COMENTÁRIOS - 5
Bom dia!
Escolhi "crítica", pois irei efectuar algumas observações adjectivadas em relação ao novo Público.
Eu lia o Público desde o seu aparecimento, ou seja, desde os meus 13 anos. Era o meu jornal diário. Não me recordo se o que me cativou no jornal foi, a início, o formato (diferente de todos os outros de então), ou o Calvin (excelente escolha para a tira de final de página). Mas, o que ficou foi sempre a profundidade dos temas e dos textos, o tratamento da informação e a qualidade dos cronistas do jornal.
Tendo estado fora do país um mês, regresso dois dias antes da "entrada em vigor" da sua nova imagem. E temo pelo pior, ainda dentro do avião de retorno.
Segunda-feira, 12 de Fevereiro, primeiro dia com o novo formato, como usual, leio o jornal logo pela manhã. E a grande observação que faço é: um jornal que eu demorava 30 minutos (numa média mental e sem grandes preocupações estatísticas) a ler, agora se fica pelos 5 (se tanto, já dei por mim a lê-lo em menos). Podia ser o choque do primeiro dia. Podia, mas não foi.
A opção pelas imagens coloridas, pelo tamanho considerável que muitas delas ocupam, pela diminuição do espaço relativo ao texto, trouxe-me à mente os jornais gratuitos que são fornecidos nos transportes públicos e em algumas ruas.
Desconheço se era intenção aproximar o Público do Destak ou do Metro, mas, se era, foi bem conseguida.
A relegação da opinião e editorial para as páginas finais desagradou-me de igual forma, estavam muito melhor no início e, quer se goste ou não, a ideia que transmite é de uma menorização dos mesmos em relação a outros assuntos, que surgem antes na nova versão do jornal.
Desagradou-me também o novo ípsilón, o antigo e o Mil Folhas eram incomparavelmente superiores. Mas esta tendência de fusão de suplementos já vinha de antes: o Pop Rock deu origem ao Sons, que deu origem ao Y e agora, o ípsilón. Sucede que esta poupança de custos tem as suas nuances, e sinceramente, o efeito não foi dos mais agradáveis. Bem como a extinção da revista Xis e a sua integração na Pública (que, em termos visuais, é inferior à antiga revista).
A extinção do caderno Local, e a criação do suplemento P2 são mais dois esforços de reposicionamento. Que, temo, possam sair caros. O P2 sofre de uma certa síndrome de tabloidização, a que o Público ia escapando, mas que o "novo" Público parece aderir com força e alegria.
E são esforços de reposicionamento, pois parece que o público-alvo do jornal mudou. Pois, eu também, deixei de ler o jornal todos os dias pela manhã. E deixei de sentir a necessidade de o ler. Eventualmente, poderia ocorrer a necessidade e/ou vontade de captar o público feminino. Ledo engano, o público feminino que não lia o jornal, vai continuar a preferir uma revista ou outro género de jornal como o JN. Pode também captar leitores de outros jornais, ou, numa ideia mais peregrina, pessoas que não liam o jornal. Pode. Mas pode perder imensos leitores de há muitos anos.
Portanto, pelo menos um leitor fiel e assíduo o Público perdeu. Espero que os que ganhe sejam recompensadores e, sobretudo, que o Público não se admire se, com a sua nova imagem, for perdendo progressivamente o epíteto de "jornal de referência". É que, na sua imagem actual, aquela que se tem ao passar por uma banca de jornais, é algo que não tem.
Quanto ao novo logotipo, desculpem-me os designers iluminados, mas é simplesmente horrível. E abdicar de uma imagem consolidada é uma aposta arriscada.
Se for ganha, os meus parabéns. Desejo as maiores felicidades ao jornal. Eu é que lamento ter perdido o meu jornal diário.
Vasco Carvalhal
P.S.: acompanhei, no seu Blogue, a polémica que teve com a jornalista Clara Barata. Queria lhe dizer que concordo inteiramente consigo e que esteve longe de ser a primeira vez em que tais situações se passaram (quer no Público, quer em outros jornais). A posição da jornalista é indefensável, mas, infelizmente, nem sempre sobeja humildade para as pessoas reconhecerem os erros... Votos de continuação de um excelente trabalho. Com franqueza, é o que tem feito até aqui.
