domingo, fevereiro 26, 2006 

MAIS PROMISCUIDADE

"Na passada segunda-feira (13 de Fevereiro de 2006), a primeira página do PÚBLICO trazia, mesmo por cima do título do jornal, um post-it de cor verde com a indicação ‘Se não tem pais ricos nem ganhou a lotaria. Pág. 7’.
E, abrindo a página 7, via-se um anúncio do Banco Espírito Santo (BES), com um produto (Crédito Habitação), dentro da nova imagem de marca.
Curiosamente, nenhum dos blogues atentos às questões da publicidade nos media se manifestou nos seus espaços públicos. Certamente, até lhes escapou: se alguns deles acompanham a edição
on-line com maior assiduidade, outros nem viram, dada a pequena dimensão, embora em lugar de visibilidade. Quanto aos leitores, presumo que nenhum tenha levantado qualquer dúvida, pois certamente o provedor do leitor responderia de imediato e a leitura da sua página na edição de hoje não traz qualquer reacção a esse tema.
Mas eu recebi um
email de um leitor que me dizia o seguinte: ‘Gostava realmente de saber a sua opinião sobre o autocolante colocado, precisamente, em cima do nome do jornal. Também não me foi possível saber se o referido autocolante foi colocado noutros jornais ou se ‘afectava’ apenas o PÚBLICO (ou se foi alguma brincadeira e apenas a minha cópia do PÚBLICO foi alvo de publicidade).’
Na realidade, foi prática do PÚBLICO do dia 13 a inserção desse post-it, coisa que não se verificou, por exemplo, no Diário de Notícias. Trata-se de uma campanha de publicidade por parte do BES. Ora, olhando o que diz o Livro de Estilo do PÚBLICO, ‘a publicidade é uma área autónoma e perfeitamente demarcada nas páginas do PÚBLICO, segundo critérios de prioridade e ocupação de espaço definidos pelas direcções editorial e comercial’ (p. 172). Apesar da ressalva de inclusão de publicidade em rodapé, conforme o ponto 3 (p. 173 do Livro de Estilo), o jornal deve, em meu entender, pedir desculpas aos seus leitores. Primeiro, porque o post-it verde não tem qualquer indicação de publicidade. Segundo, um autocolante por cima do nome do jornal não é um espaço de publicidade, mas uma área de identificação do próprio jornal, conforme se pode ver na imagem que tirei à parte superior da edição do PÚBLICO de segunda-feira
”, escreve Rogério Santos no seu blogue Indústrias Culturais II.
A crítica do leitor é pertinente.
O provedor pediu, necessariamente, um esclarecimento a José Manuel Fernandes, director do jornal.
“Nos dias que correm, em que os espaços tradicionais de publicidade já não são tão atractivos como noutros tempos, sobretudo devido à diversidade dos suportes, é frequente as agências de publicidade proporem soluções inovadoras, únicas ou dificilmente repetíveis, que têm para o anunciante a vantagem da surpresa e para o meio a vantagem de proporcionarem uma receita extra importante.
No caso em concreto, a proposta foi aceite porque o post-it tinha um formato tão distinto que não se confundiria com informação editorial (daí não se ter solicitado que o próprio post-it contivesse a designação de publicidade, pois resultaria redundante) e as suas dimensões permitiam que não ‘estragasse’ a primeira página.
Foram apenas dadas indicação para que, na sua colocação, houvesse o cuidado de não o colocar sobre o espaço editorial mais nobre (manchete, por exemplo), cuja formulação era impossível de antecipar.
Essas informações tiveram de ser dadas de forma geral, já que o dia escolhido pelo anunciante era uma segunda-feira, devendo as instruções gerais ser dadas na sexta-feira e não em cima da hora, já que a agência estaria encerrada.
Verificou-se que em muitos exemplares o post-it foi colado sobre o logótipo, o que não resultou bem. Não aconteceu em todos os jornais, variando os locais, até porque o post-it foi colocado manualmente durante a madrugada por brigadas contratadas especialmente para o efeito.
O feedback que recebemos dos leitores foi o de que o objectivo do anunciante foi atingido, pois o anúncio não passava despercebido, e ninguém nos referiu ter confundido a mensagem, isto é, não houve mistura de mensagens editoriais e publicitárias.
A única reacção negativa que tivemos, e com a qual concordamos, já que foi para nós mesmos uma surpresa, foi o facto de ter sido usada uma cola muito forte, sendo difícil destacar o post-it sem rasgar o jornal. Esse protesto foi transmitido ao departamento comercial, que reconheceu a sua pertinência”, respondeu o director.
O provedor considera que as explicações de José Manuel Fernandes são parcialmente aceitáveis.

