, depois, escrevi um editorial sobre cujo sentido julgo ser difícil ter dúvidas.<br /><br />Entre os diferentes extractos de posts editados no dia 9 de Outubro, encontrava-se o seguinte: ‘<em>Tanto governante e político a desagravar uma indignidade criminosa que, contudo, temos que comparar com aqueles mortos excombatentes abandonados nos sertões africanos onde tudo é possível e onde ninguém se queixa. Portanto os nossos mortos são uma merda comparados com mortos judeus. Somos inferiores e quem o diz são os representantes e governantes eleitos pelos portugueses. Ao desvalorizarem, pelo abandono, os nossos mortos e se encarneiram neste tipo de desagravos só podemos concluir que deviam andar a governar noutras paragens...</em>’<br /><br />O post fora retirado do blogue http://cobracascavel007.blogspot.com, e não seria necessário ler muitos outros textos desse blogue para se perceber que o seu autor, apesar da muita confusão que lhe deve ir na cabeça, ao revelar, no seu perfil, que os seus livros preferidos são os de Sun Tzu, Maquiavel, Clausewitz e António Sérgio (uf!), é seguramente um personagem de extrema-direita, ‘nacionalista’ como se apresenta, racista e anti-semita, como se deduz do que escreve.<br /><br />Contudo, pessoas que pensam assim existem. Tanto existem que o cemitério judaico foi profanado. Ora, existindo, é necessário que se saiba isso mesmo: que existem, não são invenções. E que utilizam espaços como a blogosfera, para espalhar as suas ideias. Pessoalmente, acho-as detestáveis, mas isso nunca justificaria omiti-las. Como director do jornal, entendo que existe a obrigação de, ao revelar que existem, permitir que os leitores ajuízem. Isso é informar, não é propagandear. O jornal dá conta do que se escreveu, naquele dia, naquele blogue: informa. O mesmo jornal reflecte sobre o fenómeno em editorial: ajuda o leitor a pensar.<br /><br />É assim que entendo o jornalismo e a liberdade de expressão: não se omite o que existe, mesmo que não apreciemos o que vemos, ouvimos ou lemos; não se omite o que se pensa, mesmo que não se pretenda endoutrinar ninguém, antes suscitar o debate, a reflexão e também a atenção relativamente a fenómenos extremistas. Mais: se fosse explorar até aos limites o que se escreve em cada um dos blogues citados naquele dia, encontraria facilmente muitas outras barbaridades, algumas de sinal oposto (dei-me a esse trabalho, para responder ao provedor). Mas, no PÚBLICO, se não publica uns e omite outros em função daquilo que pensamos: permite-se ao leitor ajuizar. Foi o que fez este leitor. Bem, a meu ver. Mais: e ainda bem que tomou conhecimento da existência daquele blogue, sobretudo se entende que as ideias nele defendidas são perigosas. Tem uma oportunidade de as combater, não impedindo-as de se exprimir, mas explicando como são terrivelmente erradas.<br /><br />É assim que actuam os que acreditam na democracia e na liberdade: lutam pelas suas ideias em terreno aberto, não tentam amordaçar as ideias diferentes. Até porque isso é perigoso, como o passado sobejamente prova. É melhor saber onde está o ovo da serpente do que fingir que ele não existe...”, <strong>respondeu o director do PÚBLICO.</strong><br /><br /><strong>O Lusitânea confunde ideias e géneros. É, decididamente, um blogue anti-social. Os comentários apresentados não deixam margem para dúvidas:</strong><br /><br />“<em>Eu acho sinceramente que Portugal precisa urgentemente duma nova PIDE face à desagregação nacional e ao abandalhamento das instituições, o que a não ser feito vai mais tarde ser muito mais doloroso...</em>”<br /><br />“<em>A malta do antigamente só está à espera do momento fatal do total desmoronamento desta bandalheira democrática... gays, lésbicas, aborto, anticlericalismo militante, desemprego, imigração descontrolada, nacionalização de qualquer bicho careta que aqui apareça.</em>”<br /><br /><strong>É importante situar a divulgação do blogue Lusitânea no seu contexto: trata-se de uma secção específica (cuja existência é, talvez, questionável) do PÚBLICO onde são publicadas, prioritariamente, ideias contraditórias e, por vezes, antagónicas.</strong><br /><br /><strong>O Lusitânea é revelador do mal-estar profundo sentido por parte do tecido social português: espelha os temores dos que se sentem desprotegidos, marginalizados, excluídos, ou até, por vezes, defraudados, os cidadãos mais permeáveis às ideologias da frustração.<br />É possível que o leitor possa ter razão quanto à forma, mas quanto ao fundo um “outro valor mais elevado</strong> <strong>se levanta”: o da liberdade de expressão, um dos pilares fundamentais das sociedades democráticas. E esse valor prevalece. Mesmo quando dá voz aos adversários da democracia, está a respeitar a essência dessa mesma democracia.<br />Assim sendo, os argumentos de José Manuel Fernandes são aqueles com os quais o provedor se identifica.</strong>Anonymousnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-15380785209465213382007-10-21T01:20:00.000+01:002007-10-21T01:37:22.214+01:00NÚMEROS E CULTURA“Com reserva, por receio de cometer injustiças, passo a referir algumas situações que considero menos apropriadas num jornal como o PÚBLICO:<br /><br />1. Na edição de 5 de Outubro de 2007, página 19, podemos ler o título de uma notícia: ‘Iraque vai comprar 100 milhões de armas à China para equipar a polícia’. No início do texto somos confrontados com o seguinte: ‘O Iraque encomendou equipamento militar no valor de 100 milhões de dólares...<br /><br />Noticiar que um país vai comprar 100 milhões de armas é algo que a poucos lembraria. Quantos polícias existirão no Iraque? Quantas armas seriam entregues a cada um? Um número tão elevado de armas não chamou a atenção do editor/revisor?<br /><br />2. Edição de 6 de Outubro de 2007, página 4 do P2: Os diamantes e a globalização: ‘.... - e empresas de delapidação espalhadas por todo o mundo’.<br /><br />Segundo o dicionário que tenho à mão, ‘delapidar’ significa, entre outras coisas ‘gastar sem regra; dissipar; esbanjar’. A palavra correcta que o autor/tradutor do texto devia utilizar seria ‘lapidação’, que significa ‘talhar e polir as facetas das pedras preciosas, ...’. Não tenho dúvidas de que muitas das empresas que se dedicam à exploração dos diamantes também delapidam as riquezas dos países onde actuam. Lapidar também significa matar à pedrada. Não se deseja tal sorte para o autor do texto.<br /><br />3. Edição de 7 de Outubro, página 12 do P2: agradecendo o texto dedicado à biografia de Shakespeare, devo fazer um reparo relativamente ao critério de edição utilizado. Existe um título intermédio (‘108 plantas e 60 pássaros’) que corta o texto anterior, no qual se fala da casa onde viveu o dramaturgo e cujo teor continua depois deste corte gráfico. Creio que deveria ter sido colocado mais abaixo, antes do parágrafo que começa com ‘Por isso o mundo natural...’. Quanto aos pássaros não há, no texto restante, qualquer referência às espécies citados pelo autor Isabelino. Falta de espaço?<br /><br />4. Por último e escrevendo de memória: na época estival (Agosto?), foi dedicado um artigo ao recentemente falecido barão de Rothschild, no qual se diz que o mesmo foi evacuado, durante a 2ª Guerra Mundial, a partir de Dunkirk. O autor da tradução, talvez por desconhecer a história do acontecimento em causa, ignorou que a evacuação da tropa inglesa e outros fugitivos, se efectuou em Dunquerque, cidade francesa. Quando li Dunkirk (grafia inglesa de Dunquerque?) pensei tratar-se de um topónimo irlandês...”, <strong>escreve José Maria Faria Martins, um leitor de Peso da Régua.<br /><br />O leitor tem razão.<br /></strong>— “Iraque vai comprar 100 milhões de armas à China para equipar a polícia”: <strong>o título está mal formulado. Trata-se de 100 milhões de dólares, não de 100 milhões de armas.<br /></strong>— “empresas de delapidação espalhadas por todo o mundo”: <strong>a “chamada” incorrecta assemelha-se a uma gralha (que o PÚBLICO não detectou).<br /></strong>— “108 plantas e 60 pássaros”: <strong>não há qualquer referência a pássaros no texto publicado. É um mistério.<br /></strong>— “Dunkirk” <strong>é a formulação inglesa do francês “Dunkerque”, uma cidade situada a aproximadamente 300 quilómetros de Paris. O texto de Adam Bernstein (do jornal The Washington Post), publicado no dia 17 de Junho de 2007, foi mal traduzido, obviamente.<br /></strong><br />“Na página 11 do P2 de 31.7.2007 consta que a família Polanco tem a terceira maior fortuna de Espanha, avaliada em cerca de 2,2 milhões de euros.<br />Esta informação repete-se na 2ª coluna.<br />Saberá Anabela Campos quanto são 2,2 milhões de euros?”, <strong>pergunta bepiol@...<br /><br />O leitor tem razão. Não são 2,2 milhões, mas 2.200 milhões (segundo a revista Forbes). E, por outro lado, não era a fortuna da família Polanco, mas a de Jesús de Polanco Gutiérrez. É um detalhe, mas no jornalismo o rigor e a precisão contam...<br /></strong><br />“Notei um pequeno ‘grande’ erro na notícia publicada (28 de Setembro de 2007) pelo jornalista Sérgio Aníbal com o título ‘Governo corta previsão para o investimento em 330 milhões de euros’.<br /><br />O erro encontra-se no segundo parágrafo: ‘No relatório dos défices excessivos que será enviado a Bruxelas e que ontem foi divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o Governo corrigiu as suas anteriores estimativas, feitas em Março, para as contas públicas de 2007 (o único ano do reporte que ainda não é da responsabilidade do INE).’<br /><br />Penso que a palavra ‘<em>reporte</em>’ não existe em português, apenas em brasileiro fruto do inglês ‘report’. Das duas uma, ou o jornalista Sérgio Aníbal é brasileiro ou ao traduzir uma referência encontrada em inglês traduziu incorrectamente ‘report’ para ‘<em>reporte</em>’ ao invés de ‘relatório’. Note-se que no início do parágrafo o jornalista utilizou a palavra correcta, portanto penso tratar-se de um lapso. Há que ter mais cuidado”, <strong>adverte Paulo Sebastião.<br /></strong><br /><strong>O leitor tem razão.<br /></strong><br />“Já tenho notado que os números não são o ‘forte’ dos jornalistas; mas na edição de hoje (9 de Outubro de 2007) o PÚBLICO ultrapassa os limites.<br /><br />Na página 18 – Mundo – uma informação sobre Costa Rica indica que o resultado da consulta sobre o tratado do comércio livre teve o seguinte resultado: 51,8% sim, 48,42% não… Somando, chega-se a 100,22% total.<br /><br />Na página 40 – Economia – as tabelas do Euronext Lisboa, estão baralhadas, enquanto no mercado cambial indicam o câmbio de 09.02.07. Boa informação!<br /><br />Para acabar: na mesma página 40 sob o título Consórcio liderado por RBS assegura compra do ABN AMRO, sugeri que a jornalista Natália Faria entre em contacto com o banco alemão. Na realidade trata-se de um banco belga/holandês.<br /><br />Um pouco mais cuidado na elaboração do jornal não ficava mal”, <strong>escreve Arie Somsen, um leitor de Oeiras.<br /><br />O leitor tem razão, mas não deu conta dos erros todos.</strong><br /><strong><br /></strong>1- COSTA RICA<br /><strong>O artigo</strong> “Costa Rica aprova tratado de comércio com os EUA” <strong>está cheio de erros e contém, por outro lado, gralhas.<br /></strong>— “51,8%” <strong>dos votos</strong> <strong>+</strong> “48,42%” <strong>= 100%?;<br /></strong>— “O tratado, já aprovada ...”;<br />— “... dará à Costa Rica acesso ao mercado norte-americano”. <strong>É uma afirmação falsa. Os EUA são o único país norte-americano signatário do TLC/CAFTA</strong> <span style="font-size:78%;">(http://tcc.export.gov/Trade_Agreements/All_Trade_Agreements/CentralAmericanFreeTA.asp); </span><br />— “Os críticos dizem que a competição que vai trazer pode arruinar a bem-sucedida economia do país e pôr em risco o sistema de segurança social...”<br /><strong>Quem são os críticos, já que o jornalista anónimo não menciona uma única fonte?;</strong> “... que a competição” <strong>+</strong> “que vai”? <strong>(existem formulações melhores em Português),</strong> “bem-sucedida economia” (opinião do jornalista numa notícia?).</strong><br />2- EURONEXT LISBOA E MOEDA<br /><strong>O PÚBLICO apresentou erradamente na edição de 9 de Outubro de 2007 uma tabela cambial com oito meses (9 de Fevereiro), em vez de indicar a da véspera.<br />Arie Somsen não é a única pessoa a queixar-se dos erros relacionados com as cotações. Os problemas sucedem-se. E assemelham-se. Na passada quinta-feira, por exemplo, o leitor Mário Nunes escreveu ao provedor por causa da</strong> “trapalhada, quase diária, que se verifica nas cotações da Euronext Lisboa fornecidas pelo PÚBLICO. Hoje, por exemplo, dia 18, é uma confusão entre variações de cotação, fecho, cotações de abertura, etc, etc., para além de a Ren nem figurar no PSI 20!”.<br /><strong>É importante haver mais rigor no tratamento da economia. O rigor e a exactidão são essenciais, em todas as páginas.</strong><br /><br /><strong>3-</strong> ABN AMRO<br /><strong>A jornalista Natália Faria escreve</strong> “... pelo banco alemão Fortis”. <strong>É mais um erro. Fortis não é um banco alemão. Em 1990, uma firma de seguros associou-se a um banco, ambos eram holandeses. Posteriormente, um banco belga entrou no negócio. Fortis tem, hoje, ‘sedes’ (“head offices”) em Bruxelas e Utreque. A história da instituição pode ser consultada no seguinte</strong> <strong>endereço electrónico:</strong> www.fortis.com/general/history.asp<br /><strong>A jornalista cometeu mais erros. Confundiu, por exemplo, o número de acções.<br /></strong>PÚBLICO: “... representam mais de 1590 acções ordinárias.”<br /><strong>Trata-se, na realidade, de 1.590 milhões de acções.<br /></strong><br /><strong>Única conclusão possível: é a credibilidade do jornal que está em causa. E isso não é coisa pouca...<br /></strong><br />O endereço electrónico do provedor é: provedor@publico.ptAnonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-64683035575541782007-10-14T00:32:00.000+01:002007-10-14T00:35:12.227+01:00IN MEMORIAM“Este protesto é pela desmemória (para não dizer outra coisa…) do ‘PÚBLICO’, que ignorou a morte de duas figuras há muito desaparecidas das atenções dos ‘media’, mas que em vida foram marcantes – e cada uma à sua medida.