NÃO HÁ ALMOÇOS GRÁTIS, MAS… – PARTE I
Israel e o Líbano suscitaram inúmeros comentários.
“Li num blogue que o director do PÚBLICO foi a Israel pago pelo Ministério israelita dos Negócios Estrangeiros. Nas várias notícias que li do Sr. José Manuel Fernandes não vi nenhuma nota no artigo sobre esta situação que a ser verdadeira me parece grave. O mínimo que se exige, é que em TODOS os artigos do director do PÚBLICO, durante essa viagem, houvesse uma nota a alertar os leitores.
Não está em causa a honestidade pessoal do Sr. Fernandes que, na minha opinião, escreveria propaganda a Israel mesmo gratuitamente, está em causa o jornal identificar quem lhe paga as viagens quando isso colide com o conteúdo das reportagens. Era o mesmo que eu não saber que um jornalista que escreve, por exemplo, sobre Mercedes é pago pela Mercedes”, considera Nuno Ramos de Almeida (que me escreve “como leitor” apesar de trabalhar “neste momento como director do jornal do Bloco de Esquerda” e de ser “editor do Portal do BE - www.esquerda.net http://spectrum.weblog.com.pt/arquivo/2006/07/made_in_mossad.html”).
José Manuel Fernandes escreveu (no seguimento da sua viagem a Israel) duas notícias e uma análise. As mesmas foram publicadas nos dias 14 (página 4), 15 (pág. 4) e 17 de Julho (pág. 5). E o PÚBLICO assinalou (por três vezes) que o seu director “viajou a convite do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel”. A 17 de Julho o director também escreveu um editorial sobre o assunto onde não repetiu a indicação de que tinha estado em Israel. Era redundante.
O leitor não tem razão.
“Fiquei verdadeiramente atónita perante o facto de o director do ‘PÚBLICO’, José Manuel Fernandes, ter aceitado deslocar-se a Israel num momento destes, a convite e a expensas do governo israelita. Pode um jornal como o ‘PÚBLICO’, que preza a sua independência, ter um jornalista a relatar a guerra POR CONTA de uma das partes beligerantes?! Aceitaria o ‘PÚBLICO’ enviar ao sul do Líbano um outro dos seus jornalistas, mesmo em posição menos responsável e comprometedora que o director, para lá andar POR CONTA do Hezzbollah? Creio que andaria bem em não aceitar. Mas a própria confiança na provável recusa do ‘PÚBLICO’ a essa outra dependência suscita uma pergunta incómoda: então porquê a assimetria? Porque admite o ‘PÚBLICO’ que as suas facturas sejam pagas por uma das partes beligerantes e não pela outra?
A posição correcta seria apenas uma: se o ‘PÚBLICO’ quer informar os seus leitores sobre a guerra, e penso que deve fazê-lo, envie para o terreno jornalistas sem qualquer enfeudamento a nenhuma das forças em presença e pague-lhes, ele, jornal, os almoços e o mais que houver a pagar. Não há almoços grátis – e sobre o produto jornalístico deste agenciamento da viagem de JMF muito haveria a dizer. Não quero ir agora por aí: limito-me a admitir que os jornalistas se vejam obrigados a tal ou qual acordo com a força que controla o cenário da reportagem.
Há, entre esses, acordos mais questionáveis e outros menos, jornalistas ‘embedded’ até à obscenidade, e outros mais prudentes e recatados.
O que não é admissível é a aceitação de um financiamento que deixa os leitores do ‘PÚBLICO’ a consumirem, como informação independente, aquilo que obviamente conveio à propaganda do Tsahal”, escreve Elsa Silva.
A leitora questiona problemas importantes. E decididamente actuais, independentemente das acusações graves e não fundamentadas que formula (“– e sobre o produto jornalístico deste agenciamento da viagem de JMF muito haveria a dizer”; “envie para o terreno jornalistas sem qualquer enfeudamento a nenhuma das forças”).
Não comento a expressão andar “POR CONTA” por a mesma ser ofensiva.
Nem sempre é possível efectuar a cobertura jornalística de um conflito junto de todas as forças em presença.
E, por outro lado, o facto de um jornalista viajar a convite (ou com meios) de um dos lados não o impede de ser rigoroso, honesto e independente. O provedor realizou, por exemplo, uma “Grande Reportagem” (RTP) em Timor (1983) com recurso a jipes e a helicópteros fornecidos pelo governo de Jacarta. O apoio facultado pelas autoridades ocupantes não anulou o meu espírito crítico (que me proporcionou nove anos de lista negra indonésia).