PUBLICIDADE E INFORMAÇÃO

O Livro de Estilo do PÚBLICO estipula que “o material publicitário vem sempre graficamente assinalado, de forma clara e explícita, que evite confusões ou associações ambíguas à mancha informativa”, mas a publicidade do Banco Espírito Santo (BES) não está assinalada com a menção PUB (ou PUBLICIDADE).
O facto de as três primeiras letras do título do jornal – “PÚB” – não terem sido ocultadas pelo autocolante do BES só pode ser consequência do acaso. O provedor exclui, obviamente, qualquer intenção maliciosa (ou perversa).
O problema com a publicidade do BES é, sobretudo, o desrespeito de algo sagrado: o próprio título do jornal.
O PÚBLICO prescindiu, erradamente, da sua imagem.
E o título não se resume apenas a uma mera marca comercial, porquanto identifica o jornal perante os seus leitores e a opinião pública em geral.
O PÚBLICO é, por outro lado, sinónimo de uma relação de confiança e de afectividade. E de elevados padrões de exigência: independência, rigor profissional, sensibilidade e paixão para captar e noticiar os acontecimentos de uma forma completa e fundamentada. Tem sido essa a cultura do jornal e da empresa. E é crucial preservá-la sem desvios.
A informação não pode ser sacrificada a outros critérios, por mais imperativos que eles possam parecer, escreveu Vicente Jorge Silva, o primeiro director do PÚBLICO, em Dezembro de 1989.
Aquilo que está em causa, em última análise, é a credibilidade de um projecto. ■

domingo, fevereiro 19, 2006 

ESTRANGEIRISMOS, GRALHAS E ERROS

Fernando Gonçalves (Praia da Tocha) propôs ao PÚBLICO “um glossário de problemas de língua portuguesa” que foi detectando no jornal, mas ninguém lhe respondeu.
Suponho que não haja nisso interesse da parte do jornal – acrescenta o leitor. No entanto, todos os dias vou deparando com (e não ‘vou-me deparando com’, como muitos insistem)
múltiplos problemas de uso linguístico, que vão da ortografia ao léxico, passando pela sintaxe (a sintaxe, meu Deus, a sintaxe...). Podia dar uma ajudinha para evitar que o senhor director do PÚBLICO, por exemplo, utilizasse de forma disparatada o termo ‘virtualmente’ quando quer escrever ‘quase’ ou ‘praticamente’, que é o sentido que a palavra inglesa ‘virtually’ tem em português; ou que escrevesse ‘paralizante’, entre outros exemplos possíveis
.”

O Provedor solicitou um esclarecimento ao director do PÚBLICO.

“Quanto à oferta de um glossário não se trata de qualquer desinteresse, mas de termos elaborado o nosso próprio glossário que integra o Livro de Estilo”, responde José Manuel
Fernandes.

ESTRANGEIRISMOS

Ana Navarro Pedro, correspondente do PÚBLICO em Paris, é um estudo de caso da contaminação do Português pelo Francês. Na edição de hoje (14 de Fevereiro de 2006), numa coluna intitulada ‘Polícias franceses acusados de maus tratos’, p. 14, pode ler-se: ‘O livro (...) cita fontes anónimas, ‘ex-funcionários de [sic] Polícia Judiciária’ que se teriam confiado aos autores (...)’. Julgo não serem precisos comentários para além da citação. Estes são parcos exemplos do muito que há a fazer para melhorar a qualidade da escrita num jornal que ainda vale a pena comprar”, acrescenta o leitor Fernando Gonçalves.

Eis o parágrafo em questão: “O livro, consagrado aos bastidores da polícia francesa e intitulado Place Beauvau (nome da morada do Ministério do Interior), cita cinco testemunhas anónimas, ‘ex-funcionários de Polícia Judiciária’ que se teriam confiado aos autores, três jornalistas do semanário Le Point, Christophe Labbé, Olivia Recasens e Jean-Michel Decugis”, escreve Ana Navarro Pedro.

“O Livro de Estilo não impede que alguns textos saiam contaminados com estrangeirismos, designadamente os de alguns correspondentes que vivem há muitos anos fora de Portugal. Por vezes, esses textos dão imenso trabalho de edição e, mesmo assim, não ficam perfeitos. Aqui, o trabalho é, por regra, realizado pelos editores e não pelo desk”, explica o director do PÚBLICO.

É uma explicação aceitável, mas o referido texto da correspondente em Paris não contém só estrangeirismos. Tem erros e imprecisões: (“nome da morada”, Decugis em vez de Décugis, etc.).

Uma notícia deve ser exacta, completa, compreensível e escrita em bom português.

MAIS ERROS

O leitor Fernando Gonçalves registou a preocupação do Provedor com as questões de Língua Portuguesa (“tão maltratadinha que anda onde não devia”) e enviou mais uma mensagem
electrónica.