<br />Um foi o jornalista João Coito, seguramente um dos grandes jornalistas portugueses dos últimos 50 anos. Nem quero crer que o ‘esquecimento’ do ‘PÚBLICO’ (nem uma breve!...) se deva a razões ideológicas!...<br />Até porque no extremo ideológico contrário de João Coito se encontrava a outra omissão do PÚBLICO’, a médica Julieta Gandra, falecida nessa mesmo dia. Cuja ‘importância’ histórica está só nisto: incriminada pela PIDE em 1959 foi condenada no primeiro julgamento político do nacionalismo angolano moderno – condenação essa que mobilizou a atenção e a solidariedade internacional como uma das vítimas da ditadura salazarista. A ponto de Julieta Gandra haver sido adoptada pela Amnistia Internacional como prisioneira de consciência em 1964. Mário Soares seria o outro português a quem a organização dos direitos humanos concedeu o mesmo estatuto durante o salazarismo.<br />Eu sei, todos sabemos que foi um dia de duas outras mortes bem mais mais ‘mediáticas’ (e, atenção, merecedoras do destaque que lhes foi dado!). Mas, que diabo!, ninguém na Redacção do ‘PÚBLICO’ foi capaz de redigir duas linhas que fossem em memória de João Coito e Julieta Gandra?!...<br />Nem que fosse para noticiar a hora e o local dos respectivos funerais… Mais gente ficaria a saber e, seguramente, mais gente poderia ter-lhes prestado, pessoalmente, a homenagem merecida”, <strong>escreve José Mário Costa, leitor, ex-jornalista do PÚBLICO e um dos autores do Livro de Estilo do jornal, antes de acrescentar:</strong> “Segue este outro protesto do angolano Adolfo Maria. Talvez valesse a pena distribuí-lo por essa hoje tão desmemoriada Redacção do ‘PÚBLICO’”.<br /><br /><strong>Eis o comentário de Adolfo Maria:</strong> “A MORTE DE JULIETA GANDRA NÃO FOI NOTÍCIA – Não foi notícia, na comunicação social portuguesa a morte de Julieta Gandra, a médica portuguesa incriminada pela PIDE em 1959 e condenada no primeiro julgamento político do nacionalismo angolano moderno, o chamado ‘processo dos Cinquenta’ onde a par de muitos militantes angolanos figuravam alguns portugueses como António Veloso, Calazans Duarte e Julieta Gandra, que foram deportados para cadeias em Portugal, tendo os angolanos sido deportados para Cabo Verde, onde ficaram internados no campo de concentração do Tarrafal que assim reabria as suas portas em 1960, agora para outros presos políticos, os angolanos.<br />O falecimento de Julieta Gandra não foi notícia para jornais, rádios ou televisões de Portugal. Apenas a SIC passou em rodapé uma breve informação. Outras pessoas, alguma de bem menor envergadura que J. Gandra preencheram o obituário da comunicação social portuguesa.<br />Nos anos 50 do século XX, Julieta Gandra, ginecologista (especialidade raríssima na Luanda de então) atendia no seu consultório da Baixa as clientes da sociedade colonial, tirando daí os seus proventos, e, nos musseques, atendia em modesto consultório, a preço simbólico, as mulheres desses bairros suburbanos. Simultaneamente participava em actividades do Cine-Clube e da Sociedade Cultural de Angola realizando também actividade política em organização clandestina do nacionalismo angolano. Por isso foi presa pela polícia do regime salazarista, condenada a pesada pena de prisão, internada em cadeias de Portugal. Quer nos interrogatórios da PIDE, quer nas cadeias, portou-se com uma dignidade exemplar. Em 1964 foi considerada a presa do ano pela Amnistia Internacional<br />Esta breve resenha da vida cívica de Julieta Gandra cabia em qualquer jornal ou bloco informativo de rádio ou televisão, mas os profissionais da comunicação social, sem brio nem remorsos, omitem uma curta e última referência a esta médica portuguesa que foi marco na luta pela liberdade da Mulher e dos Povos.”<br /><br /><strong>Solicitei um esclarecimento ao director.</strong><br /><br />“Infelizmente nem sempre o espaço físico do jornal permite dar notícia de tudo. Nesse dia foi necessário mudar duas vezes a distribuição de publicidade no jornal (fazendo desaparecer, por exemplo, a fotografia das centrais) para conseguir arranjar mais espaço para as secções Portugal e Mundo. Houve opções a fazer e muita informação que fomos dando ao longo do dia no Última Hora não pode ser retomada na edição impressa.<br />No caso concreto dessas duas mortes não houve nenhuma falha de memória, pois os editores conheciam tanto João Coito como Julieta Gandra. Sem possibilidades de responder de forma adequada, no dia seguinte, a esses dois desaparecimentos, foi debatida a hipótese de encontrar quem escrevesse, nos dias seguintes, um obituário de qualidade. Trata-se de uma fórmula habitual na imprensa anglo-saxónica, que já adoptámos por mais de uma vez no P2, e que permite tratar a morte de figuras menos conhecidas do grande público sem as limitar a um curto registo em cima do acontecimento, antes acrescentando valor, mesmo que publicando os textos mais tarde, às semanas depois. No momento em que respondo ao Provedor não sei se já se encontrou alguém para realizar esses trabalhos”, respondeu José Manuel Fernandes.<br /><br /><strong>As justificações estão dadas.<br />O director do PÚBLICO garante que</strong> “não houve nenhuma falha de memória”. <strong>Os desaparecimentos não terão sido noticiados por falta de espaço.<br />Como não foi possível</strong> “responder de forma adequada” <strong>no dia a seguir, “foi debatida a hipótese de encontrar quem escrevesse, nos dias seguintes”, acrescenta José Manuel Fernandes. Mas o</strong> “obituário de qualidade” <strong>previsto também não foi feito.<br />Conclusão: o PÚBLICO nada fez.<br />Só resta, portanto, ao provedor invocar o bom velho ditado português: “mais vale tarde do que nunca”...<br /></strong><br />O endereço electrónico do provedor é: provedor@publico.ptAnonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-18297864723858906802007-10-07T00:02:00.000+01:002007-10-07T00:19:16.130+01:00A ONDA DO DEIXA ANDAR“Se tiver tempo e quiser documentar-se sobre uma reclamação que fiz por causa do texto que acompanha a fotografia de surf das páginas centrais do PÚBLICO de um dia destes (<em>25 de Setembro de 2007, ndp</em>), aconselho-o a dar um salto ao blogue mais visto pela comunidade portuguesa do surf (<em>http://www.ondas.weblog.com.pt/</em>) onde há um conjunto de comentários bem mais ácidos que o meu. Vale o que vale, mas também não lhe toma muito tempo”, <strong>escreve Henrique Pereira dos Santos, um leitor de Lisboa.<br /><br />O provedor consultou, portanto, o referido blogue.<br /></strong><br />“Há uma velha anedota que diz que só acredita nos jornais quem nunca leu uma notícia sobre si próprio. A generalização pode parecer perniciosa, mas no fundo é verdadeira. E nem sequer vale a pena tentar entender quem são os culpados desta dura realidade. O lodo já inquinou totalmente as águas. Hoje em dia, os chamados Órgãos de Comunicação Social de referência, quer sejam jornais, televisões ou rádios, são nada mais do que empresas, cujo lucro advêm da venda de algo parecido com notícias. O PÚBLICO de hoje faz uma página central com uma foto de um surfista e com o seguinte texto não assinado:<br /><br />‘<strong><em>Hossegor, à excepção dos surfistas e de quem passa férias naquela terra, não deve ser conhecida por mais ninguém. Agora, e até ao dia 30, é o centro do mundo para os melhores surfistas. Hossegor fica em França, na verdade no sul de França, perto de Biarritz e muito perto da fronteira com Espanha. Pelos vistos, tem boas ondas, proporcionadas pelo Mediterrâneo. No Quiksilver Pro France estão, por exemplo, Kelly Slater, Mick Fanning, Andy Irons e Tai Burrow, só para citar alguns. Portugal, como é um país com tradição de mar, também está representado por Tiago ‘Saca’ Pires. Todos estão lá para apanhar a melhor onda, para desafiar, para apanhar o melhor tubo. Um estranho bailado com as ondas que passou a fazer parte da paisagem de qualquer praia. Onde houver uma boa onda lá estará um surfista, pelo menos. E gente que gosta de ver quem se põe em cima de uma prancha, num estranho equilíbrio que termina sempre dentro de água. O mar sempre atraiu os homens. Sabia que os primeiros registos europeus, segundo a Wikipédia, chegam ao século XVIII? Nessa altura, fazia parte da cultura indígena do Havai. Hoje é um desporto e um negócio. E dá sempre belíssimas imagens. E vontade de experimentar aos que estão em terra</em>.</strong>’<br /><br />Se o ridículo matasse, o pobre estagiário que escreveu estes miseráveis pedaços de prosa, mais o editor que não os reviu, mais o director que nem sabia que tal se passava, mais o dono da empresa que é dona do jornal que apenas manda que não se gaste mais do que x euros por mês na trapalhada toda, estavam todos mortos.<br /><br />Avancemos para um pouco de semiótica:<br /><br />‘Hossegor, à excepção dos surfistas e de quem passa férias naquela terra, não deve ser conhecida por mais ninguém’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>primeira demonstração de absoluta ignorância por parte do autor do texto, Hossegor é uma das mais conhecidas regiões de veraneio da França</strong></span>). ‘Agora, e até ao dia 30, é o centro do mundo para os melhores surfistas’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>não é nem o centro nem a periferia, é apenas mais uma paragem no movimentado e global ‘circuito da cerveja’</strong></span>). ‘Hossegor fica em França, na verdade no sul de França, perto de Biarritz e muito perto da fronteira com Espanha’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>até aqui tudo bem</strong></span>). ‘Pelos vistos, tem boas ondas, proporcionadas pelo Mediterrâneo’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>Mediterrâneo? Aqui o desvario atinge o limite máximo, o Mediterrâneo, meu amigo, fica do outro lado…</strong></span>). ‘No Quiksilver Pro France estão, por exemplo, Kelly Slater, Mick Fanning, Andy Irons e Tai’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>sic</strong></span>) ‘Burrow, só para citar alguns. Portugal, como é um país com tradição de mar’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>ou o que quer que isso signifique…</strong></span>), ‘também está representado por Tiago “Saca” Pires’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>não está, esteve nos trials, mas o Tiago perdeu e quem representou o multi-culturalismo nacional foi o luso-germânico Marlon Lipke, mas esse o ‘jornalista’ certamente nem faz ideia de quem seja…</strong></span>). ‘Todos estão lá para apanhar a melhor onda, para desafiar’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>???</strong></span>), ‘para apanhar o melhor tubo’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>liberdade poética…</strong></span>). ‘Um estranho bailado com as ondas que passou a fazer parte da paisagem de qualquer praia’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>libertinagem poética sob influência de demasiados episódios dos Morangos com Açúcar…</strong></span>). ‘Onde houver uma boa onda lá estará um surfista’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>plágio descarado do ONDAS?</strong></span>), ‘pelo menos’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>pelo menos? Pelo menos? Mas que raio é que este ‘pelo menos’ quer dizer???</strong></span>). ‘E gente que gosta de ver quem se põe em cima de uma prancha, num estranho equilíbrio que termina sempre dentro de água’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>duh, se não terminasse dentro de água terminava onde?</strong></span>). ‘O mar sempre atraiu os homens. Sabia que os primeiros registos europeus, segundo a Wikipédia’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>é sempre uma garantia de credibilidade citar a Wikipédia…</strong></span>), ‘chegam ao século XVIII? Nessa altura, fazia parte da cultura indígena do Havai. Hoje é um desporto e um negócio. E dá sempre belíssimas imagens’ (<span style="color:#3333ff;"><strong>e maus textos…</strong></span>). ‘E vontade de experimentar aos que estão em terra’.<br />A mim dá-me vontade de pregar uma boa amona a estes jornalistas que nem sequer sabem ler os comunicados das agências, que não se esforçam por investigar um mínimo para os parágrafos que escrevem e aos editores deste jornais ditos sérios que não passam de folhas de couve armadas em influentes que distorcem e vilipendiam a realidade mais simples.<br />Assim vão as glórias do mundo”.<br /><br /><strong>Eis alguns excertos dos comentários “bem mais ácidos”:</strong><br /><strong><br /></strong>“A única coisa que se safa no artigo é a fotografia. lol”, <strong>escreve Sheesh Kabob.</strong><br /><strong><br /></strong>“gosto particularmente da parte em que se fala de os primeiros registos europeus da atracção do homem pelo mar datarem do século XVIII (segundo a wikipedia, é claro). é q é isso que de facto lá está escrito. é espantoso como é q o PÚBLICO sistematicamente permite que sejam publicados disparates de todo o tamanho, neste caso numa dupla, sem que ninguém reveja, edite ou sequer pense um segundo sobre o q está escrito. Jornalismo de referência?”, <strong>escreve PAS.</strong><br /><strong><br /></strong>“Pois bem...neste caso, este artigo do ‘fidedigno’ e ‘Honorável’ jornal o ‘PÚBLICO’, vai entrar no rol das maiores baboseiras JAMAIS escritas e veiculadas ao nobre desporto do príncipe Duke Kahanamoku!<br />O incauto jornalista (!!??) consegui trespassar em larga escala a barreira do ridículo, chegando a ser tragicómico na sua pérola jornalística!<br />O pináculo da peça foi quando ele fala no Mediterrâneo HAHAHAHAHHAHAHA!<br />Esta foi inequivocamente a maior aberração já lida por mim, nesses anos todos como fiel acompanhante da imprensa escrita, no que concerne ao nosso querido amado desporto!<br />Uma pérola sem igual que ficará nos anais do desporto, e que dificilmente vou esquecer-me...”, <strong>escreve Pontinha Star.</strong><br /><strong><br /></strong>“É um artigo cheio de pormenores deliciosos, que li como se de um pedaço de comédia se tratasse!