COMENTÁRIOS - 9
Embora não me tenha sido pedida, gostaria de dar a minha opinião sobre a remodelação feita no PÚBLICO.
Nada tenho contra o P muito maiúsculo com o nome do jornal lá dentro. Nada tenho, aliás, contra mudanças de uma maneira geral. São necessárias e mesmo essenciais para aquilo que habitualmente se designa por ‘descolamento da rotina’. Contudo, gostaria de fazer alguns reparos, como leitor do jornal desde o seu número 1, já há longos anos.
1.O uso da fotografia a cores pareceu-me excessivo, mas admito que poderá ser uma resultante da falta de hábito. Mesmo assim, creio que demasiadas fotografias podem retirar alguma imagem de seriedade à publicação. Muitas pessoas estarão, incluindo eu próprio, mais formatadas mentalmente para uma revista ou um suplemento a cores – o que, pelo seu suporte, até aguenta mais esse tipo de fotografia. Seja o papel de uma revista como a Pública, seja por exemplo a vossa separata ípsilon têm uma contextura diferente da do jornal diário. Poderá argumentar-se que a cor nada tem a ver com a seriedade de uma publicação. Em princípio, não discordo, mas quando vejo fotografias demasiado grandes para o tamanho do texto... Ou mesmo o Grande Plano, que ocupa duas páginas! Entretanto, achei a ípsilon excelente!
2.Notei logo no número de segunda-feira, e em todos os outros desde então, que o jornal caiu no mesmo erro (é, evidentemente, uma opinião pessoal) de uma outra remodelação que fez há anos: os problemas de palavras cruzadas passaram de dois a apenas um e, mais grave, as casas para inscrição das palavras são agora, tal como nessa altura, de dimensão francamente menor. O reduzido tamanho das casas desencoraja quem gosta de resolver palavras cruzadas! E afasta leitores.
3.Reparei, nas edições a partir de 3ª feira, que a informação sobre cotações da bolsa, fundos de investimento, etc. não existia na sua forma habitual. É uma enorme pecha para quem estava desde há anos habituado a consultar esta informação entre 3ª feira e sábado. Para mim, e decerto para outros leitores, esta é a falta mais grave. Também é de molde a afastar compradores do jornal. Pessoalmente, haverá dias em que comprarei o DN em vez do PÚBLICO, porque preciso dessa informação.
4.O P2, diário, parece-me claramente exagerado, no estilo de agradar basicamente ao povo que não gosta de se cansar a pensar. O número de 2ª feira continha coisas como ‘Ninguém pára a Carolina, olé!’, ‘Os Police estão prontos para voltar?’ Filmes, canções, moda. Onde é que eu já vi isto?
Certamente nos jornais que me recuso a comprar. As páginas diariamente ocupadas por cinema, televisão e teatro são em número de cinco. Parece-me muito para quem eliminou a informação financeira acima referida.
5.Gostei do estilo de a página 1 sumariar notícias que depois terão o seu desenvolvimento no interior do jornal.
6.Remeter os comentadores para as páginas finais não me desagrada, uma vez que, depois de olhar para a primeira página, folheio geralmente o jornal de trás para diante, mas esconder o bartoon no P2 é sacrilégio.
7.Infelizmente, não dedicaram mais espaço para cartas dos leitores. Trata-se da clássica questão de prevalência ou não da fotografia sobre a palavra. O Público costumava favorecer mais a palavra e não abusava das grandes titulagens. Felizmente que mantém os seus colaboradores habituais, de que me permito salientar São José Almeida, Vital Moreira, António Barreto, Pulido Valente, Teixeira da Mota, André Freire, António Ramos, Rui Tavares, Helena Matos, Bénard da Costa, Teresa de Sousa, Prado Coelho e Cintra Torres. E é pena que M. Sousa Tavares tenha saído.
O meu comentário por ora é este. Faço-o com intenção construtiva, como é evidente. Não haveria outra possibilidade, quando se lê o mesmo jornal há 17 anos. Parabéns pela mudança, e atenção aos reparos das tabelas de fundos financeiros e à questão das palavras cruzadas. Boas vendas!