O primeiro exemplo que tenho para lhe propor, aproveitando as últimas notícias dando conta da proliferação da pirataria no audiovisual, é o de ‘cópia pirata’. O PÚBLICO fez uma campanha de página inteira onde, a propósito de um filme dos Monty Python, se podia ler ’Não Perca a sua Cópia’. Ora bem: o que o PÚBLICO devia ter escrito, em vez de ‘cópia’, era ‘exemplar’ ou ‘original’. Porque ‘cópia’ é sempre pirata. Assim como subir é sempre para cima e descer é sempre para baixo. E eu não acredito que o PÚBLICO se ande a dedicar à pirataria (apesar de os piratas, os verdadeiros, recolherem as minhas simpatias). Mais uma vez, estamos perante um caso de literalismo com origem no inglês. Rita Siza, a vossa correspondente em Washington, também comete este pecadilho.
O segundo exemplo, e último para não maçar muito, tem a ver com a teimosa e despropositada manutenção da ordem dos termos da língua inglesa em expressões como ‘e-comércio’, ‘e-governo’, etc. Para não falar da manutenção da grafia inglesa na totalidade da expressão. Já temos o mau exemplo de ‘cd’ (quem disse que o plural de ‘cd’ é ‘cd’s’?), em vez de ‘dc’. Ou de ‘afro-americano’, que o politicamente correcto manda agora escrever ‘africano-americano’.
Qualquer estudante de inglês (entre a iniciação e o nível intermédio) sabe que, na maior parte dos casos, se dá uma inversão dos termos na passagem do inglês para o português.
‘Americano-africano’ é a expressão que faz sentido, pois são em primeiro lugar americanos e só depois, devido à ascendência, africanos.

Voltando à vaca fria: a grafia correcta, de acordo com a ordem corrente dos termos na Língua Portuguesa, deverá ser ’comércio-e’, ‘governo-e’ e, por que não, ‘correio-e’”, escreve Fernando Gonçalves.

“Cópia” é (segundo o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora) o “acto ou efeito de copiar; traslado dos dizeres de um escrito; reprodução de uma obra de arte; imitação; plagiato”.

Por outro lado, as siglas não fazem plural.

A grafia correcta é correio-e, governo-e, comércio-e, etc. (apesar de não ser respeitada por ninguém).

MAIS EXPLICAÇÕES

O Provedor inquiriu Rita Pimenta, a coordenadora da secção de copydesks da redacção de Lisboa.
“Não sendo a primeira vez que a perplexidade dos leitores perante os erros merece espaço na coluna do Provedor, e mantendo-se as condições de produção do PÚBLICO, a resposta não poderá diferir muito da divulgada por Joaquim Furtado em Dezembro de 2004, aqui parcialmente recuperada.
Diz o Livro de Estilo do PÚBLICO que os copydesks ‘harmonizam, corrigem, melhoram ou reescrevem textos segundo os padrões jornalísticos do PÚBLICO’. Ressalva-se ali, no entanto, que ‘cabe sempre aos redactores fazer uma última leitura dos seus textos, com especial atenção à pontuação, acentuação, concordâncias e gralhas’.
Não serve esta citação para alijar a responsabilidade dos copydesks nos erros publicados, antes para a partilhar com quem redige e edita, sobretudo numa altura em que é diminuta a percentagem de textos lida por este sector e em que não é possível, tão-pouco, assegurar a presença diária destes profissionais. A edição de hoje (domingo), por exemplo, não foi sujeita a qualquer controlo de qualidade por parte dos copydesks.
Para obstar aos presentes constrangimentos de funcionamento e na tentativa de (pelo menos) manter o nível que os leitores exigem e merecem, centrou-se o exercício desta função na revisão de página. Assim, como já previa o Livro de Estilo, ‘os copydesks dedicam especial atenção a títulos, pós-títulos, entradas, legendas, início e fim dos textos; conferem ainda a observância das regras gráficas mais relevantes que caracterizam o PÚBLICO’.
Esta prática (revisão de página) cinge-se ao caderno principal e, dado o momento em que ocorre (final da cadeia de produção), está sujeita a uma forte pressão dos tempos de fecho da edição. Nesta medida, confronta-se com a concentração de grande número de páginas para rever em pouco tempo. Será esta uma das justificações principais para que se ‘deixe passar’ alguns erros. Outra explicação decorre da inevitabilidade própria de quem é deste mundo: errar.
À data do lançamento do PÚBLICO, a equipa de copydesks contava em Lisboa com o triplo dos efectivos agora presentes, o que permitia um maior e mais eficaz controlo de qualidade.
No entanto, a sua principal preocupação continua a ser a de ir ao encontro dos interesses dos leitores na exigência de um jornal que aposte na qualidade e rigor. Por todas as falhas, apresentamos as nossas desculpas”, responde Rita Pimenta.

O PÚBLICO tem consciência dos problemas. E pretende atenuá-los (já que erradicá-los é impossível).
Mas as novas tecnologias e os copydesks representam, necessariamente, apenas parte da solução. Os jornalistas (domínio do idioma e profissionalismo) serão sempre os primeiros responsáveis.