<br />É que até nos créditos que dão à fotografia foram capazes de escrever em vez de ASP – AFP.<br />É genial! Deve estar a trabalhar com o Herman José dentro de pouco tempo”, <strong>escreve Dias..</strong><br /><strong><br /></strong>“Veremos o que acontece. O jornalismo de referência não se distingue do resto por não ter erros mas sim por procurar detectá-los e corrigi-los”, <strong>conclui o leitor Henrique Pereira dos Santos.<br /><br />O jornal publicou um dia depois uma nota“O PÚBLICO errou”:</strong> “Hossegor, a estância francesa de surf na região de Biarritz, fica próxima da fronteira espanhola mas é banhada pelo oceano Atlântico e não pelo Mediterrâneo, como ontem erradamente se escreveu na legenda da foto das páginas centrais.”<br /><strong>A “legenda” de 212 palavras contém erros factuais, incoerências, recurso à “fonte” wikipedia, etc.<br /><br />O surf é só um desporto, mas é certo que estes erros são preocupantes. Podem deixar presumir que o conjunto das matérias noticiadas no jornal contém inúmeros erros. Ora, como se sabe, qualquer generalização é perigosa.<br />Quanto ao caso concreto em apreço, o provedor só pode concluir que o leitor tem razão. O PÚBLICO errou. E aquilo que está em causa – repito – não é apenas a localização geográfica de Hossegor... </strong>Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-21971204306818111162007-09-23T01:26:00.001+01:002007-09-23T01:34:53.049+01:00O PROVEDOR DOS PORMENORES“Não sei se é inédito, mas não deixará de ser original: o PÚBLICO tem um artigo, na página 6, onde dá conta da publicação, na mesma edição, de um artigo de opinião de Manuel Alegre, fazendo notícia sobre o mesmo, com citações. Ainda pensei que eram declarações do próprio a justificar ou a acrescentar algo sobre o seu próprio artigo, o que seria aceitável, até para contextualização. Mas não. São meros extractos do artigo que surge na íntegra mais à frente.<br />Se o modelo pega, teremos no futuro notícias na página 2 sobre uma notícia da página 3 e assim sucessivamente. Uma coisa será dar destaque (estava na capa) ou chamadas no início dos cadernos/secções. Agora, um texto supostamente noticioso?<br />Aqui parece um texto da agência Lusa, o que até poderia ser, mas para uso externo, não?<br />Já agora uma questão: o destaque triplo (artigo + texto pág. 6 + capa) ao artigo de Manuel Alegre deve-se apenas a critérios jornalísticos (que existem, obviamente) ou não se deverá tal destaque ao facto de ser um artigo que avaliza a posição do jornal (ou da sua direcção) na ‘luta’ que tem travado contra a ERC e as medidas do ministro Santos Silva/Governo Sócrates?<br />Isto é, teria o jornal dado igual destaque, caso não estivesse envolvido nessa luta, caso não obviamente concordasse com o teor do artigo? Suponho que não. Mas, não seria então preferível assumir essa posição e, no editorial de hoje, dizer isso mesmo, que o PÚBLICO se congratulava por a sua posição que vem sustentando ao longo dos últimos meses ser sustentada e reforçada por um destacado dirigente socialista como Manuel Alegre, cujos pergaminhos democráticos e de lutador pela liberdade, etc.? Era mais transparente”, <strong>escreve Gabriel Silva.<br /></strong><br /><strong>Eis o início do artigo de Sofia Branco, publicado (27/07/2007) na página 6:</strong> “’Agora e sempre contra o medo, pela liberdade.’ Assim termina o artigo de Manuel Alegre hoje publicado na íntegra pelo PÚBLICO, no espaço reservado à opinião.”<br /><strong>A notícia resume o essencial do texto de opinião, necessariamente. Esta repetição faz sentido?<br />Solicitei, portanto, um esclarecimento ao director.<br /></strong><br />“Há dois pontos distintos na queixa do leitor. O primeiro, sobre a oportunidade da notícia editada na página 6 dessa edição. O segundo sobre o destaque dado ao texto de Manuel Alegre.<br />Relativamente ao primeiro houve um erro de edição. A ideia inicial era partir do texto de Alegre para, ou através de reacções de pessoas a quem ele fosse dado a ler, ou enquadrando o seu conteúdo, relacionando-o com a actualidade política, questionar a sua importância. Não devia ser um resumo do texto, mesmo que pudesse citá-lo, antes uma peça jornalística que recordasse aos leitores anteriores posições do deputado, o seu relacionamento com o actual e anteriores primeiro-ministros e onde se fizesse uma antevisão, se possível com testemunhos em discurso directo, do seu impacto no grupo parlamentar e no interior do PS. Não tendo sido possível, naquele dia, fazer um trabalho que era algo complexo, a opção correcta devia ter sido não publicar aquele texto que é, de facto, apenas um resumo do texto de Manuel Alegre.<br />Já quanto ao destaque dado ao artigo, ele era absolutamente justificado. Manuel Alegre optara pelo silêncio desde que, nas eleições presidenciais, obtivera um resultado surpreendente, que o colocou bem à frente do candidato oficial do PS, que era Mário Soares. Quebrou-o com declarações muito duras sobre algumas políticas do Governo. Como figura histórica do partido, cujo peso na sociedade foi confirmado nessas eleições, havia natural curiosidade em conhecer as suas posições (tanto que o jornal teve, nesse dia, um pico de vendas). Coincidem elas com as do PÚBLICO? Para além da questão de saber se o PÚBLICO tem posições para além daquelas que decorrem do seu Estatuto Editorial (onde se escreve que o jornal ‘considera que a existência de uma opinião pública informada, activa e interveniente é condição fundamental da democracia e da dinâmica de uma sociedade aberta’, a razão pela qual temos criticado as recentes medidas legislativas que consideramos afectarem a liberdade de imprensa e dos jornalistas), a verdade é que Manuel Alegre escrevia sobre muitas outras questões da política deste governo, criticando aspectos destas que, no Editorial, um ou mais directores do PÚBLICO haviam apoiado.<br />O critério para o destaque que damos a um texto de opinião (como a uma entrevista, por exemplo) é o da sua relevância e não o de concordarmos ou discordarmos do seu conteúdo. Recordo mesmo ao leitor que, em Agosto, o PÚBLICO fez uma chamada de véspera para um texto que iria publicar de Mário Soares, a criticar um editorial que eu mesmo escrevi.<br />Como se escreve também no Estatuto Editorial, o PÚBLICO ‘participa no debate das grandes questões que se colocam à sociedade portuguesa’, mas ‘sem qualquer dependência de ordem ideológica, política e económica’. Foi isso que fizemos, ao dar o destaque que demos ao texto de Manuel Alegre, com a ressalva da edição, no mesmo dia, de uma notícia que nada acrescentava de substancial”, <strong>respondeu José Manuel Fernandes.<br />O provedor não se pronuncia sobre opções editoriais, mas preza a atitude de frontalidade assumida por José Manuel Fernandes.<br />O director do PÚBLICO reconhece, por outro lado, que houve um erro de edição. É uma explicação plausível. Nada a acrescentar.<br /><br />Post-scriptum: A penúltima crónica suscitou algumas reacções, incluindo uma crítica ao trabalho do provedor.<br /></strong><br />“O provedor do leitor do PÚBLICO parece uma rabugenta professora primária, apenas preocupada com erros de ortografia e problemas de concordância. É muito pouco. Onde estão as grandes linhas de orientação do diário? Onde pára a reflexão sobre o trabalho do dia-a-dia? A teorização sobre a relação com as fontes, ou sobre os novos desafios dos media?<br />Podia ao menos questionar-se sobre a maneira como o jornal é tantas vezes usado como arma de arremesso político, ou como a opinião vem tantas vezes mascarada de informação. Podia questionar-se sobre a situação única de o director do jornal ser simultaneamente administrador da Sonae. Sobre a maneira como a maior parte dos jornalistas faz um simples ‘corta e cola’ das notícias da Lusa. Mas nem isso. Tenho pena pela oportunidade perdida.<br />Votos de continuação de um trabalho medíocre”, <strong>escreve Rui Carlos Baptista, um leitor de Telheiras (Lisboa).<br /><br />A- Os leitores escrevem ao provedor sobretudo por causa de</strong> "erros de ortografia e problemas de concordância". <strong>É lícito ignorar tais preocupações?<br />Os </strong>"erros de ortografia e os problemas de concordância" <strong>são assunto importante porque o seu número me parece excessivo.<br />Considero, por outro lado, que a imprensa tem uma responsabilidade acrescida na promoção do Português. A TV (principal fonte de informação para muitos portugueses) abdicou da Informação e da língua, ao optar pela reconhecida boçalidade que a caracteriza.<br />Os leitores e o provedor levantaram outros problemas: a condenação de pessoas na praça pública, o plágio, a confusão entre informação e publicidade, etc.<br />B- O provedor não pode pronunciar-se (ao contrário do que defende o leitor) sobre as</strong> "grandes linhas de orientação do diário". <strong>São competências exclusivas da Direcção Editorial.<br />Eis o estatuto do provedor:<br /></strong><em>“1. Avaliar a pertinência das queixas, sugestões e críticas dos leitores, produzindo as recomendações internas que delas decorrerem;<br />2. Esclarecer os leitores sobre os métodos usados e os factos relevantes envolvendo a edição de notícias que suscitem perplexidade junto do público;<br />3. Investigar as condições que levaram à publicação de notícias ofensivas dos direitos dos leitores;<br />4. Transmitir aos leitores, à Redacção ou à Direcção do PÚBLICO a sua reflexão sobre eventuais desrespeitos pelas normas deontológicas que ocorram no jornal.”<br /></em><strong>C- O leitor afirma, por outro lado, que o jornal é</strong> “usado como arma de arremesso político, ou como a opinião vem tantas vezes mascarada de informação”.<br /><strong>1- É uma acusação grave. É importante dissociar a Informação da Opinião, mas o leitor parece meter tudo e todos no mesmo saco. Rui Carlos Baptista considera, portanto, que os jornalistas do PÚBLICO são cúmplices da apregoada manipulação. É um processo de intenções. Discordo, obviamente.<br />2- A objectividade é um mito (acredito na isenção, no profissionalismo e na honestidade).<br />D- O leitor propõe:</strong> "Podia questionar-se sobre a situação única de o director do jornal ser simultaneamente administrador da Sonae. Sobre a maneira como a maior parte dos jornalistas faz um simples ‘corta e cola’ das notícias da Lusa."<br /><strong>1- Todos os directores do PÚBLICO (sem excepção) assumiram essa dupla função.<br />2- Apreciei as denúncias de leitores sobre o “corta e cola” e o ‘copianço’ várias vezes: casos relacionados com a agência LUSA, Wikipedia, revistas estrangeiras, etc.<br />Defendo (à semelhança do que estipula o Livro de Estilo do PÚBLICO) que todos os textos publicados devem indicar o nome do(s) autor(es).<br />E- O leitor conclui :</strong> "Reflectir, por exemplo, sobre as razões do relativo insucesso comercial e editorial do novo modelo. Mas nem isso."<br /><strong>1- O provedor não tem por missão questionar estratégias comerciais.<br />2- O provedor não pode questionar opções editoriais.<br /></strong>“Votos de continuação de um trabalho medíocre” <strong>deseja o leitor. O provedor agradece a amabilidade de Rui Carlos Baptista.<br /></strong><br />O endereço electrónico do provedor é: provedor@publico.ptAnonymousnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-74673254187626067482007-09-16T19:22:00.000+01:002007-09-16T19:42:03.688+01:00TRIBUNAL PÚBLICO"Registei com muito agrado a posição que tomou sobre o tratamento que o PÚBLICO deu ao caso do ex-cabo da GNR acusado de homicídio em Santa Comba Dão. Só posso, portanto, lamentar incomodá-lo outra vez com o mesmo assunto.<br /><br />Às 16h32 de 31/7/2007 foi publicada no PÚBLICO on-line uma notícia assinada por Graça Barbosa Ribeiro cujo título é ‘<em>Homicida de Santa Comba Dão condenado a 25<br />anos de prisão</em>’. O antetítulo da notícia (aliás digno do jornal O Crime) é ‘<em>Matou três jovens</em>’.<br /><br />No meu anterior e-mail sobre este assunto, talvez ingenuamente, escrevi: ‘<em>Dispenso-me de invocar normas constitucionais e legais para demonstrar que no direito português vigora o princípio segundo o qual todos são considerados inocentes até que transite em julgado uma<br />decisão judicial condenatória.</em>’ Pelos vistos não devia ter-me dispensado de fazer tal coisa.<br /><br />O n.º 2 do artigo 32.º da Constituição determina que ‘todo o arguido se presume inocente até ao trânsito em julgado da sentença de condenação’.<br /><br />A sentença de condenação só transita em julgado quando já não for passível de recurso ordinário. Tendo esta sentença sido proferida por um tribunal de primeira instância, dela cabe obviamente<br />recurso ordinário (aliás, conforme a notícia refere, a defesa já anunciou que vai recorrer). Como tal, mantém-se a presunção de inocência do arguido, que o PÚBLICO mais uma vez violou grosseiramente ao chamar ‘<em>homicida</em>’ ao arguido e ao afirmar taxativamente que ele ‘matou três jovens’. Infelizmente, mesmo depois dos reparos de vários leitores e, sobretudo, do autorizado reparo do senhor provedor, o PÚBLICO voltou a cometer o mesmo gravíssimo erro, ainda por cima na mesma situação.<br /><br />Eu compreendo que os jornalistas não têm que ser licenciados em Direito quando escrevem sobre um julgamento (como não têm de ser cientistas quando escrevem sobre Ciência, outro campo em que, a julgar pelo que leio no blogue do provedor, as ‘calinadas’ têm sido mais do que<br />muitas). Mas francamente! Para se escrever sobre qualquer assunto, é, pelo menos, preciso não se ser totalmente ignorante sobre ele. Ainda para mais, o teor da presunção de inocência está longe de ser um conhecimento jurídico esotérico e só acessível a iniciados. E, mesmo que o fosse,<br />os jornalistas tinham obrigação de fazer parte desse círculo de iniciados, tal é o risco de violação da presunção de inocência no exercício da profi ssão jornalística. Recuso-me pura e simplesmente a acreditar que não se fale da presunção de inocência nos cursos de jornalismo.