José Manuel Carvalho Oliveira, professor universitário de Lisboa.
Nada tenho contra o P muito maiúsculo com o nome do jornal lá dentro. Nada tenho, aliás, contra mudanças de uma maneira geral. São necessárias e mesmo essenciais para aquilo que habitualmente se designa por ‘descolamento da rotina’. Contudo, gostaria de fazer alguns reparos, como leitor do jornal desde o seu número 1, já há longos anos.
1.O uso da fotografia a cores pareceu-me excessivo, mas admito que poderá ser uma resultante da falta de hábito. Mesmo assim, creio que demasiadas fotografias podem retirar alguma imagem de seriedade à publicação. Muitas pessoas estarão, incluindo eu próprio, mais formatadas mentalmente para uma revista ou um suplemento a cores – o que, pelo seu suporte, até aguenta mais esse tipo de fotografia. Seja o papel de uma revista como a Pública, seja por exemplo a vossa separata ípsilon têm uma contextura diferente da do jornal diário. Poderá argumentar-se que a cor nada tem a ver com a seriedade de uma publicação. Em princípio, não discordo, mas quando vejo fotografias demasiado grandes para o tamanho do texto... Ou mesmo o Grande Plano, que ocupa duas páginas! Entretanto, achei a ípsilon excelente!
2.Notei logo no número de segunda-feira, e em todos os outros desde então, que o jornal caiu no mesmo erro (é, evidentemente, uma opinião pessoal) de uma outra remodelação que fez há anos: os problemas de palavras cruzadas passaram de dois a apenas um e, mais grave, as casas para inscrição das palavras são agora, tal como nessa altura, de dimensão francamente menor. O reduzido tamanho das casas desencoraja quem gosta de resolver palavras cruzadas! E afasta leitores.
3.Reparei, nas edições a partir de 3ª feira, que a informação sobre cotações da bolsa, fundos de investimento, etc. não existia na sua forma habitual. É uma enorme pecha para quem estava desde há anos habituado a consultar esta informação entre 3ª feira e sábado. Para mim, e decerto para outros leitores, esta é a falta mais grave. Também é de molde a afastar compradores do jornal. Pessoalmente, haverá dias em que comprarei o DN em vez do PÚBLICO, porque preciso dessa informação.
4.O P2, diário, parece-me claramente exagerado, no estilo de agradar basicamente ao povo que não gosta de se cansar a pensar. O número de 2ª feira continha coisas como ‘Ninguém pára a Carolina, olé!’, ‘Os Police estão prontos para voltar?’ Filmes, canções, moda. Onde é que eu já vi isto?
Certamente nos jornais que me recuso a comprar. As páginas diariamente ocupadas por cinema, televisão e teatro são em número de cinco. Parece-me muito para quem eliminou a informação financeira acima referida.
5.Gostei do estilo de a página 1 sumariar notícias que depois terão o seu desenvolvimento no interior do jornal.
6.Remeter os comentadores para as páginas finais não me desagrada, uma vez que, depois de olhar para a primeira página, folheio geralmente o jornal de trás para diante, mas esconder o bartoon no P2 é sacrilégio.
7.Infelizmente, não dedicaram mais espaço para cartas dos leitores. Trata-se da clássica questão de prevalência ou não da fotografia sobre a palavra. O Público costumava favorecer mais a palavra e não abusava das grandes titulagens. Felizmente que mantém os seus colaboradores habituais, de que me permito salientar São José Almeida, Vital Moreira, António Barreto, Pulido Valente, Teixeira da Mota, André Freire, António Ramos, Rui Tavares, Helena Matos, Bénard da Costa, Teresa de Sousa, Prado Coelho e Cintra Torres. E é pena que M. Sousa Tavares tenha saído.
O meu comentário por ora é este. Faço-o com intenção construtiva, como é evidente. Não haveria outra possibilidade, quando se lê o mesmo jornal há 17 anos. Parabéns pela mudança, e atenção aos reparos das tabelas de fundos financeiros e à questão das palavras cruzadas. Boas vendas!
José Manuel Carvalho Oliveira, professor universitário de Lisboa.