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domingo, outubro 21, 2007 

NÚMEROS E CULTURA

“Com reserva, por receio de cometer injustiças, passo a referir algumas situações que considero menos apropriadas num jornal como o PÚBLICO:

1. Na edição de 5 de Outubro de 2007, página 19, podemos ler o título de uma notícia: ‘Iraque vai comprar 100 milhões de armas à China para equipar a polícia’. No início do texto somos confrontados com o seguinte: ‘O Iraque encomendou equipamento militar no valor de 100 milhões de dólares...

Noticiar que um país vai comprar 100 milhões de armas é algo que a poucos lembraria. Quantos polícias existirão no Iraque? Quantas armas seriam entregues a cada um? Um número tão elevado de armas não chamou a atenção do editor/revisor?

2. Edição de 6 de Outubro de 2007, página 4 do P2: Os diamantes e a globalização: ‘.... - e empresas de delapidação espalhadas por todo o mundo’.

Segundo o dicionário que tenho à mão, ‘delapidar’ significa, entre outras coisas ‘gastar sem regra; dissipar; esbanjar’. A palavra correcta que o autor/tradutor do texto devia utilizar seria ‘lapidação’, que significa ‘talhar e polir as facetas das pedras preciosas, ...’. Não tenho dúvidas de que muitas das empresas que se dedicam à exploração dos diamantes também delapidam as riquezas dos países onde actuam. Lapidar também significa matar à pedrada. Não se deseja tal sorte para o autor do texto.

3. Edição de 7 de Outubro, página 12 do P2: agradecendo o texto dedicado à biografia de Shakespeare, devo fazer um reparo relativamente ao critério de edição utilizado. Existe um título intermédio (‘108 plantas e 60 pássaros’) que corta o texto anterior, no qual se fala da casa onde viveu o dramaturgo e cujo teor continua depois deste corte gráfico. Creio que deveria ter sido colocado mais abaixo, antes do parágrafo que começa com ‘Por isso o mundo natural...’. Quanto aos pássaros não há, no texto restante, qualquer referência às espécies citados pelo autor Isabelino. Falta de espaço?

4. Por último e escrevendo de memória: na época estival (Agosto?), foi dedicado um artigo ao recentemente falecido barão de Rothschild, no qual se diz que o mesmo foi evacuado, durante a 2ª Guerra Mundial, a partir de Dunkirk. O autor da tradução, talvez por desconhecer a história do acontecimento em causa, ignorou que a evacuação da tropa inglesa e outros fugitivos, se efectuou em Dunquerque, cidade francesa. Quando li Dunkirk (grafia inglesa de Dunquerque?) pensei tratar-se de um topónimo irlandês...”, escreve José Maria Faria Martins, um leitor de Peso da Régua.

O leitor tem razão.
— “Iraque vai comprar 100 milhões de armas à China para equipar a polícia”: o título está mal formulado. Trata-se de 100 milhões de dólares, não de 100 milhões de armas.
— “empresas de delapidação espalhadas por todo o mundo”: a “chamada” incorrecta assemelha-se a uma gralha (que o PÚBLICO não detectou).
— “108 plantas e 60 pássaros”: não há qualquer referência a pássaros no texto publicado. É um mistério.
— “Dunkirk” é a formulação inglesa do francês “Dunkerque”, uma cidade situada a aproximadamente 300 quilómetros de Paris. O texto de Adam Bernstein (do jornal The Washington Post), publicado no dia 17 de Junho de 2007, foi mal traduzido, obviamente.

“Na página 11 do P2 de 31.7.2007 consta que a família Polanco tem a terceira maior fortuna de Espanha, avaliada em cerca de 2,2 milhões de euros.
Esta informação repete-se na 2ª coluna.
Saberá Anabela Campos quanto são 2,2 milhões de euros?”, pergunta bepiol@...

O leitor tem razão. Não são 2,2 milhões, mas 2.200 milhões (segundo a revista Forbes). E, por outro lado, não era a fortuna da família Polanco, mas a de Jesús de Polanco Gutiérrez. É um detalhe, mas no jornalismo o rigor e a precisão contam...

“Notei um pequeno ‘grande’ erro na notícia publicada (28 de Setembro de 2007) pelo jornalista Sérgio Aníbal com o título ‘Governo corta previsão para o investimento em 330 milhões de euros’.

O erro encontra-se no segundo parágrafo: ‘No relatório dos défices excessivos que será enviado a Bruxelas e que ontem foi divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o Governo corrigiu as suas anteriores estimativas, feitas em Março, para as contas públicas de 2007 (o único ano do reporte que ainda não é da responsabilidade do INE).’