<br /><br />Para mim, este erro é ainda mais grave do que o do esperma do mamute fêmea ou do que o do diâmetro em metros quadrados. Isto porque enquanto estes disparates não têm a virtualidade de alterar as leis da biologia ou da geometria aplicáveis, a violação da presunção de inocência tem implicações éticas gravíssimas e, de certa forma, irremediáveis. Ou seja, a violação já ocorreu e não há nada que a apague, nem mesmo um pedido de desculpas (que o PÚBLICO não formulou no caso anterior, tendo-se limitado a admitir o erro). Isto nada tem que ver com a culpabilidade ou não deste arguido em concreto.<br /><br />Mesmo que venha a apurar-se que o ex-cabo da GNR é efectivamente culpado, o valor objectivo da presunção de inocência já foi irremediavelmente afectado.<br /><br />Tenho muito respeito pelos jornalistas sérios e competentes, que desempenham uma função insubstituível num Estado de direito. Mas um jornalista que não seja sério ou competente pode pôr gravemente em causa esse mesmo Estado de direito. Um jornalismo que se dá ao luxo de<br />cometer e repetir atropelos deste calibre aos princípios do Estado de direito não é sério nem competente, nem tão-pouco tem qualquer legitimidade moral para fazer a apologia, às vezes inflamada para além de qualquer compreensão, de outros valores também sacrossantos do mesmo Estado de direito, como a liberdade de imprensa e o direito à preservação do sigilo das fontes. Pelo contrário: ainda que não intencionalmente, este tipo de jornalismo só pode contribuir para dar cobertura àqueles que, pretextando evitar os desmandos da imprensa, querem na verdade calar a notícia objectiva e a investigação independente, a livre opinião e o livre pensamento.<br /><br />Já cansado e quase decidido a passar a comprar um jornal assumidamente populista que não tente enganar o público com o rótulo de jornal de referência (o Correio da Manhã, no seu género, é, pelo menos, um jornal competente e em que não se lêem coisas destas), limito-me a fazer as seguintes perguntas:<br /><br />1.ª Qual é o grau da preparação exigida aos jornalistas do PÚBLICO nos domínios técnicos sobre os quais escrevem?<br /><br />2.ª Qual é o grau de controlo exercido sobre os textos das notícias publicadas?<br /><br />3.ª Quais as consequências para os jornalistas que escrevem, ainda por cima reiteradamente e sobre o mesmo assunto, textos objectivamente indefensáveis nos planos técnico, científico ou jurídico? Pergunto isto não por me agradar o policiamento e a repressão dos jornalistas, mas<br />apenas porque me parece que sem responsabilização efectiva estas coisas continuarão inevitavelmente a acontecer (e, por razões óbvias, é preferível que essa responsabilização<br />parta dos próprios jornalistas).<br /><br />4.ª Os jornalistas do PÚBLICO lêem o que o provedor escreve? (A primeira versão desta pergunta era: ‘<em>O provedor serve para alguma coisa?</em>’ Alterei-a porque não quis correr o risco de ser mal interpretado: pelo menos, para mim, o provedor é a última esperança de que ainda<br />seja possível evitar que o eng.º Belmiro de Azevedo perca definitivamente a paciência com o seu jornal e lhe feche as portas.)<br /><br />Quero, por último, assinalar três aspectos:<br />1.º Ao contrário do que sucedia com os textos que anteriormente questionei, o texto acima mencionado está assinado, o que é um importante meio de responsabilização.<br /><br />2.º Ao contrário dos títulos, o texto da notícia não comete qualquer violação da presunção de inocência, o que me leva a admitir que a jornalista signatária pode estar inocente e que a responsabilidade dos títulos pode caber a outrem. Neste caso, importaria saber quem é responsável.<br /><br />3.º Quer parecer-me que é eticamente exigível que, tal como faz na edição escrita quando nela erra, o PÚBLICO passe a admitir on-line que errou na edição on-line”, <strong>escreve André Matos, um leitor de Lisboa.</strong><br /><br /><strong>Solicitei esclarecimentos ao director.</strong><br /><br />“Sem poder responder a tudo, meia dúzia de notas:<br /><br />1. A noção constitucional de presunção de inocência sendo formalmente a mesma até ao trânsito em julgado do processo não tem o mesmo valor quando se é arguido (isto é, se é apenas suspeito sob investigação formal), quando se debate em fase de instrução a acusação do Ministério Público, quando se é réu e quando se é condenado em primeira instância. Nessa altura, o processo já passou pelo menos por dois juízes, o de instrução e o do tribunal. É até esta fase que a prova é feita. Na Relação e do Supremo (e no Constitucional, quando é caso disso) analisa-se a adequação da sentença à prova feita em tribunal.<br /><br />2. Dito isto, e mesmo sabendo que da mesma forma que alguém condenado em primeira instância pode ser inocentado quando o processo chega a tribunal superior (sendo o inverso igualmente verdadeiro...), não contesto que os jornalistas devem permanecer fiéis ao princípio da presunção de inocência até ao fim, não devendo por isso escrever-se títulos tão taxativos como o referido. Fazê-lo é um erro cuja responsabilidade, devido ao período de férias, não consegui ainda apurar. Mas, de igual forma, a ênfase colocada na presunção de inocência, traduzida no registo das notícias e dos títulos, não deve ser a mesma quando se é apenas suspeito ou quando já se foi condenado em primeira instância, pois nessa altura as dúvidas sobre a culpa já passaram, pelo menos, por três crivos: o do Ministério Público, que acusou, o do juiz de instrução, que levou a julgamento, e o tribunal de primeira instância, que condenou o réu. Por exemplo: continuar a escrever ‘presumível homicida’ é melhor do que escrever ‘suspeito de homicídio’ (expressão recomendável na fase em que se é apenas arguido), mas pior do que escrever ‘condenado pelo Tribunal de Santa Comba Dão por homicídio’.<br /><br />3. Não considero que o facto de o erro ter sido cometido num título (que deve ser obrigatoriamente sintético) seja desculpa, mesmo sabendo que o exercício de fazer títulos rigorosos com poucas palavras é dos desafi os mais difíceis que um jornalista enfrenta.<br /><br />4. Ao contrário da edição em papel, a edição on-line está em permanente actualização. Quando um erro é detectado não se mantém notícia com o erro e acrescenta-se um ‘PÚBLICO errou’. Corrige-se é o mais depressa possível o erro. Ainda não encontrámos, e não conheço nenhuma edição on-line que tenha encontrado a solução ideal para assinalar de uma forma tão visível como a do ‘PÚBLICO errou’ um erro numa versão anterior da notícia.<br />Quando muito, esta refere qualquer coisa do género: ‘Ao contrário do que escrevemos numa versão anterior desta notícia... etc, etc.’ Isto signifi ca que um leitor que contactou com a notícia com um ou mais erros pode não reparar que esse erro foi entretanto corrigido. Trata-se de um problema dos suportes electrónicos de actualização permanente que já vi debatido em diferentes fóruns sem que se chegasse a uma solução ideal.<br /><br />5. Sem me alongar, digo apenas que no PÚBLICO há instâncias diárias de avaliação do trabalho produzido e que, mais do que medidas disciplinares tomadas como regra, o rigor é um dos critérios de avaliação dos jornalistas (realizada uma vez por ano e com efeitos na sua remuneração variável) e, por maioria de razão, dos editores e directores, cujos lugares estão, por definição e cultura do jornal, permanentemente à disposição dos seus superiores hierárquicos. Erros sucessivos ou muito graves não são ignorados – o que não quer dizer que possam ser todos evitados e que todos tenham consequências imediatas –, até porque a tal nos obriga o Livro de Estilo.<br /><br />6. Se o provedor não servisse para nada, já o teríamos dispensado quando terminou o primeiro ano do seu mandato. Como não foi isso que sucedeu...”, <strong>respondeu José Manuel Fernandes.</strong><br /><br /><strong>O director reconhece o erro. O provedor concorda com o director e, logo e por maioria de razão,</strong> <strong>com o leitor.</strong>Anonymousnoreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-74524544829312280312007-09-09T00:41:00.000+01:002007-09-09T00:45:49.483+01:00DESCULPEM, ESTOU DE VOLTA...<strong>Nas últimas semanas recebi dezenas de mensagens de leitores que acusam os jornalistas do PÚBLICO de descuidos, despistes, ignorância, preguiça mental e repetições...<br /></strong><br /><strong>1 DESCUIDO<br /></strong>“Descuido, despiste ou ignorância?<br />‘<em>Inexperiência pode ter provocado queda de Dromader</em> (03.08.2007 - 22h22 - Cláudia Bancaleiro):<br />‘... <em>oito aviões Dromadair</em>’;<br />‘<em>Conhecido pela cor amarelo forte, é um aerotanque que atinge um máximo de 225 quilómetros/hora e tem um alcance de distância de mil quilómetros</em>’”, <strong>cita José Martins, um leitor de Lisboa.<br /><br />Os reparos são pertinentes. ‘Dromadair’ é uma formulação incorrecta e o parágrafo reproduzido é, no mínimo, controverso (‘</strong><em>cor amarelo</em>’, ‘<em>atinge um máximo</em>’, ‘<em>alcance de distância</em>’<strong>?, por exemplo).<br />O texto da jornalista contém mais erros. ‘</strong><em>Airtractor</em><strong>’, por exemplo, escreve-se “Air Tractor” (com um espaço no meio), mas isso é um detalhe.<br /></strong><br /><strong>2 DESCUIDOS<br /></strong>“Penso que um jornal como o PÚBLICO devia ter mais cuidado com os títulos.<br />Página 5 (31 de Julho de 2007): ‘<em>COM A MORTE DO CINEASTA SUECO UMA ESPÉCIE DE FAMÍLIA PERDEU A SUA ESPÉCIE DE PATRIARCA</em>’”, <strong>transcreve Augusto Küttner de Magalhães, um leitor do Porto.<br /><br />Foi certamente um lapso do editor ou do director de fecho (a quem compete dar ou aprovar os títulos). É a única explicação plausível. Quanto a espécies em vias de extinção, a mais gritante é a dos “revisores” ou “copy-desks”. Fazem o que podem, mas podem pouco porque o seu número é insuficiente (e as novas tecnologias não são panaceia para tudo). Deles também depende a qualidade do jornal e a credibilidade da Imprensa.<br /><br />3 DESCUIDOS<br /></strong>“Gostaria de chamar a atenção para três pontos distintos.<br />O primeiro é específico e está relacionado com uma peça da jornalista Graça Barbosa Ribeiro no PÚBLICO de hoje (02/08/2007).<br />A peça, de reportagem, intitulada ‘<em>Fui eu que renasci</em>’, na página 9, tem, a certa altura, a passagem: ‘<em>A questão é que não há placas a assinalar a zona vigiada</em> (...)’, um tudo nada mais à frente: ‘<em>a questão é que não há bóias na albufeira</em> (...)’ e umas palavras mais adiante: ‘<em>A questão é que, oficialmente</em> (...)’.<br />Temos, portanto, três vezes a formulação ‘<em>A questão é que</em>...’.<br />Pergunto se a jornalista conhecerá outras formas de apresentar os problemas e até se sabe contar, uma vez que dizer três vezes ‘a questão’ implica a existência de três questões, não apenas de uma, singular.<br />Eis um outro ponto mais genérico: tenho visto cada vez mais frequentemente, em peças diversas, o uso do termo ‘<em>miúdo</em>’ (ou variações do mesmo) no PÚBLICO. Pessoalmente, sempre considerei a palavra como de uso corrente, essencialmente oral, e pouco ajustada a um jornal, sendo que a palavra ‘criança’ me parece ser a ideal para estes casos. Será que é possível esclarecer esta dúvida?<br />Último ponto: ontem, 1 de Agosto, o PÚBLICO iniciou a publicação de um conjunto de textos sobre Fátima e o fenómeno de Fátima. Gostaria de saber a motivação editorial para esta opção. Fátima é sem dúvida um símbolo do país mas, sendo o Estado laico, o PÚBLICO um jornal que não se rege por critérios religiosos e sabendo que em 2007 passam 90 anos sobre as ‘aparições’ de Fátima (e não 100, ou 75 ou 50, as datas usualmente mais importantes), pergunto-me o interesse que tem dedicar uma página por dia ao assunto. Especialmente se não passará da transcrição de textos de uma Enciclopédia. Foi esta enciclopédia paga pelo jornal? Porque razão fazê-lo em Agosto e não em Maio ou Outubro, datas mais ligadas à mitologia de Fátima? E porquê terminar a 13 de Agosto quando o dia da ‘aparição’ de Agosto foi 19? Não vejo qualquer lógica para este assunto e pergunto-me se o jornal também dedicará 15 páginas a uma eventual efeméride relacionada, por exemplo, com a expulsão dos judeus de Portugal (acontecimento bem mais marcante para a história do país) ou qualquer outro assunto semelhante. Qual é então o frete que o PÚBLICO tem de pagar?”, <strong>pergunta João Sousa André.<br /></strong><br /><strong>A repetição era perfeitamente desnecessária. Nada a acrescentar.<br />A dúvida: ‘miúdos’ é sobretudo uma questão de estilo e de sinónimos.<br />Fátima: é uma questão de critérios editoriais sobre os quais o provedor não pode pronunciar-se.<br /></strong><br /><strong>5 DESCUIDOS</strong><br />“Venho incomodá-lo de novo (e desta vez com algum atraso) pois detectei uma falha na redacção de uma notícia. Com efeito, no suplemento ‘P’ de Sábado, 23 de Junho 07, na pág. 40, secção Desporto, pode ler-se uma notícia, da autoria de Jorge Miguel Matias, com o título ‘Filipe Vieira defende contratação de Cardozo, apesar de ser caro’. Ora, a certa altura, no 6º parágrafo, a partir da 2ª linha, pode ler-se, e cito: ‘SOBRE o que Luís Filipe Vieira não falou foi SOBRE a OPA lançada por Joe Berardo SOBRE a Benfica SAD. Os dois almoçaram ontem no Centro Cultural de Belém mas nenhum comentário foi feito SOBRE a operação.’ E 7 linhas mais à frente: ‘escudou-se nas restrições impostas pela CMVM para não falar SOBRE o tema.’<br />Ora, apesar de a matemática não ser de facto o meu forte, consegui contar, só neste pequeno excerto, 5 (cinco) vezes a palavra ‘SOBRE’. Portanto: isto cheira-me a preguiça, indigência, ‘silly season’ no seu esplendor. Teria sido mesmo necessário incluir 5 vezes esta palavra? Ou será a língua portuguesa assim tão inflexível que nela não se encontrem alternativas válidas para enriquecer o texto e o tornar numa notícia relevante e interessante de ler, em vez de um ‘exercício’ de preguiça mental?”, <strong>conclui José Oliveira, um leitor da Cruz Quebrada.<br /><br />Pois...