Escolhi "crítica", pois irei efectuar algumas observações adjectivadas em relação ao novo Público.
Eu lia o Público desde o seu aparecimento, ou seja, desde os meus 13 anos. Era o meu jornal diário. Não me recordo se o que me cativou no jornal foi, a início, o formato (diferente de todos os outros de então), ou o Calvin (excelente escolha para a tira de final de página). Mas, o que ficou foi sempre a profundidade dos temas e dos textos, o tratamento da informação e a qualidade dos cronistas do jornal.
Tendo estado fora do país um mês, regresso dois dias antes da "entrada em vigor" da sua nova imagem. E temo pelo pior, ainda dentro do avião de retorno.
Segunda-feira, 12 de Fevereiro, primeiro dia com o novo formato, como usual, leio o jornal logo pela manhã. E a grande observação que faço é: um jornal que eu demorava 30 minutos (numa média mental e sem grandes preocupações estatísticas) a ler, agora se fica pelos 5 (se tanto, já dei por mim a lê-lo em menos). Podia ser o choque do primeiro dia. Podia, mas não foi.
A opção pelas imagens coloridas, pelo tamanho considerável que muitas delas ocupam, pela diminuição do espaço relativo ao texto, trouxe-me à mente os jornais gratuitos que são fornecidos nos transportes públicos e em algumas ruas.
Desconheço se era intenção aproximar o Público do Destak ou do Metro, mas, se era, foi bem conseguida.
A relegação da opinião e editorial para as páginas finais desagradou-me de igual forma, estavam muito melhor no início e, quer se goste ou não, a ideia que transmite é de uma menorização dos mesmos em relação a outros assuntos, que surgem antes na nova versão do jornal.
Desagradou-me também o novo ípsilón, o antigo e o Mil Folhas eram incomparavelmente superiores. Mas esta tendência de fusão de suplementos já vinha de antes: o Pop Rock deu origem ao Sons, que deu origem ao Y e agora, o ípsilón. Sucede que esta poupança de custos tem as suas nuances, e sinceramente, o efeito não foi dos mais agradáveis. Bem como a extinção da revista Xis e a sua integração na Pública (que, em termos visuais, é inferior à antiga revista).
A extinção do caderno Local, e a criação do suplemento P2 são mais dois esforços de reposicionamento. Que, temo, possam sair caros. O P2 sofre de uma certa síndrome de tabloidização, a que o Público ia escapando, mas que o "novo" Público parece aderir com força e alegria.
E são esforços de reposicionamento, pois parece que o público-alvo do jornal mudou. Pois, eu também, deixei de ler o jornal todos os dias pela manhã. E deixei de sentir a necessidade de o ler. Eventualmente, poderia ocorrer a necessidade e/ou vontade de captar o público feminino. Ledo engano, o público feminino que não lia o jornal, vai continuar a preferir uma revista ou outro género de jornal como o JN. Pode também captar leitores de outros jornais, ou, numa ideia mais peregrina, pessoas que não liam o jornal. Pode. Mas pode perder imensos leitores de há muitos anos.
Portanto, pelo menos um leitor fiel e assíduo o Público perdeu. Espero que os que ganhe sejam recompensadores e, sobretudo, que o Público não se admire se, com a sua nova imagem, for perdendo progressivamente o epíteto de "jornal de referência". É que, na sua imagem actual, aquela que se tem ao passar por uma banca de jornais, é algo que não tem.
Quanto ao novo logotipo, desculpem-me os designers iluminados, mas é simplesmente horrível. E abdicar de uma imagem consolidada é uma aposta arriscada.
Se for ganha, os meus parabéns. Desejo as maiores felicidades ao jornal. Eu é que lamento ter perdido o meu jornal diário.
Vasco Carvalhal
P.S.: acompanhei, no seu Blogue, a polémica que teve com a jornalista Clara Barata. Queria lhe dizer que concordo inteiramente consigo e que esteve longe de ser a primeira vez em que tais situações se passaram (quer no Público, quer em outros jornais). A posição da jornalista é indefensável, mas, infelizmente, nem sempre sobeja humildade para as pessoas reconhecerem os erros... Votos de continuação de um excelente trabalho. Com franqueza, é o que tem feito até aqui.