GRALHAS

“Não estou seguro que o PÚBLICO tenha hoje mais gralhas do que quando tinha uma equipa maior de copydesks, até porque nunca reviram os textos todos nem o seu papel é, na essência, o de revisores ortográficos.
Também não é exacto que nenhum texto da edição de domingo seja revisto. Por um lado, uma parte significativa da edição de domingo é preparada na sexta-feira, podendo os textos passar por desks, o que sucede sempre que possível.
Por outro lado, ao fim-de-semana mantém-se a trabalhar a equipa de desks do Porto, o que permite que os textos que mereçam mais atenção sejam revistos por estes (caso dos textos de primeira página, por exemplo).
A integração electrónica das redacções permite realizar com facilidade esta partilha de trabalho.
Quanto ao futuro deverá em breve ser realizada uma actualização do dicionário integrado nos programas editoriais que esperamos venha a melhorar substancialmente a detecção de gralhas e erros de concordância.
Mas, insisto, o foco tem de continuar a ser apontado à exigência de mais cuidado na redacção por parte de todos os jornalistas e de garantir que há sempre um colega ou um editor que relê o texto que escrevemos.
Compreendo e partilho o desespero com as gralhas mas, insisto, mesmo contando com os períodos em que a equipa está mais debilitada (férias, por exemplo), penso que a situação não tem piorado, antes pelo contrário”, considera José Manuel Fernandes.

O simples facto de o PÚBLICO enunciar os problemas pode significar um princípio de solução.
A empresa decidiu alterar (no seguimento da última crónica do Provedor) o estatuto dos suplementos, encartes, destacáveis e demais iniciativas comerciais cuja responsabilidade editorial não seja do PÚBLICO, e que são ou venham a ser distribuídos em banca conjuntamente com o jornal.
A menção “Faz parte integrante do PÚBLICO” é substituída por “Suplemento distribuído em conjunto com o jornal PÚBLICO.”

domingo, fevereiro 12, 2006 

NÃO HÁ LIBERDADE COM CENSURA

A crise provocada pela publicação das caricaturas dinamarquesas de Maomé suscitou, inevitavelmente, o envio de mensagens electrónicas ao Provedor.

Na celebração dos 100 anos de António Gedeão, poeta e humanista, importa recordar, que o ‘mundo só pula e avança/ como bola colorida/ entre as mãos de uma criança’, caso eu respeite profundamente a liberdade e as convicções do outro, em prol da dignidade humana”, escreve a leitora Eveline Monteiro.
Ah, os poetas…

MAOMÉ

Queria saber onde começa a liberdade de imprensa e onde acaba a minha liberdade devido a um qualquer cartoonista sem respeito pela religião dos outros.
Ser árabe ou muçulmano é ser terrorista?
E o que tem Maomé a ver com isto?
Não vos oiço lamentarem-se da falta de liberdade de imprensa para irem, por exemplo, a Guantánamo
”, pergunta por e-mail outro leitor.

As crenças e as convicções devem ser respeitadas, mas a liberdade de imprensa (incluindo a de “um qualquer cartoonista”) não pode ser questionada. Faz parte da essência da própria democracia.
Os cartoonistas políticos sempre foram excomungados pelos defensores do pronto-a-pensar e do politicamente correcto. E continuam a ser eliminados mesmo em alguns jornais que não consideram a informação uma “mercadoria”.
A justificação usual é a contenção de despesas. Pela mesma razão ou com o mesmo pretexto substituíram-se jornalistas profissionais por estagiários. E acabaram com os cartoons.
Os ‘produtos’ polémicos podem ofender os leitores e a empresa acaba por perder anunciantes e clientes.

Quando Jeff MacNelly, o popular e influente caricaturista editorial do Chicago Tribune, faleceu em Junho de 2000, os cartoonistas debateram numa listserv (na internet) qual seria o espaço de tempo considerado respeitoso para enviarem os seus currículos. Uma semana? Um mês? Cinco minutos?
É irrelevante. Cerca de cinco anos depois da morte do vencedor de três Prémios Pulitzer, o Chicago Tribune ainda não tinha contratado um cartoonista full-time para preencher o lugar deixado vago por MacNelly
”, escreveu J.P. Trostle da Associação dos Cartoonistas Editoriais Americanos, na revista de jornalismo Nieman Reports (VOL. 58, NO. 4) da Universidade de Harvard.
O número de cartoonistas tem vindo a decrescer nos EUA. Dos 200 que havia em meados da década de 80, sobreviveram 85.
Em Portugal eles são uma espécie rara.

Um cartoon é, necessariamente, uma opinião expressa de forma controversa. É uma sátira. E deve ser entendida como isso mesmo: um exercício crítico e responsável tanto mais necessário (para não dizer vital) quanto a realidade se resume para muitos cidadãos a infotainment, isto é, a informação despojada da sua obrigação crítica.