Pedi esclarecimentos ao director do PÚBLICO.
Provedor — Até que ponto os jornalistas (incluindo o director do PÚBLICO) não foram utilizados por Israel (antes do início da operação militar de longa duração)?
José Manuel Fernandes (JMF) — O convite foi concretizado sexta-feira, dia 7 de Julho. Na altura não havia qualquer conflito com o Hezbollah, nem era previsível que houvesse. Se o Exército não tivesse sido apanhado de surpresa, não teria deixado capturar dois soldados e matar oito. Quanto a ser utilizado, só é utilizado quem se deixa utilizar.
Comentário do provedor: Só resta saber se a captura dos dois soldados foi, efectivamente, uma surpresa para o Exército. Israel raptou dias antes (24 de Junho) dois civis na Faixa de Gaza. E um dia depois, o Hamas capturou um soldado israelita. O conflito com o Hezbollah, por outro lado, dura há anos...
Provedor — É normal o PÚBLICO aceitar viagens pagas pelo MNE de Israel?
JMF — Sim. Por Israel ou por muitos outros países. A diferença do PÚBLICO é que assinala isso, por questões de transparência, o que poucos ou nenhuns fazem noutros órgãos de informação. A delegação integrava, entre outros, responsáveis do El País, The Times, Süddeutsche Zeitung, Le Figaro e do principal jornal de referência turco. E é normal porque
estes programas são muito intensos e permitem acesso aos mais altos responsáveis, sendo que no caso de Israel incluíam o governo e a oposição.
Comentário do provedor: É verdade que nem todos os jornais convidados referiram que viajaram a custas do governo israelita, mas acredito que seria preferível o PÚBLICO pagar as deslocações dos seus jornalistas.
Aquilo que está aqui em causa é o eventual aproveitamento (manipulação) dos media.
Considero que os convites são legítimos, mas raramente inocentes. Só deviam ser aceites quando não existe outra forma de efectuar a cobertura de um acontecimento.
Provedor — É possível manter uma posição de independência editorial quando os governos pagam as deslocações e proporcionam as entrevistas?
JMF — É. Nas entrevistas não houve qualquer limite para as perguntas, os jornalistas puderam perguntar tudo o que queriam. E o facto de a deslocação ser paga não nos coloca numa posição de menor independência do que aquela que temos quando, por exemplo, acompanhamos o Presidente da República ou o primeiro-ministro numa viagem oficial num avião por eles fretado.
Comentário do provedor: A explicação do director é aceitável. Mas creio que é importante questionar (neste caso preciso) a real motivação das autoridades israelitas. Independentemente do profissionalismo e da boa fé dos jornalistas convidados.
Provedor — Qual é a posição do PÚBLICO (caso exista uma) relativamente à questão Israel/Palestina?
JMF — Não existe posição do PÚBLICO. Basta ler tudo o que foi publicado ao longo dos anos. Nesta crise, à altura tinham sido escritos dois editoriais que o leitor pode consultar (um sexta-feira, outro segunda-feira) e uma análise do redactor principal.
Comentário do provedor: Apesar das opiniões (consideradas controversas por alguns leitores, mas legítimas) do director nos editoriais, o provedor reconhece que o PÚBLICO tem efectuado uma cobertura jornalística decente do Médio Oriente (incluindo o excelente tratamento da realidade palestiniana).
Provedor — Qual é a posição do director?
JMF — A posição do director é de extrema preocupação porque aquele conflito está a ser instrumentalizado por países como o Irão (o próprio Mubaraq disse que tinha quase negociada a libertação do soldado raptado pelo Hamas e que ela só não se concretizou por que o Irão interveio para a bloquear), porque enquanto todos não aceitarem o princípio dos dois Estados será sempre muito difícil encontrar uma situação estável, porque a comunidade internacional está dividida e parece impotente. Mesmo a proposta de Blair de enviar uma força de interposição para o sul do Líbano me parece difícil de concretizar sobretudo porque essa força teria de desalojar o Hezbollah e sofreria muitas baixas. Estarão as nossas opiniões públicas preparadas para isso?