<br /></strong><br />O endereço electrónico do provedor é: provedor@publico.ptAnonymousnoreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-29535771994556072702007-08-05T01:12:00.000+01:002007-08-05T01:14:41.407+01:00MENSAGEM DO PROVEDORO provedor volta a este espaço em Setembro.<br />Boas férias.Anonymousnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-71087471370923877102007-07-29T00:18:00.000+01:002007-07-29T00:34:01.809+01:00IGNORÂNCIA E NEGLIGÊNCIA“Imediatamente após ter lido o S/ blogue passei às notícias da Ciência do PÚBLICO ‘on-line’ e leio ‘<strong>Espanha inaugura hoje nas Canárias um dos maiores telescópios do mundo</strong>’ (13.07.2007 - 18h21 PUBLICO.PT):<br /><strong>‘O Grande Telescópio Canárias, com o maior espelho primário do mundo (totalizando uma superfície de 10,4 metros de diâmetro), será inaugurado hoje em La Palma (...)’.</strong><br />E mais não li...<br />Uma ‘<strong>superfície de 10,4 metros de diâmetro</strong>’?!?<br />Como é possível?<br />Além da minudência de, quando se escrevem os valores das unidades em algarismos, esta dever ser escrita em símbolo e não por extenso (‘10,4 m’ ou ‘dez metros e quatro décimas’, p. ex.) ou se trata de uma superfície... em metros quadrados, ou de um diâmetro, em metros!<br />Nunca as duas coisas em simultâneo!!<br />Com efeito, algo vai mal no reino do PÚBLICO...”, <strong>escreve Emídio Gardé, um leitor de Paredes.<br /><br />O PÚBLICO errou.<br /></strong><br />“No Destaque do PÚBLICO de hoje (16 de Julho de 2007), aparece em subtítulo: ‘<strong>O PS ganhou todas freguesias, mas não chegou aos <em>30 por centos</em></strong>’.<br />Quero acreditar que o ‘s’ que aparece na palavra cento se deve a uma arreliadora gralha...<br />Não me passa pela cabeça que o jornalista o tenha colocado para fazer concordância com 30.<br />Afinal 30% quer dizer que em cada cento (e não, ‘centos’) se verificam 30 ocorrências. Mesmo com as gralhas é preciso estar atento”, <strong>escreve M. Fernanda Almeida, uma leitora de Lisboa.<br /></strong><br />“Bom Português?<br />‘<strong>O PS</strong> <strong><em>ganhou todas freguesias,</em> mas não chegou aos 30 por centos. Carmona e Roseta foram as outras estrelas de uma noite que, de tão má, <em>Mendes e Portas não vai esquecer</em> tão depressa</strong>’.<br />Não, não copiei este título de nenhum blogue escrito por qualquer adolescente português... é o subtítulo da notícia de hoje no jornal PÚBLICO sobre as eleições intercalares de ontem!”, <strong>escreve Pedro Polónio, um leitor de S. João do Estoril.</strong><br /><br /><strong>O PÚBLICO errou, três vezes.<br /></strong><br />“Já não é a primeira vez que lhe escrevo, assinalando falhas que considero mais ou menos graves no PÚBLICO, que para mim, continua a ser, apesar das mesmas, o melhor diário de referência. (...)<br />Na reportagem realizada por Nuno Amaral no Rio de Janeiro, a qual ocupa as 1ª, 2ª e 3ª páginas do PÚBLICO de sexta-feira, 29 de Junho, há qualquer coisa que não bate certo. É que se morreram 1800 pessoas assassinadas no Rio de Janeiro nos primeiros quatro meses deste ano, até são ‘muito poucas vítimas’, já que se insiste em que o número anual de assassinados é de 40.000 por ano.<br />Se o número de mortos na terça parte do ano é de 1800, o que julgo credível, o mais natural, multiplicando por 3 esse número, é chegarmos a 5400 no fim do ano, número muito distante dos 40.000 assinalados e repetidos.<br />Em que é que ficamos? Há ou não falta de rigor? Ou será que os assassinos cariocas se estão a portar muito melhor este ano?”, <strong>escreve Luís Leite, um leitor de Lisboa.<br /><br />O PÚBLICO errou. O leitor também é vítima das ‘gralhas’:</strong> “número anual por ano”<strong>? </strong><br /><br />“O PÚBLICO publicou uma fotografia de pernas para o ar!<br />No dia 19 de Julho a coluna intitulada ‘No passado’ (P2, página 2) foi ilustrada com uma fotografia da ‘Pedra de Roseta’ (ou Rosetta, como é conhecida no mundo anglo-saxónico e como consta na notícia). Fico espantado porque reparo que a fotografia está invertida na vertical (de pernas para o ar). Os hieróglifos egípcios que se encontram na parte superior na conhecida estela estão localizados inferiormente na fotografia. Para mais, verifica-se que a imagem está invertida na horizontal em relação à peça original (em espelho). Logo não se pode escrever que ‘Só a passagem inicial, em grego arcaico, era compreensível’, pois esta encontra-se na porção mais inferior e final.<br />Já não menciono o facto de o tenente Pierre Bouchard não estar a ‘deambular’ pela região, mas sim ser o responsável por obras numa fortificação perto da localidade de Rashid (nomeada Rosette pelos franceses) quando se deu a sua descoberta.<br />Enfim, mais um erro a adicionar a outros tantos que surgem amiúde no PÚBLICO quando se abordam assuntos históricos e científicos”, <strong>escreve José Paulo Andrade, um leitor do Porto.<br /><br />O PÚBLICO errou.<br /></strong><br />“A fotografia, na página 2 do P2 de 17.07.07, é da Conferência de Ialta de 2 de Fevereiro de 1945, e não de 17 de Julho de 1945, data em que o Presidente Roosevelt já tinha falecido, e era o Presidente Truman o representante dos Estados Unidos. Churchill, que de facto começou a assistir à conferência de Potsdam, foi depois substituído por Attlee, que tinha ganho as eleições”, <strong>escreve Arie Somsen.<br /></strong><br />“A efeméride de hoje (17.7.2007) no caderno P2 é a conferência de Potsdam e lá vem o texto correcto, referindo a presença de Truman. Mas não é Truman que aparece na fotografia muito destacada, mas sim Roosevelt, claro que em Ialta. Já não há um jornalista minimamente culto? Ou um editor que tem por obrigação rever toda a secção?”, <strong>escreve o leitor cibernauta </strong><a name="resolved"></a><strong>j.vcosta@...<br /></strong><br /><strong>O PÚBLICO errou.</strong><br /><br />“No PÚBLICO de 1 de Julho na página 40, Natália Faria escreve que Humberto Delgado sucumbiu às mãos da PIDE em 1958, o que não corresponde à verdade. Isso sucedeu já em Fevereiro de 1965.<br />Convenhamos que o jornal precisa de contratar revisores”, <strong>escreve bepiol@...<br /><br />Solicitei um esclarecimento à jornalista.<br /></strong><br />"Concordo com o reparo, obviamente. No texto em causa, confundi duas datas importantes na vida de Humberto Delgado: por um lado, a da sua candidatura à Presidência da República, em 1958, marcada pela célebre frase ‘Obviamente, demito-o’ <strong>(Salazar, ndp)</strong> e, por outro, a do seu assassinato em Fevereiro de 1965, às mãos da PIDE, nos arredores de Valença. Era a esta data que me referia quando procurava situar a greve na Efanor. Pelo erro, as minhas desculpas”, respondeu Natália Faria.<br /><br /><strong>É necessário acrescentar que Humberto Delgado não foi abatido “nos arredores de Valença”, mas junto à Ribeira de Olivença, em Los Almerines (Espanha). É um detalhe...<br /><br />O provedor regressa a este espaço no início de Setembro.<br />Boas férias.<br /></strong><br /><strong>O endereço electrónico do provedor é:</strong> provedor@publico.ptAnonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-22622635263128233062007-07-22T00:01:00.000+01:002007-07-22T01:10:56.839+01:00MORCELA E MILES DAVIS<strong>A crónica do provedor publicada na passada semana suscitou um comentário assaz inesperado...</strong><br /><br />“Gostava de fazer aqui uma proposta que me surgiu como uma espécie de ‘Momentary Lapse of Reason’, mas felizmente sem drogas pelo meio, apenas umas tiras de presunto, uma morcela assada em aguardente bagaceira e um jarro de sangria.<br />Com tanta asneirada que anda pelo jornal em termos de tradução de despachos de agências noticiosas pq não começar a ‘distribuir trabalho’ pelos leitores? Se não há dinheiro para pagar a revisores pq não passar a coisa para os leitores?<br />Eu e muito boa gente estamos on-line o dia todo. Poderíamos receber a notícia da agência, ou até já a tradução de um jornalista. Parece-me óbvio que o PÚBLICO tem leitores mais do que capazes de analisar e responder rapidamente a erros colocados em papel, pq não fazer uma ‘task force’ preventiva quando eles ainda fermentam na Redacção?<br />Um leitor diz um conjunto de temas em que se sinta à vontade, enviam-lhe uma determinada notícia para ele traduzir e reduzir e depois ele responde em x tempo indicando as fontes. Sempre era uma forma de muitos leitores (a começar por mim que sou um chato) pararem de carpir pelos ataques à qualidade do jornal.<br />Teríamos, portanto, o acesso de um jornalista a um conjunto de despachos de agências noticiosas. Depois a verificação dos leitores que estivessem on-line e disponíveis para tratar dela e o envio para eles da dita notícia em bruto. O leitor reduzia-a e analisava um conjunto de fontes do resultado final reduzido que depois seriam entregues ao jornalista-encarregado. Isto tinha a vantagem de acabar com aquela estafada desculpa de que há falta de tempo e que se estava com pouco pessoal para fechar a edição, tão comum que por aí se lê. Desta forma pode-se alargar imenso a Redacção do jornal sem aumentar custos (se bem que um jantarzinho de quando em vez não ficava mal, nem que fosse darem-nos os ingredientes e nós tratávamos de confeccioná-lo) e acabar de vez com a ‘gap’ (fosso) que existe entre os jornalistas profissionais e os pesquisadores que muitos leitores são. É que muitas vezes uma simples busca pelo Google podia prevenir imensos problemas. Caso este ‘fact-check’ resultasse em pequenas notícias podia ser depois alargado às grandes e mais complexas peças de jornalista. E aí já tinham de sortear um BMW M5 entre nós. Mas isto já será se calhar esticar o orçamento...<br />Mas que sei eu? Que pode saber alguém de 29 anos? Muito pouco. Mas assim como a minha idade não inviabiliza a qualidade desta morcela também não inviabilizará a qualidade da minha ideia. O PÚBLICO garantia uma rede de colaboradores com provas dadas e nós leitores passamos de gente rancorosa a rir (e a rir imenso, ultimamente) de fora do problema para parte da solução.<br />E com estas palavras a noite caiu em Melgaço. E aí vai um pouco de Miles Davis para o Provedor ouvir”, <strong>escreve Pedro Maia, um leitor do Porto.<br /><br />Solicitei um comentário ao director.<br /></strong><br />“Suponho que os meus avós, que muitas vezes foram de férias para Melgaço, nunca terão tido a oportunidade de ver a noite cair ao som de Miles Davis, mas sei que, tal como o leitor, sempre foram fiéis leitores de jornais num tempo em que pouco mais havia como fonte de informação. E se retomo a nota final da sua crónica com esta nota entre a nostalgia de um tempo que já passou e a consciência de que vivemos um tempo novo é porque, mesmo sem morcela nem sangria, vejo na sua mensagem tanto a ironia como a oportunidade. Estranho? Talvez não.<br />A ironia sobre a ‘asneirada’ pode ter, aqui e além, razão, até porque ninguém é perfeito, nem o rio Minho que deve ter no seu horizonte. O que sugere como método de trabalho parte do princípio, errado, de que o trabalho do jornalista é atamancar uns telexes de agências, melhor ou pior traduzidos, e partir para uns copos no bar mais próximo. A primeira parte, se excluirmos o atamancar, tem o seu quê de verdade: nos jornais utilizam-se os despachos das agências como na televisão se utilizam as imagens enviadas de todo o mundo pelas... agências. É assim, e ainda bem, desde que o senhor Havas e o senhor Reuters começaram a proporcionar este tipo de serviço. Há, contudo, peças de agência melhores do que outras, e entre os vários milhares que chegam por dia apenas uma pequena parte é aproveitada. Se os jornalistas fossem dispensáveis, a mesa onde pousa o seu copo e dispõe as suas tiras de presunto estariam cheias de montes de papéis sem ordem aparente, escritos nos quatro cantos do planeta, e levaria o dia inteiro só a escolher o que valia a pena ler. Teria tanto trabalho e consumiria tanto tempo para conseguir desfrutar da informação de que necessita como se tivesse de fazer a sua morcela desde o início, ou ir colher as uvas, pisá-las, deixar o vinho amadurecer e, por fim, juntar-lhe o necessário para um boa sangria. Cada um desses passos deve ser bem feito, como saberá apreciar pelo resultado final, mas regressar à ‘acumulação primitiva’ da informação não é solução para os males de o PÚBLICO por vezes padece, e que nem tentarei explicar.<br />Mas se esse regresso ao passado seria despropositado e inútil, o que me interessa na sua Melgaço é a maquineta de onde enviou a mensagem. É através dela que me fala, a mim, via Provedor, mas também aos leitores. Não lhe deve servir para fazer o que deve ser o trabalho do jornalista, mas pode servir, era bom que servisse, para fazer o trabalho que o jornalista não pode fazer: fazer de si, porventura abusando da sua disponibilidade, parte dos muitos olhos e ouvidos a que gostaríamos de estar abertos, não apenas para que nos fale de um seu dia de férias (suponho), mas que nos faça chegar realidades que por mais atentos que possamos estar nunca atingiremos. Queremos, e estamos a trabalhar para isso, que os leitores sejam olhos e ouvidos do seu jornal. Não mais jornalistas ou serviçais, mas antenas que um dia nos espetam uma farpa (e a que mais me dói é estar aqui a escrever noite dentro e sem nenhuma morcela para petiscar...) e nos outros nos trazem informações, opiniões, pedaços da realidade invisíveis e que podem, e devem, permitir não só uma interactividade entre a minha pessoa, na cadeira do director, e o seu humor, mas o ponto de encontro de muitas sensibilidades diferentes.<br />Não lhe respondi? Não respondi ao Provedor? Acho que sim, que respondi: o nosso papel de jornalistas é o de separar a boa da má informação e não asneirar. Falhamos se falharmos nesse papel de distinguir o essencial do acessório de apontar ao leitor onde está a informação mais relevante e os temas mais interessantes. Isto sabendo que os leitores, enviando uma carta ou escrevendo num blogue, sem serem jornalistas, podem ser a nossa ‘rede’. A rede que facilita a circulação das ideias e das informações, não aquela para que se oferece e apenas serve, o que mesmo assim não seria coisa pouca, para amparar o trapezista desastrado”, respondeu José Manuel Fernandes.