"Ser árabe ou muçulmano é ser terrorista?"
Ser árabe ou muçulmano não é ser terrorista.

"E o que tem Maomé a ver com isto?"
Não devia ter, mas, aparentemente, tem ( a começar pela pergunta).

"Não vos oiço lamentarem-se da falta de liberdade de imprensa para irem, por exemplo, a Guantánamo."
Não é assim. Os jornalistas do mundo inteiro denunciam e condenam as restrições impostas
pela administração militar norte-americana em Guantánamo (Cuba).

A liberdade de imprensa não tem partido nem nacionalidade.
De certo modo, ela é uma ideologia em si. É o corolário indispensável dos regimes democráticos.

HOLOCAUSTO

Pedro Aires Oliveira ficou “chocado com o facto de uma revista dirigida por um professor, e, financiada por uma grande editora de livros escolares (por sinal, em guerra aberta com este governo), poder pensar que a actual situação dos docentes do ensino secundário é de alguma
forma ‘comparável’ à das vítimas dos campos de extermínio nazis. Os professores lá terão as suas razões para se sentirem injustiçados com muitas das medidas adoptadas por esta ministra da Educação – mas a vitimização, convenhamos, tem os seus limites.


Este leitor de Lisboa contesta a caricatura publicada na página 64 da “Revista Mensal de Política Educativa” Pontos nos ii, cujo número 1 foi distribuído com a edição do PÚBLICO no passado dia 10 de Janeiro.

A caricatura pretende ‘satirizar’ a política educativa do actual executivo socialista e representa o primeiro-ministro, José Sócrates, trajado como um monarca do Ancien Régime, no cimo de uma escadaria, e com a inscrição ‘Maioria Absoluta’ debaixo do trono. Em baixo, encontramos a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, trajada com o que parece ser a farda de uma guarda de um campo de extermínio Nazi, e encaminhando para um forno crematório (!) uma multidão de professores apavorados (em cima pode ler-se ‘Prof-Incineração’).
Não sei o que será mais reprovável aqui, se o mau gosto do desenho, se a chocante falta de sensibilidade histórica do seu autor. É claro que este poderá argumentar que se trata de uma ‘chalaça’ à polémica que envolveu José Sócrates enquanto ministro do Ambiente, em finais dos anos 90, mas isso seria pura hipocrisia tendo em vista os outros elementos que constam do desenho (o forno crematório, a farda da ‘ministra’
)”, escreve Pedro Aires Oliveira.

Será que entre os responsáveis pela revista (dirigida por um professor, note-se bem) não haverá ninguém com a noção da tragédia de dimensões únicas que foi o Holocausto?
E entre os responsáveis do PÚBLICO? Não deveriam ter mais cuidado em se associarem a uma publicação de tão duvidosa qualidade?”,
pergunta o nosso leitor indignado.

Remetendo para as caricaturas de Maomé, a revista antecipou-se à imprensa árabe que em represália ameaçou na passada semana caricaturar o Holocausto.

O Provedor solicitou esclarecimentos a José Manuel Fernandes, director do PÚBLICO.
“Tenho pouco a dizer sobre a Pontos nos ii, já que não é um produto do jornal, tendo um director autónomo que é responsável pela publicação.
O PÚBLICO distribui várias publicações pelas quais não é editorialmente responsável, desde encartes publicitários a suplementos comerciais (de anúncios de imobiliário, por exemplo) até revistas mais elaboradas como a Pontos nos ii.
Temos o cuidado de verificar se os projectos não são ofensivos, de mau gosto ou entram em choque frontal com a linha editorial do jornal.
O projecto da Pontos nos ii, não sendo o do PÚBLICO, pois não reflecte o pluralismo deste, não nos pareceu ser incompatível com uma distribuição conjunta.
Naturalmente que tal avaliação é feita a priori, sobre o projecto, e não sobre cada edição. Quando sentimos que a concretização dos projectos se traduz em produtos muito distintos e que chocam com a nossa linha editorial, interrompemos os acordos. Não sentimos que tivesse sido o caso.
A indicação de que ‘faz parte integrante da edição nº 5767 do PÚBLICO’ é uma exigência legal para impedir que possam ser vendidas à parte nas bancas. A sua existência não compromete a publicação que, por assim dizer, funciona como ‘barriga de aluguer’.
Quanto ao problema colocado relativamente ao cartoon, mesmo que tivesse sido realizado para o jornal, quais os limites para um cartoonista?
A discussão é muito actual e tem passado pelas páginas do PÚBLICO.
Pela lógica do leitor, o António, do Expresso, nunca poderia ter publicado muitos dos seus cartoons, que ofenderam seguramente muita gente (caso do preservativo no nariz do Papa, ou, para dar um exemplo, que também envolve o Holocausto, um outro cartoon sobre palestinianos com israelitas a fazer de guardas nazis). Ou será que só não nos ofendemos se estivermos de acordo com o humor quando ele é mais cruel?
Mas esta reflexão é mais geral e complexa, já que o mundo do cartoonismo se permite uma liberdade muitas vezes no limite do equilíbrio entre a crítica mordaz e a provocação gratuita. Contudo é assim nas democracias liberais, com as virtudes e os problemas inerentes. Em abstracto diria que um colaborador que, por sistema, preferisse a provocação gratuita ao humor mordaz acabaria por ser dispensado do PÚBLICO. Por razões de, citando Jane Austen, ‘Sense and Sensibility’, isto é, sensibilidade e bom senso”, retorquiu o director do jornal.