Comentário do provedor: É uma visão do problema. É legítimo perguntar se os EUA (à semelhança do Irão, etc.) também não estão a instrumentalizar o conflito. E se, no fim de contas, aquilo que está em causa não é a liquidação da nação palestiniana…
As reacções das opiniões públicas são em grande parte condicionadas pela comunicação social.
O debate sobre Israel e o Líbano continua na próxima semana…
“Li num blogue que o director do PÚBLICO foi a Israel pago pelo Ministério israelita dos Negócios Estrangeiros. Nas várias notícias que li do Sr. José Manuel Fernandes não vi nenhuma nota no artigo sobre esta situação que a ser verdadeira me parece grave. O mínimo que se exige, é que em TODOS os artigos do director do PÚBLICO, durante essa viagem, houvesse uma nota a alertar os leitores.
Não está em causa a honestidade pessoal do Sr. Fernandes que, na minha opinião, escreveria propaganda a Israel mesmo gratuitamente, está em causa o jornal identificar quem lhe paga as viagens quando isso colide com o conteúdo das reportagens. Era o mesmo que eu não saber que um jornalista que escreve, por exemplo, sobre Mercedes é pago pela Mercedes”, considera Nuno Ramos de Almeida (que me escreve “como leitor” apesar de trabalhar “neste momento como director do jornal do Bloco de Esquerda” e de ser “editor do Portal do BE - www.esquerda.net http://spectrum.weblog.com.pt/arquivo/2006/07/made_in_mossad.html”).
José Manuel Fernandes escreveu (no seguimento da sua viagem a Israel) duas notícias e uma análise. As mesmas foram publicadas nos dias 14 (página 4), 15 (pág. 4) e 17 de Julho (pág. 5). E o PÚBLICO assinalou (por três vezes) que o seu director “viajou a convite do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel”. A 17 de Julho o director também escreveu um editorial sobre o assunto onde não repetiu a indicação de que tinha estado em Israel. Era redundante.
O leitor não tem razão.
“Fiquei verdadeiramente atónita perante o facto de o director do ‘PÚBLICO’, José Manuel Fernandes, ter aceitado deslocar-se a Israel num momento destes, a convite e a expensas do governo israelita. Pode um jornal como o ‘PÚBLICO’, que preza a sua independência, ter um jornalista a relatar a guerra POR CONTA de uma das partes beligerantes?! Aceitaria o ‘PÚBLICO’ enviar ao sul do Líbano um outro dos seus jornalistas, mesmo em posição menos responsável e comprometedora que o director, para lá andar POR CONTA do Hezzbollah? Creio que andaria bem em não aceitar. Mas a própria confiança na provável recusa do ‘PÚBLICO’ a essa outra dependência suscita uma pergunta incómoda: então porquê a assimetria? Porque admite o ‘PÚBLICO’ que as suas facturas sejam pagas por uma das partes beligerantes e não pela outra?
A posição correcta seria apenas uma: se o ‘PÚBLICO’ quer informar os seus leitores sobre a guerra, e penso que deve fazê-lo, envie para o terreno jornalistas sem qualquer enfeudamento a nenhuma das forças em presença e pague-lhes, ele, jornal, os almoços e o mais que houver a pagar. Não há almoços grátis – e sobre o produto jornalístico deste agenciamento da viagem de JMF muito haveria a dizer. Não quero ir agora por aí: limito-me a admitir que os jornalistas se vejam obrigados a tal ou qual acordo com a força que controla o cenário da reportagem.
Há, entre esses, acordos mais questionáveis e outros menos, jornalistas ‘embedded’ até à obscenidade, e outros mais prudentes e recatados.
O que não é admissível é a aceitação de um financiamento que deixa os leitores do ‘PÚBLICO’ a consumirem, como informação independente, aquilo que obviamente conveio à propaganda do Tsahal”, escreve Elsa Silva.
A leitora questiona problemas importantes. E decididamente actuais, independentemente das acusações graves e não fundamentadas que formula (“– e sobre o produto jornalístico deste agenciamento da viagem de JMF muito haveria a dizer”; “envie para o terreno jornalistas sem qualquer enfeudamento a nenhuma das forças”).
Não comento a expressão andar “POR CONTA” por a mesma ser ofensiva.
Nem sempre é possível efectuar a cobertura jornalística de um conflito junto de todas as forças em presença.