<br /><br /><strong>A resposta parece-me convincente, será do Miles Davis?<br />O provedor está mesmo a precisar de férias...<br /><br />Post-scriptum – No primeiro semestre deste ano um leitor elogiou um(a) jornalista. Pareceu-me importante publicar esse depoimento por uma questão de justiça. E de transparência. Também há excelentes profissionais no PÚBLICO.<br /></strong>“No passado dia 1 de Julho, na página 18 do Primeiro Caderno, o PÚBLICO trazia uma notícia intitulada ‘Ministro japonês justifica bomba atómica de 1945’.<br />Decidi escrever-lhe porque considero que a notícia, apesar de não estar assinada, está redigida de uma forma que considero exemplar e que já não é comum encontrar.<br />De facto, o texto começa por um parágrafo em que o essencial da posição do ministro é enunciado, segue-se um segundo parágrafo onde é apresentado o essencial da posição dos que discordam do ministro e, finalmente, um último parágrafo onde é resumido o que se passou em 1945 e que está na origem da actual controvérsia, sem comentários e sem tomar partido.<br />E tudo isto em três pequenos parágrafos, de forma clara, concisa e completa; é uma beleza!”, escreve Eugénio de Sousa, um leitor de Lisboa.<br /><br /><strong>De acordo com o Livro de Estilo</strong> “todos os textos são assinados” <strong>e</strong> “os textos baseados em notícias de outros órgãos de comunicação devem mencionar de forma inequívoca a sua origem”, <strong>mas isso nem sempre sucede nas páginas do PÚBLICO. E, aparentemente, nem os bons (as boas) jornalistas respeitam sempre esta regra. É pena.<br /><br />O endereço electrónico do provedor é:</strong> provedor@publico.ptAnonymousnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-63255231217213723972007-07-15T00:14:00.000+01:002007-07-15T04:12:38.657+01:00PARA QUEM É, BACALHAU BASTA<strong>O texto não assinado </strong>“Bebé mamute encontrado intacto no gelo da Sibéria” (11/07/2007) <strong>não passou despercebido. E entende-se.</strong><br /><br />“É-nos dito que os cientistas vão enviar o cadáver para o Japão para ser retirado ADN e esperma, tendo em vista revivar a espécie.<br />Nunca na minha curta vida (29 anos) li tanta asneira concentrada em tão poucos caracteres.<br />Em primeiro lugar porque a notícia começa logo com ‘<em><strong>É uma fêmea</strong></em>’ e, portanto, tirar esperma de uma fêmea será tarefa complicada. E depois mesmo que fosse um macho não seria através do esperma que seria possível criar novos mamutes porque o esperma contém apenas metade da informação do animal. Confirma-se a recente tendência do PÚBLICO para, nas notícias curtas, fazer traduções literais de notícias de agências noticiosas dando amplexo à asneira pré-existente. Vou ali comprar o Correio da Manhã e já volto (estou a brincar, obviamente...)”, <strong>escreve Pedro Maia, um leitor do Porto.<br /></strong><br />“Com esta é que o provedor desiste mesmo...”, <strong>escreve João Paulo Menezes no seu blogue “Blogouve-se (postais sobre jornalismo)”.<br />Rui Oliveira, um leitor do blogue, comenta: </strong>“De facto, depois de ler a notícia, ri-me imenso. Mas, depois lembrei-me de ir ao sítio da BBC ver como estava escrita a notícia original (http://news.bbc.co.uk/2/hi/science/nature/6284214.stm). (...)<br />Resumo da notícia original mal feito (se por dificuldade de tradução, se por falha de compreensão do artigo não sei). (...)”<br /><strong>Gabriel, outro leitor do “Blogouve-se” acrescenta:</strong> “Há coisas fantásticas, não há?”<br /><br /><strong>A Ciência e a História não podem ser tratadas de forma tão negligente nas páginas do PÚBLICO. É a credibilidade do jornal que está em causa.<br /></strong><br />“Errar é humano e compreendo perfeitamente que os erros da mais diversa ordem (factuais, de ortografia, de gramática, de pontuação, de redacção) que se insinuam com maior frequência do que seria desejável nos jornais, mesmo nos mais sérios e cuidadosos, são inevitáveis até certo ponto. Mas não podem deixar de ser notados os mais disparatados, mesmo que talvez não mais graves, como o que me fez rir ao ler uma frase na notícia trágica sobre o flagelo da tuberculose multirresistente. A frase é a seguinte: “<em><strong>Se a forma normal da tuberculose, que afecta, na maioria dos casos, os pulmões, é facilmente identificável com um simples telescópio, a tuberculose multirresistente requer investigação e laboratórios mais sofisticados…</strong></em>”. Há trocas de palavras assassinas”, <strong>escreve Júlio Freire de Andrade, um leitor de Lisboa.<br /><br />Os reparos são pertinentes.<br /><br />O autor do artigo </strong>“OMS tem plano de dois anos para combater o flagelo da tuberculose multirresistente” <strong>(edição impressa de 23/06/2007) não confunde só “telescópio” com ‘microscópio’. O texto não assinado de 63 linhas não tem praticamente um único número correcto e contém, por outro lado, erros de Português.<br /></strong><br /><strong>1º ERRO<br />PÚBLICO:</strong> “Organização Mundial de Saúde (OMS) quer lançar um plano de dois anos para combater o flagelo da tuberculose multirresistente que pode salvar a vida de cerca de 138 mil pessoas.”<br /><strong>O número do PÚBLICO é incorrecto.<br />A OMS indica apenas 134 mil casos (www.who.int/mediacentre/news/releases/2007/pr32/en/index.html).<br />O provedor sublinha que (ao contrário do que afirma o PÚBLICO) a OMS não </strong>“quer lançar um plano”. <strong>A organização “lançou” uma operação (em inglês: “launched”). É ligeiramente diferente, mas o rigor é importante.</strong><br /><br /><strong>2º ERRO<br />PÚBLICO: </strong>“Este tipo de tuberculose, com casos em 37 países, afecta 450 mil pessoas por ano e traduz-se, essencialmente, por uma resistência a certas terapias com antibióticos.”<br /><strong>O número do PÚBLICO é incorrecto. Não são “450 mil pessoas”, são 424 mil.<br />A OMS refere: “... There are an estimated 424 000 new cases”.<br />O provedor conclui que o PÚBLICO “reproduziu” o texto do ‘sítio’ da BBC (http://news.bbc.co.uk/2/hi/health/6229406.stm). E como a BBC se enganou...<br />É importante acrescentar, por outro lado, que (segundo a OMS e ao contrário do que escreve o PÚBLICO) se trata de uma estimativa e não de um facto. A formulação correcta seria, portanto, “poderá afectar”. É mais um detalhe...<br />O provedor ignora a razão que levou o jornalista do PÚBLICO a optar pelo despacho da BBC apesar de o comunicado de imprensa da OMS (fonte primária da notícia) ter sido divulgado antes no próprio ‘sítio’ da organização. Uma das hipóteses é o “facilitismo” ou, por outras palavras, a “papinha feita”: informação tratada pela BBC...<br /><br />3º ERRO<br />PÚBLICO:</strong> “Para Margaret Chan, directora-geral da OMS, esta resistência é uma ameaça séria à segurança e estabilidade da saúde pública mundial.”<br /><strong>Margaret Chan e o próprio comunicado de imprensa da OMS referem uma “ameaça” (“threat”). Para o PÚBLICO “ameaça” corresponde a “</strong>ameaça séria<strong>”. É uma formulação abusiva que deturpa as palavras da directora-geral. É só um detalhe.<br /><br />4º ERRO<br />PÚBLICO:</strong> “Se a forma normal da tuberculose, que afecta, na maioria dos casos, os pulmões, é facilmente identificável com um simples telescópio...”<br /><strong>O PÚBLICO confundiu ‘microscópio’ com “telescópio”. É mais um pormenor...<br /></strong><br /><strong>5º ERRO<br />PÚBLICO: </strong>“... alertou Paul Nunn, coordenador do plano da OMS ao site da BBC.”<br /><strong>A formulação “</strong>alertou... ao<strong>” é inadequada em Português. Falta, por outro lado, uma vírgula a seguir a “OMS”. Futilidades...<br /><br />6º ERRO<br />PÚBLICO:</strong> “Investigadores alertaram em 2006 para novas estirpes de tuberculose altamente resistente com base no estudo de um grupo de doentes da África do Sul, numa região com grande prevalência também de HIV. Esses doentes não respondiam a qualquer tipo de terapia. Em 53 casos, todos morreram, excepto um.”<br /><strong>A OMS dá outra versão da evolução dos acontecimentos, mas isso também é irrelevante, obviamente.<br /><br />O provedor considera anormal haver tantos erros e tantas imprecisões nas páginas do PÚBLICO. E partilha as preocupações dos leitores. “Se encontrei estes erros sobre um assunto que conheço, qual a fidedignidade de notícias de assuntos que não domino?”, escrevia José Paulo Andrade, um leitor do Porto.<br />“O melhor jornal da paróquia” (segundo o leitor Orlando Simas) devia apostar no rigor e criar mecanismos para evitar o recurso ao “copianço” (com ou sem citação das fontes), pelo menos isso. É a credibilidade do PÚBLICO que, repito, está em causa. E isso não é coisa pouca para um jornal que se considera de referência...<br /><br />O endereço electrónico do provedor é: provedor@publico.pt</strong>Anonymousnoreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-6187615042212780722007-07-09T15:08:00.001+01:002007-07-09T15:11:11.660+01:00"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 46Caro Provedor,<br />Antes de mais nunca é demais saudar um espaço onde o leitor possa tornar um pouco mais bi-direcccional a relação jornal/leitor.<br />É esta a razão pela qual escrevo.<br />Acompanhei com especial interesse a eleição dos "7 horrores de Portugal" e a suposta polémica associada, em relação à qual apesar de ter opinião não é tema deste comentário.<br />Parece-me que o Público, sem para tal estar obrigado, acaba por cumprir um verdadeiro serviço público ao obrigar-nos a todos a enfrentar a fealdade arquitectónica que por (muitas) vezes nos rodeia.<br />A minha surpresa reside no facto de, ao contrário do que aconteceu até ao dia da eleição, o Público ter dado um relativo destaque na edição web, com a colocação de um link muito apelativo, por exemplo.<br />Reparo que hoje, dia 9, fechada que está a eleição este tema está complemente ausente do sitio.<br />Atrevo-me a ajuizar que será motivado por algum pudor que obriga a alguma descrição associado a uma reacção um pouco exacerbada por parte dos leitores em relação a esta iniciativa?<br />Os meus melhores cumprimentos à equipa,<br />Pedro Mata (um leitor desde o inicio)Anonymousnoreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-63805398706520624112007-07-08T17:12:00.000+01:002007-07-08T17:15:29.295+01:00"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 457 DISPARATES:<br />O conteúdo desta carta não pretende ser uma crítica sumária a este tipo de concursos, que valem o que valem – veja-se o caso das "novas" sete maravilhas do mundo que absurdamente incluem maravilhas do Mundo Antigo (!?) –, mas sim à confusão de conceitos e enganos que provocam, motivados pela superficialidade com que se elaboram, e de que a lista em causa constitui mais um exemplo.<br />Será a ampliação da Cinemateca portuguesa, por exemplo, obra de reduzida dimensão e impacte que muitas pessoas desconhecem – até por ser completamente invisível da rua –, um dos horrores de Portugal? E a que propósito (para além do puro capricho) o será o Oceanário ou a faixa do Parque Eduardo VII?! Já agora, porque não incluir a "faixa" do Campo Grande, ou outra "faixa" verde qualquer? O que precisamos é betão e asfalto, correcto?<br />Podem até valer-se (ou refugiar-se) na subjectividade da escolha pessoal de quem elabora a lista, mas toda a iniciativa como foi pensada – se calhar o problema é que nem o foi, o que é grave num jornal de referência – cai por terra, quando facilmente se demonstra a ligeireza e pouco trabalho com que foi feita, para que seja considerada como válida (nem imagens de todos os exemplos tem, e algumas das existentes estão erradas).<br />Uma das fragilidades que mais chama a atenção, é o facto de a esmagadora maioria das escolhas se centrarem em Lisboa quando se trata de uma votação (mesmo lúdica) que tem a pretensão de ser "de Portugal". Se tivermos em conta que o painel de críticos é ou está todo em Lisboa, é inevitável que se pense que nada fizeram para conhecer ou saber o que se passa em Cedofeita, Rio Tinto, Matosinhos, Cacém, Amadora etc. ou em muitas cidades algarvias (veja-se Quarteira ou Portimão) e sabemos que são nessas cinturas urbanas que se situam os verdadeiros horrores. Ou então, mais grave ainda, o painel de críticos não conhece Portugal e não está minimamente interessado sobre o que se passa no resto do País.<br />Depois, são os próprios critérios (ou a ausência deles) que subjazem à escolha dos exemplos em causa, onde reina a total gratuitidade. Confunde-se má arquitectura, que deveria pura e simplesmente ser implodida (houvesse coragem) com meras questões de gosto (sempre muito discutíveis). Ainda por cima estas revelam, à saciedade, fraquezas e mal disfarçados ressentimentos entre arquitectos que, pelo contrário, deveriam exercer uma função pedagógica junto do público, o qual em vez de birras pessoais motivadas por projectos perdidos para fulano ou beltrano, era bom que soubesse, antes de mais, o que é boa ou má arquitectura.<br />É isso que é fundamental em qualquer país civilizado, pois a formação de uma opinião pública esclarecida é o primeiro garante para se evitarem atropelos arquitectónicos e crimes lesa-património que empobrecem as cidades justamente onde ela não existe ou é inoperante.<br />Por isso, não se compreende como se colocam a par uma Praça do Areeiro (independentemente do gosto – se fosse assim o Palácio da Pena hoje já não existia) e os centros comerciais do Martim Moniz, de Gaia ou do Porto (o que dizer do Shopping Cidade do Porto ou daquele em frente do Soares dos Reis!) que deveriam pura e simplesmente desaparecer, não só pela confrangedora qualidade arquitectónica e construtiva, mas também pelos danos visuais que provocam na envolvente.