O cartoon sobre o Holocausto, à semelhança do que sucede com as caricaturas de Maomé, expressa um bom gosto discutível que só muito dificilmente pode ser enquadrado no conceito comum de bom senso (responsabilidade).
Mas em nome da Democracia não nos assiste o direito de aplicar a um cartoon uma censura prévia, que essa sim é manifestamente assassina da liberdade de imprensa. ■

domingo, fevereiro 05, 2006 

COMPETÊNCIA E INDEPENDÊNCIA

Pensar e decidir em conjunto é uma das características das opiniões públicas em democracia nesta aurora do século XXI.
Por isso mesmo as reacções críticas individuais não só têm cabimento como são de louvar, sobretudo, quando se trata do saudável relacionamento entre o leitor e o seu jornal.

INFORMAÇÃO E PUBLICIDADE

Pedro Costa Lobo escreveu ao Provedor por causa de uma notícia sobre o fim das declarações anuais de IRS apresentada no PUBLICO.PT que terminava com a peculiar menção: “Saiba tudo, amanhã, na edição do PÚBLICO”.

Como já falou da confusão entre informação e publicidade, gostava de saber o que pensa desta notícia (?)”, pergunta o leitor.
O Provedor pediu um esclarecimento ao director do PUBLICO.PT.

É perfeitamente lícito remeter um artigo para outro, quer na edição impressa quer na edição online.
É perfeitamente lícito publicar num serviço gratuito apenas um resumo ou uma parte de uma notícia ou de uma entrevista cuja versão integral se disponibiliza num serviço pago.
Como é lícito promover em anúncios (num jornal ou num site) um artigo que vai ser publicado no dia seguinte.
O que não é lícito é misturar as duas coisas num texto que é apresentado e se pretende que seja exclusivamente uma notícia.
Existe na menção “
Saiba tudo, amanhã, na edição do PÚBLICO” uma intenção promocional e mesmo um convite à compra que não é compatível com o conteúdo de uma notícia.
A menção pode ser feita, mas num espaço claramente promocional.
Tratou-se de um erro, do qual pedimos desculpa aos leitores e que tentaremos que não se repita
”, respondeu José Vítor Malheiros.
O Provedor concorda com a posição assumida pelo responsável do PUBLICO.PT.
E sublinha com agrado que o texto em causa foi posteriormente alterado a pedido de José Vítor Malheiros.
A pergunta do leitor Pedro Costa Lobo era pertinente e teve repercussões.
O PÚBLICO errou, mas apressou-se a corrigir o erro.

DESINFORMAÇÃO

Um leitor (do Reino Unido?) colocou ao Provedor “duas questões que entroncam na mesma interrogação”: “Que direitos tem o leitor ao adquirir um jornal impresso?”
Comecemos pela primeira questão: a da “desinformação”.

Efectivamente a leitura da edição de hoje, 24 de Janeiro 2006, leva-me a indagar se o leitor que paga pelo jornal poderá exigir rigor na informação prestada?
Exemplo: Na página 23, secção Sociedade-Flashes, surge a notícia sob o título
Inglaterra Aborto só com autorização dos pais’.
Esta notícia é um exemplo flagrante de desinformação.
É difícil entender como se pode noticiar exactamente o inverso do que aconteceu, mas certamente alguma explicação existirá
”, pergunta o leitor.

Franklin Oliveira também contestou por e-mail o teor da mesma notícia.
Venho por este meio manifestar a minha incompreensão, dúvida entre outras coisas que me ocorrem a propósito.
De facto, a notícia veiculada em meios de comunicação ingleses é precisamente a inversa da que V. divulgam na V. publicação.
Concretizando, a BBC dizia ainda ontem que a Sra. que motivou o processo agora decidido em tribunal tinha ficado decepcionada pelo facto de não lhe caber a decisão e não ter sequer o
direito a ser informada das opções que fossem aconselhadas à filha pelos organismos competentes do Estado.
Decorre da decisão do tribunal que a filha, mesmo menor, tem direito à reserva da sua privacidade e a ser protegida de opções que familiares poderiam tomar e eventualmente ser
lesivos do seu melhor interesse.
A questão é que V. deram a notícia exactamente ao contrário e isso é estranho, em muitos aspectos, como pode imaginar
”, constata o leitor.

