"7 HORRORES DE PORTUGAL" - COMENTÁRIO 44
Caro Sr. Rui Araújo,
A propósito do concurso sobre as novas 7 Maravilhas do Mundo, queria deixar aqui umas notas acerca do trabalho sobre o mesmo que o Público traz hoje no seu destaque.
Primeiro a nota crítica para a inexistência de uma referência sobre quais seriam as 7 Maravilhas do Mundo Antigo.
Na notícia "Brasil e Índia são os mais mobilizados e o Vaticano o mais indignado", a jornalista Alexandra Prado Coelho até diz que «os gregos [fizeram] a lista inicial», quando isso não é exactamente verdade. Foi um poeta grego, não "os gregos", quem primeiro elaborou a lista completa tal como ela hoje é conhecida. A forma como a jornalista refere o assunto dá a impressão de ter existido uma espécie de concurso "à antiga" para a "eleição" desses monumentos.
Já na descrição das "Maravilhas" que é feita nas páginas 4 e 5, se podem encontrar umas incorrecções. Diz-se que o Castelo de Neuschwanstein foi concluído depois de Luís da Baviera ter sido deposto. Isto é incorrecto no sentido em que o castelo nunca chegou a ser conluído. A Muralha da Chine é, pela enésima vez, tomada como «o único [monumento] que será visível do espaço», assim perpetuando um mito falso ou, no mínimo, inconsistente. A Grande Muralha da China será possivelmente visível em órbita da Terra (o que não significa "do espaço"), em condições perfeitas, por astronautas que terão desde logo visão essencialmente perfeita e apenas se souberem onde olhar. Os astronautas que tentaram chegaram à conclusão que haveria muitos outros objectos feitos pelo homem que eram muito mais visíveis.
É possível que existam outros erros, mas não serei eu a pessoa indicada para os apontar. Deixo apenas a chamada de atenção para o erro facilitista no texto que acompanha o Mosteiro da Batalha sobre o concurso das 7 Maravilhas de Portugal. Diz-se que o mosteiro foi construído «ao longo do século XV». Tendo a construção do mosteiro sido iniciada em 1386 e terminada em 1517, dificilmente se pode dizer que foi apenas "ao longo do sec. XV", uma vez que se iniciou no sec. XIV e terminou no sec. XVI. Dizer que todos os monarcas ali deixaram a sua marca, então, é um pedaço de texto de tal forma para encher que mais valeria não estar presente.
Os meus melhores cumprimentos,
João Sousa André
A propósito do concurso sobre as novas 7 Maravilhas do Mundo, queria deixar aqui umas notas acerca do trabalho sobre o mesmo que o Público traz hoje no seu destaque.
Primeiro a nota crítica para a inexistência de uma referência sobre quais seriam as 7 Maravilhas do Mundo Antigo.
Na notícia "Brasil e Índia são os mais mobilizados e o Vaticano o mais indignado", a jornalista Alexandra Prado Coelho até diz que «os gregos [fizeram] a lista inicial», quando isso não é exactamente verdade. Foi um poeta grego, não "os gregos", quem primeiro elaborou a lista completa tal como ela hoje é conhecida. A forma como a jornalista refere o assunto dá a impressão de ter existido uma espécie de concurso "à antiga" para a "eleição" desses monumentos.
Já na descrição das "Maravilhas" que é feita nas páginas 4 e 5, se podem encontrar umas incorrecções. Diz-se que o Castelo de Neuschwanstein foi concluído depois de Luís da Baviera ter sido deposto. Isto é incorrecto no sentido em que o castelo nunca chegou a ser conluído. A Muralha da Chine é, pela enésima vez, tomada como «o único [monumento] que será visível do espaço», assim perpetuando um mito falso ou, no mínimo, inconsistente. A Grande Muralha da China será possivelmente visível em órbita da Terra (o que não significa "do espaço"), em condições perfeitas, por astronautas que terão desde logo visão essencialmente perfeita e apenas se souberem onde olhar. Os astronautas que tentaram chegaram à conclusão que haveria muitos outros objectos feitos pelo homem que eram muito mais visíveis.
É possível que existam outros erros, mas não serei eu a pessoa indicada para os apontar. Deixo apenas a chamada de atenção para o erro facilitista no texto que acompanha o Mosteiro da Batalha sobre o concurso das 7 Maravilhas de Portugal. Diz-se que o mosteiro foi construído «ao longo do século XV». Tendo a construção do mosteiro sido iniciada em 1386 e terminada em 1517, dificilmente se pode dizer que foi apenas "ao longo do sec. XV", uma vez que se iniciou no sec. XIV e terminou no sec. XVI. Dizer que todos os monarcas ali deixaram a sua marca, então, é um pedaço de texto de tal forma para encher que mais valeria não estar presente.
Os meus melhores cumprimentos,
João Sousa André