E, por outro lado, o facto de um jornalista viajar a convite (ou com meios) de um dos lados não o impede de ser rigoroso, honesto e independente. O provedor realizou, por exemplo, uma “Grande Reportagem” (RTP) em Timor (1983) com recurso a jipes e a helicópteros fornecidos pelo governo de Jacarta. O apoio facultado pelas autoridades ocupantes não anulou o meu espírito crítico (que me proporcionou nove anos de lista negra indonésia).
Pedi esclarecimentos ao director do PÚBLICO.
Provedor — Até que ponto os jornalistas (incluindo o director do PÚBLICO) não foram utilizados por Israel (antes do início da operação militar de longa duração)?
José Manuel Fernandes (JMF) — O convite foi concretizado sexta-feira, dia 7 de Julho. Na altura não havia qualquer conflito com o Hezbollah, nem era previsível que houvesse. Se o Exército não tivesse sido apanhado de surpresa, não teria deixado capturar dois soldados e matar oito. Quanto a ser utilizado, só é utilizado quem se deixa utilizar.
Comentário do provedor: Só resta saber se a captura dos dois soldados foi, efectivamente, uma surpresa para o Exército. Israel raptou dias antes (24 de Junho) dois civis na Faixa de Gaza. E um dia depois, o Hamas capturou um soldado israelita. O conflito com o Hezbollah, por outro lado, dura há anos...
Provedor — É normal o PÚBLICO aceitar viagens pagas pelo MNE de Israel?
JMF — Sim. Por Israel ou por muitos outros países. A diferença do PÚBLICO é que assinala isso, por questões de transparência, o que poucos ou nenhuns fazem noutros órgãos de informação. A delegação integrava, entre outros, responsáveis do El País, The Times, Süddeutsche Zeitung, Le Figaro e do principal jornal de referência turco. E é normal porque
estes programas são muito intensos e permitem acesso aos mais altos responsáveis, sendo que no caso de Israel incluíam o governo e a oposição.
Comentário do provedor: É verdade que nem todos os jornais convidados referiram que viajaram a custas do governo israelita, mas acredito que seria preferível o PÚBLICO pagar as deslocações dos seus jornalistas.
Aquilo que está aqui em causa é o eventual aproveitamento (manipulação) dos media.
Considero que os convites são legítimos, mas raramente inocentes. Só deviam ser aceites quando não existe outra forma de efectuar a cobertura de um acontecimento.
Provedor — É possível manter uma posição de independência editorial quando os governos pagam as deslocações e proporcionam as entrevistas?
JMF — É. Nas entrevistas não houve qualquer limite para as perguntas, os jornalistas puderam perguntar tudo o que queriam. E o facto de a deslocação ser paga não nos coloca numa posição de menor independência do que aquela que temos quando, por exemplo, acompanhamos o Presidente da República ou o primeiro-ministro numa viagem oficial num avião por eles fretado.
Comentário do provedor: A explicação do director é aceitável. Mas creio que é importante questionar (neste caso preciso) a real motivação das autoridades israelitas. Independentemente do profissionalismo e da boa fé dos jornalistas convidados.
Provedor — Qual é a posição do PÚBLICO (caso exista uma) relativamente à questão Israel/Palestina?
JMF — Não existe posição do PÚBLICO. Basta ler tudo o que foi publicado ao longo dos anos. Nesta crise, à altura tinham sido escritos dois editoriais que o leitor pode consultar (um sexta-feira, outro segunda-feira) e uma análise do redactor principal.
Comentário do provedor: Apesar das opiniões (consideradas controversas por alguns leitores, mas legítimas) do director nos editoriais, o provedor reconhece que o PÚBLICO tem efectuado uma cobertura jornalística decente do Médio Oriente (incluindo o excelente tratamento da realidade palestiniana).
Provedor — Qual é a posição do director?
JMF — A posição do director é de extrema preocupação porque aquele conflito está a ser instrumentalizado por países como o Irão (o próprio Mubaraq disse que tinha quase negociada a libertação do soldado raptado pelo Hamas e que ela só não se concretizou por que o Irão interveio para a bloquear), porque enquanto todos não aceitarem o princípio dos dois Estados será sempre muito difícil encontrar uma situação estável, porque a comunidade internacional está dividida e parece impotente. Mesmo a proposta de Blair de enviar uma força de interposição para o sul do Líbano me parece difícil de concretizar sobretudo porque essa força teria de desalojar o Hezbollah e sofreria muitas baixas. Estarão as nossas opiniões públicas preparadas para isso?