<br />Estes sim, são os verdadeiros horrores, as verdadeiras chagas das nossas cidades e não os edifícios do Cristino da Silva, que fazem efectivamente parte do património da cidade (como muitos outros "português suave", modernistas ou Deco) pois independentemente das questões ideológicas ou de gosto envolvidos (que também pertencem à nossa história) raramente foram má arquitectura. Parece que ainda andamos a discutir o Congresso de 48! Isso é passado! Vejam o erro que foi demolir o Monumental, que noutra cidade europeia teria sido impensável – porque poucas tinham cinema como aquele – para depois o substituírem pela "brilhante" arquitectura que hoje lá se vê. Casos como este acontecem todos os dias nas cidades portuguesas, que vão ficando cada vez mais descaracterizadas (como as cidades do terceiro mundo) por deitarem fora, numa voragem autofágica de inaceitável miséria cultural, tudo aquilo que contribuiu para moldar o seu carácter que, necessariamente, devíamos manter.<br />Ilustra bem esse completo desnorte a inclusão, na dita lista, de edifícios em que se ultrapassa a discussão do gosto para se entrar de rompante na manifesta falta de cultura artística. É o caso da igreja de Santa Luzia em Viana, um dos mais interessantes exemplos neo-medievais do nosso Romantismo, ainda para mais da autoria de Ventura Terra, seguramente um dos nomes que mais contribuíram para a qualificação da arquitectura portuguesa e cuja obra, sobejamente conhecida cá e lá fora, ajudou a disfarçar a pobreza do ensino e das ideias que aqui campeavam (e que pelos vistos não têm emenda).<br />É como se passasse pela cabeça dos parisienses porem numa lista equivalente o Sacré Coeur. É também isso que nos separa deles – nós criticamos o acessório, eles valorizam o essencial. Não sejamos tão apressados em julgar a arquitectura do passado quando a nossa época é, nesse aspecto, das mais selvagens, bárbaras e culturalmente pobres que há memória.<br />E assim vai a nossa arquitectura e os supostos teóricos dela...<br />R. Sousa; A. Xavier; C. Correia S. Morais (grupo de cidadãos consternados)Anonymousnoreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-73368618137276602372007-07-08T00:44:00.000+01:002007-07-08T16:53:35.527+01:00A LOTARIA DA INFORMAÇÃO (I)<strong>A SORTE GRANDE</strong><br />“Parece-te que este título se justifica?<br />O comandante português ‘escapou ao atentado’? ou passou a outras horas? ou o atentado era contra os espanhóis?<br />‘Poderia ter sido’ é notícia?<br />Dúvidas, causadas talvez pela provecta idade”, <strong>escreve a leitora e jornalista Diana Andringa.<br /><br />Eis a notícia em causa:</strong> “Líbano: comandante português escapou ao atentado que causou seis mortos ao contingente espanhol (24.06.2007 - 22h02 - Margarida Santos Lopes). O comandante português no Sul do Líbano poderia ter sido uma das vítimas do ataque de hoje (...)”.<br /><br /><strong>Pedi um esclarecimento à jornalista.</strong><br />“As perguntas da leitora são legítimas, e eu vou tentar justificar as minhas opções.<br />Se o comandante ‘escapou ao atentado ou passou a outras horas’, a resposta pode ser uma, outra e ambas, porque não ficou ainda provado que o atentado visava especificamente a patrulha espanhola e não qualquer dos contingentes, incluindo o português, que integram a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL). Se visava qualquer componente da UNIFIL, escolhida como ‘alvo’ segundo confessaram, alegadamente, suspeitos membros da milícia Fatah al-Islam capturados pelas autoridades libanesas, então o comandante português poderia ter sido uma das vítimas porque tinha passado pelo local horas antes.<br />Quando o próprio comandante me revela que havia passado horas antes pela mesma estrada onde foi morta a patrulha espanhola, eu não poderia ignorar esse facto, e achei relevante dar atenção ao caso português e não apenas ao drama espanhol. Frisando logo nos primeiros parágrafos do texto que o tenente-coronel Rodrigues dos Santos tranquilizou as famílias dos militares portugueses sob as suas ordens, dizendo que estavam todos bem, tentei mostrar, como o próprio oficial também admitiu, que a missão portuguesa não está isenta de riscos. Foi ele próprio que disse durante a conversa telefónica que tivemos: ‘Olhe, eu poderia ter sido um deles [mortos]’.<br />Os jornais espanhóis forneceram todos os detalhes, por muito insignificantes que fossem, sobre o ataque de que foram vítimas as suas tropas, esforçando-se por dar aos seus leitores todas as peças para entender o que se passa num país à mercê de grupos e governos que o querem desestabilizar, usando a UNIFIL como ‘escudo humano’ ou ‘refém’, segundo o que sublinham vários analistas com quem tenho falado para um artigo mais abrangente que estou a preparar. O meu objectivo foi o mesmo: dar toda a informação de que dispunha, aproveitando o facto de ter sido a única jornalista em Portugal a falar nesse dia com o tenente-coronel Rodrigues dos Santos.<br />Salientar que o comandante português ‘escapou’ (não é mentira) ao maior ataque à UNIFIL desde que terminou a guerra Israel-Hezbollah no Verão de 2006 não me pareceu exagerado, mas reconheço à leitora o direito de ter uma opinião contrária. Uma bomba foi recentemente desactivada numa praia de Tiro, no Sul do Líbano, que visava os capacetes azuis. Foi notícia em todo o mundo que a bomba ‘poderia ter rebentado’. Foi notícia que ‘poderia ter causado muitas vítimas’. Eu acho que foi notícia que o comandante ‘poderia ter morrido’.<br />Não foi especulação. Não foi essa a minha intenção. E se foi entendido como tal, peço desculpa por ter dado essa impressão”, respondeu Margarida Santos Lopes.<br /><strong>O provedor discorda.</strong><br /><strong>1- Escreve a jornalista: </strong>“Se o comandante ‘escapou ao atentado ou passou a outras horas’, a resposta pode ser uma, outra e ambas”.<br /><strong>Pode ser tudo e mais alguma coisa, portanto. O jornalismo baseia-se em factos, não em suposições.<br />O militar português não pode ter escapado ao atentado porque não se encontrava no local naquele momento.<br />2- Escreve a jornalista:</strong> “... não ficou ainda provado que o atentado visava especificamente a patrulha espanhola e não qualquer dos contingentes, incluindo o português”.<br /><strong>Como não se provou nada, a jornalista conclui que o contingente português podia ser um alvo. É uma argumentação inaceitável. Facto: a patrulha espanhola foi atacada. O resto é especulação.<br />3- Escreve a jornalista: </strong>“Quando o próprio comandante me revela que havia passado horas antes pela mesma estrada onde foi morta a patrulha espanhola, eu não poderia ignorar esse facto, e achei relevante dar atenção ao caso português e não apenas ao drama espanhol”.<br /><strong>O militar português escapou, portanto, ao atentado porque passou pela mesma estrada umas horas antes. É uma conclusão que vende papel (?), mas é pouco racional.</strong><br /><strong>4- Escreve a jornalista: </strong>“...tentei mostrar, como o próprio oficial também admitiu, que a missão portuguesa não está isenta de riscos”.<br /><strong>Margarida Santos Lopes optou por “mostrar” que a missão de um militar num cenário de guerra “não está isenta de riscos”. É, no mínimo, um dado inédito e deveras surpreendente...</strong><br /><strong>5- Escreve a jornalista:</strong> “Os jornais espanhóis forneceram todos os detalhes, por muito insignificantes que fossem, sobre o ataque de que foram vítimas as suas tropas”.<br /><strong>As opções editoriais alheias não dizem respeito ao PÚBLICO. E não servem, por outro lado, de justificação para coisa alguma. O problema não é os jornais espanhóis terem fornecido “</strong>todos os detalhes<strong>”. É o PÚBLICO ter enveredado pelo sensacionalismo (baseado em meras suposições) quando nada aconteceu aos militares portugueses.<br />As tropas espanholas que Margarida Santos Lopes refere não são </strong>“as suas tropas” <strong>(por oposição </strong>“às nossas”). <strong>O recurso ao pronome possessivo é um erro. O jornalismo com bandeira é um perigo...<br />6- Escreve a jornalista: </strong>“Salientar que o comandante português ‘escapou’ (não é mentira) ao maior ataque à UNIFIL...”.<br /><strong>O comandante não pode ter escapado, repito. No momento do atentado estava a milhas de distância.<br />7- Escreve a jornalista:</strong> “O meu objectivo foi o mesmo: dar toda a informação de que dispunha, aproveitando o facto de ter sido a única jornalista em Portugal a falar nesse dia com o tenente-coronel Rodrigues dos Santos.”<br /><strong>O objectivo é legítimo, mas é necessário não confundir Informação com Sensacionalismo. O facto de Margarida Santos Lopes “ter sido a única jornalista em Portugal a falar nesse dia com o tenente-coronel Rodrigues dos Santos” só representa isso mesmo: falou com o militar. Isso só por si não é notícia...</strong><br /><br /><strong>8- Escreve a jornalista: </strong>“Foi notícia em todo o mundo que a bomba ‘poderia ter rebentado’. Foi notícia que ‘poderia ter causado muitas vítimas’. Eu acho que foi notícia que o comandante ‘poderia ter morrido’”.<br /><strong>O provedor desiste.<br />O sensacionalismo pode ajudar a vender papel durante algum tempo, mas a prazo todos acabamos por perder. A Informação não é uma mercadoria. É um serviço. E os jornalistas regem-se por princípios e um código deontológico. O seu primeiro dever é respeitar a verdade dos factos. E a sua lealdade é para com os leitores, não para com o mercado. É a minha profunda convicção, mas posso estar enganado.<br /><br />O endereço electrónico do provedor é: </strong>provedor@publico.ptAnonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-88458385992546954982007-07-07T17:35:00.002+01:002007-07-07T17:40:38.201+01:00"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 44Caro Sr. Rui Araújo,<br /><br />A propósito do concurso sobre as novas 7 Maravilhas do Mundo, queria deixar aqui umas notas acerca do trabalho sobre o mesmo que o Público traz hoje no seu destaque.<br />Primeiro a nota crítica para a inexistência de uma referência sobre quais seriam as 7 Maravilhas do Mundo Antigo.<br />Na notícia "Brasil e Índia são os mais mobilizados e o Vaticano o mais indignado", a jornalista Alexandra Prado Coelho até diz que «os gregos [fizeram] a lista inicial», quando isso não é exactamente verdade. Foi um poeta grego, não "os gregos", quem primeiro elaborou a lista completa tal como ela hoje é conhecida. A forma como a jornalista refere o assunto dá a impressão de ter existido uma espécie de concurso "à antiga" para a "eleição" desses monumentos.<br />Já na descrição das "Maravilhas" que é feita nas páginas 4 e 5, se podem encontrar umas incorrecções. Diz-se que o Castelo de Neuschwanstein foi concluído depois de Luís da Baviera ter sido deposto. Isto é incorrecto no sentido em que o castelo nunca chegou a ser conluído. A Muralha da Chine é, pela enésima vez, tomada como «o único [monumento] que será visível do espaço», assim perpetuando um mito falso ou, no mínimo, inconsistente. A Grande Muralha da China será possivelmente visível em órbita da Terra (o que não significa "do espaço"), em condições perfeitas, por astronautas que terão desde logo visão essencialmente perfeita e apenas se souberem onde olhar. Os astronautas que tentaram chegaram à conclusão que haveria muitos outros objectos feitos pelo homem que eram muito mais visíveis.<br />É possível que existam outros erros, mas não serei eu a pessoa indicada para os apontar. Deixo apenas a chamada de atenção para o erro facilitista no texto que acompanha o Mosteiro da Batalha sobre o concurso das 7 Maravilhas de Portugal. Diz-se que o mosteiro foi construído «ao longo do século XV». Tendo a construção do mosteiro sido iniciada em 1386 e terminada em 1517, dificilmente se pode dizer que foi apenas "ao longo do sec. XV", uma vez que se iniciou no sec. XIV e terminou no sec. XVI. Dizer que todos os monarcas ali deixaram a sua marca, então, é um pedaço de texto de tal forma para encher que mais valeria não estar presente.<br /><br />Os meus melhores cumprimentos,<br /><br />João Sousa AndréAnonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-19719636921849383672007-07-06T01:52:00.001+01:002007-07-06T01:56:23.914+01:00"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 43EXMO. SENHOR PROVEDOR,<br />LAMENTO A ATITUDE DO SEU JORNAL NA INICIATIVA DOS "7 HORRORES".<br />PELO QUE LI NA PÁGINA DA NET, SÃO MAIS QUE MUITAS AS CRÍTICAS DOS INFELIZES DE TAL ABERRAÇÃO AO SEU JORNAL, NOMEADAMENTE POR CAUSA DA INCLUSÃO DO ESTÁDIO JOSÉ ALVALADE NA LISTA.<br />POR ESTE ANDAR, O SEU JORNAL COM JORNALISTAS DESTES ESTÁ AQUI ESTÁ A FECHAR.<br />LAMENTO PELO SEU EMPENHO E SERVIÇO COM ESTA TRISTE QUESTÃO.<br />SUGIRO UM PROVEDOR DO TRABALHO TEMPORÁRIO PARA O AJUDAR NAS RESPOSTAS AOS LEITORES.<br />AGRADECIMENTOS,<br />JOSÉ LUÍS P.SOBRALAnonymousnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-78748857698020868632007-07-03T21:45:00.000+01:002007-07-03T21:47:38.929+01:00"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 427 HORRORES DE PORTUGAL<br />Pasmado!!!<br />Estou simplesmente pasmado!Acho que nem forças me restam para estar outras coisas... indignado, enfurecido, nada...<br />Pasmo pelo conteúdo da lista.<br />Ainda que os conceitos de belo e horrível sejam discutíveis - correm rios de filosófica tinta sobre o assunto - creio que se possa sempre tomar como referência um cânone geral de bom senso, que mais não seja na interpretação do objectivo da eleição de um "horror".<br />Eu esperaria encontrar uma lista bem mais longa de imóveis ilegais, urbanizações feitas sem critério, crescimento urbanístico selvagem sem preocupações ambientais e patrimoniais e - porque não - dos vários resultados de compadrios e até de "favores" político-partidários! (não escondam a cabeça...). Vejo que o bom senso escasseou. O que temo é que isso seja índice do que aconteceu à inteligência!...<br />Mas mais pasmo pela avalanche de manifestações de indignação por, nessa lista, estar incluído o Estádio José de Alvalade!!!...<br />Raras são as mensagens em que se questiona a presença de MONUMENTOS NACIONAIS, de símbolos da Fé cristã e de outras obras arquitecturais.<br />O que preocupa os portugueses - e rassalvo mais uma vez as honrosas excepções - é o Estádio do Sporting!!! E o ataque que isso possa significar à 'instituição' e aos adeptos.