O Provedor indagou a veracidade dos factos.
O aborto para menores de 16 anos na Grã-Bretanha não requer a autorização dos pais, ao contrário do que noticiou o PÚBLICO.

Pedi explicações ao responsável da secção Sociedade.
A informação chegou ao jornal via (agência noticiosa) Reuters e, lamentavelmente, o jornalista que a traduziu cometeu um erro e ‘mudou’ o sentido da decisão do tribunal britânico.
O texto não foi revisto pelo editor que o tinha pedido, mas sim por outro, que não tinha conhecimento do teor da notícia original, pelo que não descortinou o erro de tradução.
Na sua edição do dia seguinte o PÚBLICO fez uma rectificação, na coluna de abertura da secção Sociedade, onde o trabalho fora publicado na véspera
”, retorquiu Luís Francisco.

O PÚBLICO errou, mas rectificou a seguir.

MAIS ERROS

Venho apenas manifestar a minha indignação perante um pequeno texto publicado na última página do caderno ‘Local Centro’ da edição da passada 3ª feira, dia 31 de Janeiro.
Pretendia o referido texto divulgar uma exposição que assinala a celebração do bicentenário do nascimento de Hans Christian Andersen, a ter lugar em Castelo Branco. Mas o nome do
célebre escritor e artista é escrito de forma errada ao longo de todo o texto (Anderson), num total de cinco vezes, desde o título à ficha da exposição.
Não se trata por isso de uma gralha ou sequer de um problema de revisão de texto mas sim, e quando está em causa uma personalidade tão célebre e mundialmente celebrada, de manifesta falta de cultura do autor de tais linhas.
A homenagem que nunca é demais fazer, como referia o título, ficou ‘manchada’...”,
escreve Patrícia da Costa Ferreira.

A leitora tem toda a razão.
De acordo com José Augusto Moreira, editor do caderno “Local Centro”, “os erros não se justificam. Reconhecem-se e humildemente procura-se que não se repitam.
Neste caso, constata-se, agora, que a grafia errada usada pela autora se repetiu ao longo de todo o texto, um erro que, lamentavelmente, não foi detectado, quer pelo editor quer na revisão. Talvez pela coerência...
Resta, portanto, pedir desculpas aos leitores e agradecer a atenção da leitora.”


O editor reconhece (sem subterfúgios) o erro e explica como ocorreu.
É o importante. A legitimidade do PÚBLICO cimenta-se também desta forma, dia após dia.

A qualidade do português praticado no PÚBLICO suscitou igualmente algumas imprecações.
Jorge Vieira, por exemplo, apela a “um maior cuidado na redacção e publicação de notícias” antes de citar um parágrafo (Última Hora) repleto de erros.

“(...) A fraticida pelo luta poder a que se assiste no interior do partido desde a morte de Yasser Arafat e a corrupção que grassa nas instituições desde sempre demoninadas pela Fatah são as principais razões que levam os eleitores a apostar nos integristas, em detrimento da formação secular...”

As gralhas e os erros sucedem-se. E as perguntas dos leitores não se assemelham, necessariamente.

Poderá (o leitor) exigir que os artigos sejam escritos em português correcto?
A quantidade de erros (e não gralhas) que existem nos artigos tem nestes últimos anos aumentado ao ponto de me levar a crer que no PÚBLICO já não existam revisores. Atente-se, por exemplo, no segundo parágrafo do artigo assinado por Anabela Campos na página 33. Começa assim: ‘
Testemunha defesa, João Martins...
Em meu entender esta atitude descuidada perante a escrita resulta, na prática, no que noutras circunstâncias seria considerado um produto com defeito e passível de troca por outro ou na impossibilidade de troca por restituição do valor pago.
Se os leitores se dirigissem ao PÚBLICO para proceder a devolução do ‘produto com defeito’ com base neste argumento qual seria em seu entender a atitude a tomar pelos responsáveis da publicação?”,
indaga o leitor (do Reino Unido?).

José Manuel Fernandes, director do PÚBLICO, responde que “o sistema antigo de produção de jornais incluía escrita pelo jornalista, edição pelo editor, fotocomposição e revisão.
A informatização eliminou a composição e a revisão. Em contrapartida, jornais como o PÚBLICO têm desks que revêem e podem também melhorar os textos, mas só de uma pequena parte de tudo o que é produzido.
O princípio é o texto ser lido pelo editor ou substituto, sendo uma das suas funções corrigir as gralhas. Os dicionários e correctores associados aos programas de texto e de paginação também ajudam, mas não são perfeitos.
Com menos passos de revisão e um processo de produção mais intenso (mais páginas, mais textos, menos tempo) a probabilidade de gralhas aumenta apesar de todos os cuidados.
Mesmo assim o objectivo que perseguimos é o de ‘zero gralhas’, mesmo sabendo que isso é muito difícil.
Um jornal com gralhas é, naturalmente, um jornal defeituoso, mas como se trata de um produto de vida curta (24horas) não é razoável a substituição, mas o esforço de fazer melhor no dia seguinte.
Quando se trata de produtos mais duráveis (livros, cd), a política do jornal tem sido substituir os exemplares defeituosos.”