Comentário do provedor: É uma visão do problema. É legítimo perguntar se os EUA (à semelhança do Irão, etc.) também não estão a instrumentalizar o conflito. E se, no fim de contas, aquilo que está em causa não é a liquidação da nação palestiniana…
As reacções das opiniões públicas são em grande parte condicionadas pela comunicação social.
O debate sobre Israel e o Líbano continua na próxima semana…
PORTO, 2006.08.16
Viva.
Não me agride nada que o senhor JMF, Director do jornal Público vá até ao Médio Oriente a expensas de Israel. O senhor em questão até me parece uma pessoa idónea e isenta, que, penso, não iria aproveitar esse pormenor para escrever contra Israel. Se o senhor JMF foi a Israel, pagaram-lhe a estadia e ele aceitou, é que achou que a situação era pacífica. E Israel sabe que o senhor JMF aceitaria ir lá. Eu não condeno ninguém por escrever a favor de Israel porque naquela estúpida guerra todos somos culpados, até eu que não sei porque não sei da razão de lá se darem tantos tiros, me julgo culpado. O problema aqui é saber quando é que o homem entende que dignidade humana não se compra na farmácia; temos de a possuir.
João Sousa
Posted by Anónimo | 10:51 da tarde
Regras básicas para escrever acerca do Médio Oriente nos media "de referência"
por Mona Baker [*]
Regra nº 1: No Médio Oriente são sempre os árabes que atacam primeiro, e é sempre Israel que se defende. Isto é chamado "retaliação".
Regra nº 2: Aos árabes, quer sejam palestinos ou libaneses, não é permitido matar israelenses. Isto é chamado "terrorismo".
Regra nº 3: Israel tem o direito de matar os civis árabes. Isto é chamado "auto-defesa" ou, nestes últimos dias, "dano colateral".
Regra nº 4: Quando Israel mata demasiados civis, o mundo ocidental apela à contenção. Isto é chamado "reacção da comunidade internacional".
Regra nº 5: Os palestinos e os libaneses não têm o direito de capturar militares israelenses, nem mesmo um número limitado, nem mesmo 1 ou 2.
Regra nº 6: Israel tem o direito de capturar quantos palestinos quiser (palestinos: cerca de 10 mil até à data, 300 dos quais são crianças; libaneses: cerca de 1000 até à data, sendo retidos sem processo). Não há limite nem há necessidade de prova de culpa ou julgamento. Tudo o que é necessário é a palavra mágica: "terrorismo".
Regra nº 7: Quando disser "Hezbollah", certifique-se sempre de acrescentar a frase "apoiado pela Síria e pelo Irão".
Regra nº 8: Quando disser "Israel", nunca diga "apoiado pelos EUA, pelo Reino Unido e outros países europeus", pois as pessoas (Deus me livre!) podem acreditar que isto não é um conflito entre iguais.
Regra nº 9: Quando tratar de Israel, não mencione as expressões "territórios ocupados", "resoluções da ONU", "convenções de Genebra". Isso poderia afligir o público da Fox.
Regra nº 10: Os israelenses falam melhor inglês do que o árabes. É por essa razão que os deixamos falar tanto quanto possível, de modo a que possam explicar as regras de 1 até 9. Isto é chamado "jornalismo neutro".
Regra nº 11: Se não concordar com estas regras ou se for favorável ao lado árabe em relação ao lado israelense, você deve ser um perigoso anti-semita. Poderá mesmo ter de apresentar desculpas públicas se exprimir a sua opinião honesta (a democracia não é maravilhosa?).
[*] Editora de The Translator e directora da editora britânica St. Jerome Publishing.
AS REGRAS QUE FOSSES SEGUEM!!!
VENDIDOS
JOSÉ CARDOSO
ARTISTA PLÁSTICO
ABRANTES
email: cardosojose@hotmail.com
Posted by Anónimo | 3:17 da manhã
Fico à espera da segunda parte e de saber se um jornalista do público poderia ir ao Libano pago pelo Hezbollah, estar num hotel pago plo Hezbollah? E, já agora, à espera de saber porque é que em tandos dias de guerra o Público não teve ninguém no Libano, ao contrário do que aconteceu em Israel. Se são limitações financeiras é grave. Quer dizer que vemos o lado de quem pode pagar ao Público as deslocações e estadia.