<br />Será possível que os nossos maiores problemas sejam o futebol e o estádio de Alvalade?!!!...<br />Temo, mais uma vez, que o que aconteceu à inteligência de O Público seja só a demonstração estatística do que está a acontecer à inteligência dos portugueses...<br />Lamento! Profundamente...<br /><span style="color:#000000;">psx.man@</span>Anonymousnoreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-1460065273282278932007-07-03T00:22:00.000+01:002007-07-03T01:02:37.224+01:00"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 41Caríssimo Provedor<br />Cá estou eu outra vez. Ontem, vinha do Parque das Nações e não sendo a primeira vez que me acontece, olhei para o meu lado esquerdo, ontem lembrei-me dos vossos 7 HORRORES. Pois é, quem vem do Parque das Nações para o Aeroporto da Portela, ao subir essa avenida e olhando para o lado esquerdo, aí sim vê-se o edifício mais horroroso que já vi em toda a minha vida, já andei por África, Angola e ex: Zaire e juro vi coisas que na altura julgava horrorosas, mas que com o passar do tempo tornou-se insignificante, e o que vocês tem no vosso passatempo ou lá o que lhe quiserem chamar, comparado aquele edifício, o que tem lá são tudo maravilhas. Façam o favor de ir ver essa maravilha para os vossos horrores. Quando passo por lá me idealizo em Luanda, na actual deve estar um horror.<br />Agradeço a vossa atenção, mas não contem com a minha votação em coisas de menor importância.<br />Almerinda Amaral - LisboaAnonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-68203746095700378322007-07-02T21:21:00.000+01:002007-07-02T21:22:16.495+01:00"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 40Ainda sobre os Horrores de Portugal,<br /><br />Estou fora de Portugal há alguns meses mas muito deve ter mudado no meu país. Se, neste momento, os nossos horrores arquitecturais são o Cristo Rei, Santa Luzia, o Sameiro, a Capela dos Ossos, o Oceanário, etc., o país deve estar tão incrivelmente bonito que quando sair do avião vou ter de me descalçar em respeito àquele que deve ser o pedaço de terra mais brilhante do planeta. De outra forma serei levado a concluir que em vez de uma lista com os principais horrores da nossa arquitectura o Público está a dar-nos uma lista que reflecte as invejas entre arquitectos e outros problemas, talvez mais profundos, dos intelectuais que fizeram esta extraordinária selecção. Talvez não fosse má ideia retirar esta lista antes que o país a descubra e perceba o quão ofensiva ela é para a arte e para o bom senso.<br />Melhores cumprimentos,<br />Sebastião Silva, Reino UnidoAnonymousnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-76612812393723290852007-07-01T00:11:00.000+01:002007-07-01T00:25:01.123+01:00“O PÚBLICO VOLTOU A ERRAR”<strong>A nota “O PÚBLICO errou”, publicada na edição de 21 de Junho, não passou despercebida.<br />Eis o texto em causa:</strong> “<em>No artigo intitulado ‘A Rainha Coleccionadora’, publicado ontem no P2, referia-se erradamente que D. Catarina de Bragança era mulher de D. João III. Na verdade, a mulher de D. João III chamava-se D. Leonor de Áustria (irmã de Carlos V).</em>”<br /><strong><br />Esta ‘correcção’ suscitou alguns protestos, obviamente.</strong><br /><br />"’O PÚBLICO errou’ de 21/6, e continua a errar. A mulher de D. João III é D. Catarina de Áustria (não de Bragança). Esta é filha de D. João IV, rainha de Inglaterra”, <strong>escreve Joaquim Lagoeiro, um leitor de Lisboa.<br /></strong><br />“Venho sugerir uma nova entrada: ‘O PÚBLICO voltou a errar’.<br />No ‘PÚBLICO’ de hoje (21/06/2007) afirma-se que a mulher de D. João III se chamava D. Leonor de Áustria e não D. Catarina de Bragança, como tinha sido referido no dia anterior. Na verdade D. João III casou em 1525 com D. Catarina de Áustria, filha de Filipe o Belo, arquiduque de Áustria e de Joana a Louca. Catarina de Áustria era irmã de Carlos V e de D. Leonor de Áustria, terceira mulher de D. Manuel I (embora prometida a D. João III).<br />Nota – D. Catarina de Bragança, filha de D. João IV e de D. Luísa de Gusmão, casou com Carlos II de Inglaterra.<br />Teria sido fácil uma consulta, por exemplo, a um Dicionário de História de Portugal ou à Internet !”, <strong>escreve Maria Cândida Araújo, uma leitora do Porto.<br /></strong><br />“O PÚBLICO, jornal que se pretende de referência, no artigo intitulado ‘A arte da primeira globalização em Washington’ e não ‘A Rainha Coleccionadora’ (P2, em 20/06/07), escreve: ‘D. Catarina de Bragança, mulher de D. João III, foi uma das mais importantes coleccionadoras europeias e ainda uma atenta e generosa doadora – na Sackler estarão algumas das suas ofertas a outras monarquias europeias.’<br />Na Secção ‘O PÚBLICO errou’ (em 21/06/07) corrige da seguinte forma:<br />‘... referia-se erradamente que D. Catarina de Bragança era mulher de D. João III. Na verdade, a mulher de D. João III chamava-se D. Leonor de Áustria (irmã de Carlos V).’<br />Afinal, segundo o PÚBLICO, ‘quem era a rainha coleccionadora’?<br />Lendo o artigo e a correcção fica-se sem saber se era:<br />a) D. Catarina de Bragança (século XVII; rainha de Inglaterra)<br />b) D. Leonor de Áustria (século XVI; terceira mulher de D. Manuel I, erradamente dada como mulher de D. João III)<br />Desfazendo as confusões:<br />Na realidade a ‘rainha coleccionadora’ era D. Catarina de Áustria, mulher de D. João III e depois regente durante a menoridade de D. Sebastião. (Irmã de D. Leonor e de Carlos V).<br />Ver: Nuno Vassallo e Silva – <<preciosidades>>, in: EXOTICA, Os Descobrimentos Portugueses e as Câmaras de Maravilhas do Renascimento, catálogo de exposição, Lisboa (Museu Calouste Gulbenkian), 2002.<br />Na página 31 pode ler-se: ‘D. Catarina de Áustria, a primeira grande coleccionadora de objectos raros e preciosos do Oriente, cuja importância no coleccionismo da casa de Habsburgo tem sido bem comprovada por Annemarie Jordan, ...’<br />Como leitor habitual da coluna do provedor, espero que mais uma vez com a sua pedagogia se esforce, mesmo que com pouco sucesso até agora, para convencer os responsáveis de que um ‘jornal de referência’ não pode ser feito com tanta ignorância e displicência”, <strong>escreve Neiva Correia, uma leitora de Lisboa.<br /><br />Os leitores têm razão.<br />A mulher de D. João III era Catarina de Áustria.<br />O PÚBLICOU errou (no artigo de Rita Siza) e voltou a errar (na ‘correcção’ apresentada).<br /></strong><br />“Mais uma vez ao ler uma notícia no P2 do dia 18 de Junho constatei a existência de várias incorrecções que retiram rigor histórico e credibilidade ao PÚBLICO.<br />Na pequena coluna ‘Napoleão foi derrotado em Waterloo’ encontrei os seguintes erros:<br />a) O aliado prussiano é Blücher e não Bluchner, como consta no texto. Não era um simples general como é referido, mas sim um marechal de campo e com o título nobre de Príncipe de Wahlstatt. Os reforços prussianos (49000 homens não aparecem subitamente num campo de batalha no início do século XIX) não foram uma verdadeira ‘surpresa’.<br />b)A referência a uma canção dos Abba é totalmente descabida e inapropriada. Ainda para mais, Napoleão Bonaparte não se rendeu em Waterloo como está referido no texto e na canção (!). Foi derrotado nessa batalha o que é totalmente diferente.<br />c) O imperador Napoleão Bonaparte regressou a Paris a 21 de Junho e não a 22 do mesmo mês tendo abdicado a 23 de Junho.<br />d) Se a ilha de Santa Helena é definida como ‘remota’, como pode estar ‘próximo da costa de África’? Está aproximadamente a 1900 km dessa costa e foi precisamente escolhida para o exílio por estar longe de qualquer continente.<br />A minha preocupação é a seguinte: se encontrei estes erros sobre um assunto que conheço qual a fidedignidade de notícias de assuntos que não domino?”, escreve José Paulo Andrade, um leitor do Porto.<br /><br /><strong>Os reparos são parcialmente pertinentes.<br />1- O leitor tem razão. O nome correcto é Gebhard Leberecht von Blücher (e não Bluchner).<br />2- O leitor tem razão. Napoleão foi derrotado em Waterloo.<br />3- O leitor tem razão: Napoleão não regressou a Paris no dia 22 de Junho de 1815 (como menciona o jornalista), mas </strong>“entre as 6 e as 8 horas” <strong>de 21 de Junho. Tentou</strong> “envenenar-se (as lavagens de estômago praticadas pelo farmacêutico Charles-Louis de Gassicout, filho natural de Luís XV, salvaram-no)“.<strong>E abdicou (pela segunda vez) no dia 22 (e não 23, como refere o leitor)</strong> “antes das 12h00”.<br /><strong>Eis as fontes consultadas (e parcialmente reproduzidas mais acima): Dicionário Quid:</strong> www.quid.fr/2007/Histoire_De_France/Ier_Empire_Restaure_Les_Cent_Jours_1815/1<br /><strong>– e governo francês:</strong> www.diplomatie.gouv.fr/archives/dossiers/160ministres/RevConsEmpire/ConsulatEmpire/<br />chrono.html<br /><strong>O provedor considera, por outro lado, a referência aos Abba uma opção editorial deveras inovadora, mas inapropriada.</strong><br /><br /><strong>O endereço electrónico do provedor é:</strong> provedor@publico.ptAnonymousnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-24718340994998833982007-07-01T00:04:00.000+01:002007-07-01T00:07:55.456+01:00"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 39Venho por este meio, manifestar a minha indignação pelo facto de o estádio de Alvalade estar incluí­do na lista de candidatos aos 7 horrores de Portugal. Não acredito que os motivos desta presença sejam arquitectónicos. Não vejo em que é que os outros estádios serão melhores ou diferentes (excepção feita ao estádio do Sp. Braga) para que este estádio seja o único presente.<br />Paulo DiogoAnonymousnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-20487240.post-10316029375293938512007-06-29T12:39:00.000+01:002007-06-29T16:03:25.319+01:00ESCLARECIMENTO DA DIRECÇÃO DO PÚBLICOCaro Provedor<br /><br />Em resposta às várias críticas que nos chegaram relativamente ao passatempo "Os 7 horrores de Portugal" esclareço, antes de mais, com o texto que publicámos na Net e que serve de epígrafe ao dito passatempo, intitulado "A selecção possível":<br /><br />"A lista de 58 candidatos a horrores arquitectónicos que o PÚBLICO aqui apresenta foi realizada graças aos contributos de sete especialistas contactados pelo jornal. Esses especialistas foram Ana Vaz Milheiro, crítica de arquitectura do PÚBLICO; Jorge Figueira, crítico de arquitectura do PÚBLICO; Ricardo Carvalho, crítico de arquitectura do PÚBLICO; Manuel Graça Dias, arquitecto e professor universitário; Alexandre Alves Costa, arquitecto e professor universitário; José Sarmento Matos, historiador da arte e olissipógrafo; e Walter Rossa, arquitecto e historiador de arquitectura. Pediu-se a cada um deles que nos enviasse propostas de edifícios a incluir nesta votação, com vista à elaboração de uma lista comum, que pudesse representar o sentimento (idealmente) de todos os especialistas ou, pelo menos, da maioria deles. Aconteceu, porém, que não foi possível construir uma lista consensual nem de escolha maioritária – o que demonstra a paixão dos sentimentos que questões deste tipo suscitam.Perante essa impossibilidade, o PÚBLICO decidiu reunir numa lista todos os edifícios indicados por cada um dos especialistas contactados – sem excepção. Pelas razões indicadas acima, é claro que esta lista não pode ser considerada nem uma escolha do grupo de críticos, nem uma escolha de nenhum deles em particular. Há aqui edifícios que foram indicados como candidatos por apenas uma pessoa, outros por mais. Mas sublinha-se que nenhum dos críticos contactados se revê nesta selecção. Apesar disso, o PÚBLICO decidiu avançar para a votação, deixando a última palavra aos leitores. Não existem nesta lista quaisquer edifícios escolhidos pelos jornalistas do PÚBLICO.É evidente que esta escolha não pretende ter um cariz científico nem representar a escolha da população portuguesa – todos sabemos como funcionam as votações na Internet, que estão sujeitas a manipulações por parte de grupos empenhados. Esta votação tem um carácter lúdico e não visa senão suscitar uma discussão sobre a arquitectura e a qualidade da paisagem urbana e da vida nas nossas cidades."<br /><br />A isto gostaria de acrescentar o seguinte: não foi pedido a nenhum dos especialistas contactados que seguisse nenhum critério em particular, nem foi pedido a nenhum que explicasse qual o seu critério, pois é sabido que neste tipo de escolha interferem elementos de gosto de difícil justificação. A lista, repete-se, não pode ser atribuída nem ao conjunto de especialistas nem a nenhum deles porque não é obra nem do grupo nem de um elemento do grupo: é um misto das duas coisas e, por essa razão, não pode ser atribuída a um autor. É um "cadáver esquisito", para usar uma expressão que vai certamente enriquecer o debate e um "cadáver esquisito" que não foi assumido como obra colectiva.<br /><br />O PÚBLICO decidiu, apesar disso, assumir ele próprio esta escolha, porque nos pareceu que o método seguido era virtuoso. A responsabilidade de publicação desta lista é, pois, apenas nossa, do PÚBLICO.<br /><br />Quanto à vaga de indignação causada pelo inclusão de um dado estádio, apenas posso dizer (sem grande esperança de ser ouvido) que essa escolha não obedeceu, como é fácil a uma pessoa desapaixonadamente verificar, a qualquer razão que tenha a ver com o clube, mas com o edifício em si. A escolha é criticável? Sem dúvida. Merece indignação? Discordância talvez, indignação não.<br /><br />É evidente, por outro lado, que a paixão que o caso suscitou, também nos rivais do dito clube, deu origem a uma votação em massa que retira qualquer sentido ao número de votos deste edifício em particular. Mas, como se dizia acima, esta iniciativa é um passatempo e nada mais do que isso. Não é representativo de nada, mas apenas uma maneira, esperávamos nós, de passar o tempo e de alimentar uma discussão que supúnhamos poder ser interessante, sobre a qualidade arquitectónica em Portugal. Enganámo-nos."<br /><br />José Vítor Malheiros - Director Executivo - PÚBLICOAnonymousnoreply@blogger.com21