Penso que a palavra ‘reporte’ não existe em português, apenas em brasileiro fruto do inglês ‘report’. Das duas uma, ou o jornalista Sérgio Aníbal é brasileiro ou ao traduzir uma referência encontrada em inglês traduziu incorrectamente ‘report’ para ‘reporte’ ao invés de ‘relatório’. Note-se que no início do parágrafo o jornalista utilizou a palavra correcta, portanto penso tratar-se de um lapso. Há que ter mais cuidado”, adverte Paulo Sebastião.

O leitor tem razão.

“Já tenho notado que os números não são o ‘forte’ dos jornalistas; mas na edição de hoje (9 de Outubro de 2007) o PÚBLICO ultrapassa os limites.

Na página 18 – Mundo – uma informação sobre Costa Rica indica que o resultado da consulta sobre o tratado do comércio livre teve o seguinte resultado: 51,8% sim, 48,42% não… Somando, chega-se a 100,22% total.

Na página 40 – Economia – as tabelas do Euronext Lisboa, estão baralhadas, enquanto no mercado cambial indicam o câmbio de 09.02.07. Boa informação!

Para acabar: na mesma página 40 sob o título Consórcio liderado por RBS assegura compra do ABN AMRO, sugeri que a jornalista Natália Faria entre em contacto com o banco alemão. Na realidade trata-se de um banco belga/holandês.

Um pouco mais cuidado na elaboração do jornal não ficava mal”, escreve Arie Somsen, um leitor de Oeiras.

O leitor tem razão, mas não deu conta dos erros todos.


1- COSTA RICA
O artigo “Costa Rica aprova tratado de comércio com os EUA” está cheio de erros e contém, por outro lado, gralhas.
— “51,8%” dos votos + “48,42%” = 100%?;
— “O tratado, já aprovada ...”;
— “... dará à Costa Rica acesso ao mercado norte-americano”. É uma afirmação falsa. Os EUA são o único país norte-americano signatário do TLC/CAFTA (http://tcc.export.gov/Trade_Agreements/All_Trade_Agreements/CentralAmericanFreeTA.asp);
— “Os críticos dizem que a competição que vai trazer pode arruinar a bem-sucedida economia do país e pôr em risco o sistema de segurança social...”
Quem são os críticos, já que o jornalista anónimo não menciona uma única fonte?; “... que a competição” + “que vai”? (existem formulações melhores em Português), “bem-sucedida economia” (opinião do jornalista numa notícia?).
2- EURONEXT LISBOA E MOEDA
O PÚBLICO apresentou erradamente na edição de 9 de Outubro de 2007 uma tabela cambial com oito meses (9 de Fevereiro), em vez de indicar a da véspera.
Arie Somsen não é a única pessoa a queixar-se dos erros relacionados com as cotações. Os problemas sucedem-se. E assemelham-se. Na passada quinta-feira, por exemplo, o leitor Mário Nunes escreveu ao provedor por causa da
“trapalhada, quase diária, que se verifica nas cotações da Euronext Lisboa fornecidas pelo PÚBLICO. Hoje, por exemplo, dia 18, é uma confusão entre variações de cotação, fecho, cotações de abertura, etc, etc., para além de a Ren nem figurar no PSI 20!”.
É importante haver mais rigor no tratamento da economia. O rigor e a exactidão são essenciais, em todas as páginas.

3- ABN AMRO
A jornalista Natália Faria escreve “... pelo banco alemão Fortis”. É mais um erro. Fortis não é um banco alemão. Em 1990, uma firma de seguros associou-se a um banco, ambos eram holandeses. Posteriormente, um banco belga entrou no negócio. Fortis tem, hoje, ‘sedes’ (“head offices”) em Bruxelas e Utreque. A história da instituição pode ser consultada no seguinte endereço electrónico: www.fortis.com/general/history.asp
A jornalista cometeu mais erros. Confundiu, por exemplo, o número de acções.
PÚBLICO: “... representam mais de 1590 acções ordinárias.”
Trata-se, na realidade, de 1.590 milhões de acções.

Única conclusão possível: é a credibilidade do jornal que está em causa. E isso não é coisa pouca...

O endereço electrónico do provedor é: provedor@publico.pt

Parece que eu, pouco conhecedora de economia, já não vou poder confiar nas informações do Público nesta área! É que no restante jornal detecto as falhas agora nesta secção, tenho que depositar a minha confiança no jornal, pois não me parece que vá detectar estas pequenas grandes falhas... Alias, não é suposto o leitor ter de o fazer, certo?
LS - Cascais

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