Posted by Anónimo | 6:04 da manhã
Cara Leitora,
Caro Leitor,
O seu comentário e as respostas do director do jornal serão publicadas (amanhã, dia 20 de Agosto) na crónica do provedor denominada "Não há almoços grátis, mas... PARTE II".
Os meus melhores cumprimentos,
Rui Araújo
Provedor do Leitor do Público
Posted by Anónimo | 6:25 da tarde
Em Defesa de José Manuel Fernandes
Diz o provedor:
" Só resta saber se a captura dos dois soldados foi, efectivamente, uma surpresa para o Exército. Israel raptou dias antes (24 de Junho) dois civis na Faixa de Gaza. E um dia depois, o Hamas capturou um soldado israelita. O conflito com o Hezbollah, por outro lado, dura há anos..."
Por acaso eu acompanhei ao pormenor o conflito entre Israel e o Hezzbollah.
Lia o Haaretz Israelita , todos os dias.
O ataque do Hezzbolah foi uma completa surpresa.
Dias antes o estado de alerta das tropas israelitas na fronteira foi diminuido.
Israel deixou-se surpreender.
O conflito com o Hezzbollah existe hà anos mas exactamente por isso , os militares de Israel estavam meio adormecidos no que se refere à frente norte , com o Líbano.
Todas as atenções estavam concentradas em Gaza onde haviam sido raptado um militar israelita.
Quanto à independência do director do público..., deixem que vos diga que o Hezzbollah controlou durante a guerra as intervenções dos jornalistas estrangeiros a partir do libano.
É isso que nos diz um jornalista da CNN.
De facto nic robertson da CNN , refere no programa reliable sources , que a sua peça de informação feita a partir de beirute dia 18 de Julho foi controlada pelo hezzbollah.
Criticar-se pois josé manuel fernandes do público não faz pois qualquer sentido.
Não é por acaso que nenhum media ocidental mostrou soldados do Hezzbollah durante o conflito.
Os misseis caiam em Israel..,e os militares do Hezzbola por onde andavam ?
Nenhuma media ocidental os mostrou.
Porquê ?
Porque os jornalistas ocidentais que faziam reportagens a partir do Líbano eram controlados por o Hezzbolah.
Bem Wedeman outro jornalista da CNN refere que o Hezzbollah seguia com atenção acrescida cada uma das peças que os jornalistas ocidentais fazem para os media, nomeadamente TV.
A informação que vem do médio oriente é controlada.
O país mais livre ainda é Israel onde existem jornais como o Haaretz e Jornalistas como Gideon Levy , ou Amira Hass que constantemente criticam as politicas de Israel.
Não faz pois sentido criticar José Manuel Fernandes por ter feito uma viagem paga pelo Governo do ùnico regime do Médio Oriente onde existe alguma liberdade.
Aliàs muitos jornalistas no Iraque fazem reportagens integrados em forças militares.
Criticar José Manuel Fernandes por fazer viagem paga pelo governo de Israel quando no vizinho libano a informação é controlada plo Hezzbolah e no resto do Médio Oriente não hà imprensa livre, não me parece equilibrado.
Israel é o ùnico país da região com orgãos de informação de grande circulação que criticam o regime.
CNN's Robertson Now Admits: Hezbollah 'Had Control' of His Anti-Israel Piece
Posted by Rich Noyes on July 24, 2006 - 15:32.
Better late than never? On CNN’s Reliable Sources on Sunday, CNN’s senior international correspondent Nic Robertson added all of the caveats and disclaimers that he should have included in his story last week that amounted to his giving an uncritical forum for the terrorist group Hezbollah to spout unverifiable anti-Israeli propaganda.
Back on July 18, Hezbollah took Robertson and his crew on a tour of a heavily damaged south Beirut neighborhood. The Hezbollah “press officer” even instructed the CNN camera: “Just look. Shoot. Look at this building. Is it a military base? Is it a military base, or just civilians living in this building?”
In his original story, Robertson had no complaints about the journalistic limitations of a story put together under such tight controls, and Robertson himself at one point seemed to agree with the Hezbollah propaganda claim that Israeli jets had targeted a civilian area: “As we run past the rubble, we see much that points to civilian life, no evidence apparent of military equipment.”