É uma explicação aceitável.
Mas a imprensa tem uma responsabilidade acrescida no que respeita à língua.
Em matéria de “deixa andar” linguístico já basta as televisões que temos.

PAPEL

O leitor Quadro Flores pede a interferência do Provedor “no sentido de ser melhorada a qualidade do papel em que é impresso o PÚBLICO; apresenta-se não só de cor amarelada como, principalmente, com vincos que impedem a leitura de uma ou duas linhas”.

De facto, o papel “amarelado” em que é impresso o jornal apresenta, por vezes, vincos que podem dificultar a leitura dos textos.

Solicitei explicações ao director do PÚBLICO.

A qualidade do papel sofre, por vezes, flutuações em função do respectivo fornecedor, sucedendo também que alguns dos problemas citados derivam de problemas de impressão que, para serem superados, implicam um investimento elevado dos nossos fornecedores. Esses investimentos, porém, já estão em curso”, respondeu José Manuel Fernandes.

Os esclarecimentos estão dados.

DETURPAÇÃO

Na notícia (publicada a 31 de Janeiro) sobre uma manifestação de comerciantes da comunidade cigana em Beja, o Jornalista Carlos Dias optou por colocar um título, sobre o qual existe uma mera referência no texto. Isto é, uma manifestação (algo que foi organizado em comum e discutido em comum por várias pessoas) transformou-se em algo contra o comércio chinês porque apenas uma pessoa o disse durante a manifestação.
Acho que esta ‘deturpação’ dos factos gravíssima, porque lendo apenas o título dá-nos a ideia de que há uma comunidade contra a outra, algo que é falso, na medida em que o jornalista pegou na afirmação de uma pessoa e transformou-a na razão da manifestação. Penso que a notícia está bem relatada, só não percebo a clara intenção de transmitir uma imagem através do título que não é real
”, escreve a leitora Ana Cruz.

O título em causa é “Ambulantes de Beja queixam-se do comércio chinês”.

O Provedor colocou a questão ao autor da reportagem.

O título foi da responsabilidade da redacção em Lisboa. O que escolhi para a peça dizia: ‘ Comerciantes de etnia cigana contra mercado quinzenal em Beja.
A manifestação/concentração de elementos da etnia cigana, não foi suscitada por uma movimentação contra a comunidade chinesa, conforme se pode aferir do conteúdo da notícia.
Limitei-me a transcrever um pormenor de reportagem, partindo de uma constatação, ou seja: o comentário do vendedor ambulante, não é uma posição isolada. Retrata, afinal, uma reserva que é extensível aos comerciantes não ciganos, que encaram o comércio chinês com indisfarçável incomodidade
”, comunicou Carlos Dias.

1 – O título “Ambulantes de Beja queixam-se do comércio chinês” é incorrecto.
Nada na reportagem (à excepção de um testemunho) permite chegar a tal conclusão.
E o próprio repórter reconhece que a manifestação “não foi suscitada por uma movimentação contra a comunidade chinesa”.
Os jornalistas do PÚBLICO propõem os títulos, mas a realidade é (como sempre) mais ambígua. Há casos em que é necessário alterar os títulos por razões meramente técnicas (paginação), mas isso não pode desvirtuar o sentido dos textos.
E foi isso que sucedeu.

2 – A explicação do jornalista (segundo o qual “o comentário do vendedor ambulante, não é uma posição isolada. Retrata, afinal, uma reserva que é extensível aos comerciantes não ciganos, que encaram o comércio chinês com indisfarçável incomodidade”) não está no texto da reportagem.
E devia estar porque é um elemento importante da notícia.
O repórter e a chefia erraram.

Só os maus jornais não têm derrapagens editoriais.

Sobre o blog

  • O blogue do Provedor do Leitor do PÚBLICO foi criado para facilitar a expressão dos sentimentos e das opiniões dos leitores sobre o PÚBLICO e para alargar as formas de contacto com o Provedor.

    Este blogue não pretende substituir as cartas e os e-mails que constituem a base do trabalho do Provedor e que permitem um contacto mais pessoal, mas sim constituir um espaço de debate, aberto aos leitores. À Direcção do PÚBLICO e aos seus jornalistas em torno das questões levantadas pelo Provedor.

    Serão, aqui, publicados semanalmente os textos do Provedor do Leitor do PÚBLICO e espera-se que eles suscitem reacções. O Provedor não se pode comprometer a responder a todos os comentários nem a arbitrar todas as discussões que aqui tiverem lugar. Mas ele seguirá atentamente tudo o que for aqui publicado.

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