Challenged by Reliable Sources host (and Washington Post media writer) Howard Kurtz on Sunday, Robertson suggested Hezbollah has “very, very sophisticated and slick media operations,” that the terrorist group “had control of the situation. They designated the places that we went to, and we certainly didn't have time to go into the houses or lift up the rubble to see what was underneath,” and he even contradicted Hezbollah’s self-serving spin: “There's no doubt that the [Israeli] bombs there are hitting Hezbollah facilities.”
Posted by Obseervador | 7:42 da tarde
Refere o provedor dos leitores
Só resta saber se a captura dos dois soldados foi, efectivamente, uma surpresa para o Exército. Israel raptou dias antes (24 de Junho) dois civis na Faixa de Gaza.
O Sr Provedor põe a duvida se o ataque do Hezzbollah a 12 de julho , salvo erro, foi de facto uma surpresa para o exercito de Israel.
De facto foi.
Poucos dias antes do ataque , um conhecido analista do Haaretz ,defendia que a Autoridade Palestina precisava de um Nasrallah para impor a ordem nos territorios.
Poucos dias após a publicação deste artigo o Hezzbola ataca e num acto de humildade o referido comentador vem admitir que errou e justificar o seu erro.
Vejamos o que ele escreve a 20 de julho no Haaretz :
" Eu acreditava que se Israel e o Hezzbolah tinham aprendido a viver de acordo com " As regras do Jogo " que se haviam estabelecido na fronteira comum , eles estariam mais interessados em manter esse balanço de poder, do que em violá-lo ".
"
" O exercito , os serviços de informações e o governo que têm à sua disposição informação muito melhor que a minha , estavam convencidos do mesmo.
Facto : Eles baixaram o nível de alerta em Zarit , o que significa que estavam à espera que a fronteira se mantivesse calma ".
( 1) Original em Inglês abaixo.
Aluf Benn
Haaretz, 20 de Julho.
How I Erred.
Esta informação confirma as afirmações do director do público José Manuel Fernandes.
Comentadores Israelitas , assim como o exercito não estavam à espera do ataque do Hezzbollah.
Clique aqui para ver o artigo completo de Aluf Ben
" I believed that if Israel and Hezbollah had learned to live according to the "rules of the game" that had developed along their common border, they would be interested in maintaining the balance of power rather than
violating it. The IDF, the intelligence services and the government, who have at at their disposal much better sources of information than mine, thought the same. Fact: They lowered the alert level in the north a few days before the attack in Zarit; that means that they expected quiet.
Posted by Obseervador | 11:32 da tarde
"Análise Cambial: Dólar volta a ultrapassar euro
14.10.2006 - 00h10
Mantendo a tendência da sessão anterior, o euro fechou a semana a cair ligeiramente face ao dólar, que beneficiou da divulgação de indicadores positivos da maior economia mundial.
Às 17h05 de Lisboa, o euro valia 1,2504 dólares, ligeiramente abaixo dos 1,2536 dólares verificados na quarta-feira no final do dia. O euro oscilou ontem entre um mínimo de 1,2484 dólares e um máximo de 1,2578 dólares. Segundo dados preliminares divulgados ontem pela Universidade de Michigan, a confiança dos consumidores norte-americanos subiu mais do que o esperado em Outubro, para um máximo de 15 meses. Paralelamente, o Departamento do Comércio anunciou que os stocks dos empresários norte-americanos subiram em Agosto 0,6 por cento, próximo do esperado pelos analistas e um ritmo ligeiramente inferior ao do crescimento das vendas. Analistas contactados pela agência Bloomberg antecipavam um aumento de 0,5 por cento dos stocks, pelo que o valor saiu perto do esperado. As vendas a retalho, excluindo os automóveis, desceram 0,5 por cento, após um acréscimo de 0,2 por cento em Agosto. Globalmente, as vendas a retalho desceram 0,4 por cento em Setembro, surpreendendo negativamente os analistas, segundo os dados hoje divulgados pelo Departamento do Comércio."
Quando vi o título desta notícia fiquei completamente perplexa, como podia ser o dólar ter ultrapassado o euro!! Afinal ao ler a notícia verifiquei que afinal o dólar continua longe de ultrapassar o euro, apenas aconteceu que se valorizou relativamente ao euro (sem o ultrapassar). Deixo este comentário para alertar de que tanto os títulos como o texto das notícias devem ser coerentes e corresponder à realidade, para evitar que haja confusões em leitores menos atentos (ou pouco conhecedores da questão).
Posted by Anónimo | 11:29 da manhã