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domingo, julho 23, 2006 

PORMENORES - PARTE I

São só pormenores, mas representam a parte mais significativa da correspondência endereçada ao provedor, e não deixam de ser importantes.

Na edição de 09 Jul. p.p., a revista PÚBLICA inseria um artigo intitulado ‘O Pedreiro e o Arquitecto’, págs. 15 a 19, assinado por Paulo Eduardo Vasconcellos.

Apenas o título e o ‘lead’ (chapéu) do artigo apresentavam grafia de Portugal; o artigo em causa, muito interessante por sinal, estava escrito em Português do Brasil. Compreendo que o autor, provavelmente brasileiro, escreva no ‘seu Português’ e não me chocam os usos do gerúndio, poucos comuns na nossa versão linguística, ou o emprego de algumas expressões menos utilizadas em Portugal.

O que estranho é a publicação de um texto com grafia brasileira – ‘arquiteto’ e todas as palavras da mesma família –, ou ainda com a expressão ‘A gari Genilda Oliveira...’ (pág. 17) – que se pressupõe ser uma profissão ou actividade profissional –, sem que para tal houvesse, da parte do editor responsável uma indicação de carácter geral para aquela e a respectiva nota de pé de página para esta.

Em alternativa, talvez o autor Paulo Eduardo Vasconcellos pudesse compreender adaptações de grafia que, em nada adulterariam o seu trabalho, antes o tornariam ‘mais próximo’ dos seus leitores deste lado do Atlântico”, escreve Dora Ribeiro.

Os reparos da leitora são pertinentes.

O jornalista Paulo Moura, responsável da edição do referido texto, responde: “É política e prática habitual da PÚBLICA ‘traduzir’ as expressões em português do Brasil para o português falado em Portugal. Foi o que fizemos neste caso, embora algumas palavras e frases tenham, por lapso, permanecido na versão original. Tratou-se de um erro na edição do artigo, pelo qual pedimos desculpa aos leitores.”

O PÚBLICO errou e reconheceu humildemente os erros. Seria importante criar mecanismos para impedir a sua repetição.

De acordo com o Dicionário de Sinónimos da Porto Editora, “gari significa “lixeiro”.

Em abono do rigor (título do sua coluna de 9 de Julho) e a propósito das falhas no PÚBLICO, não se podem deixar ‘passar’, sem um veemente protesto, dois casos da edição de sexta-feira, 7 de Julho de 2006.

Refiro-me à inclusão na primeira página (duas vezes) do destaqueFuncionários fizeram greve contra a mobilidade’. Uma vez remetendo o leitor para a página 10 (erradamente) e outra para a página 12.

O outro caso que quero mencionar prende-se com a inclusão em duplicado (a mesma notícia assinada por dois ‘jornalistas’ diferentes e ilustrada com fotos de dois autores distintos), no corpo principal do jornal e no suplemento Local (li a edição Sul), de uma notícia referente ‘aos novos serviços da CP, a partir de domingo dia 9 de Julho’, evidenciando uma absoluta falta de coordenação entre a edição do ‘corpo principal do jornal’ e a ‘edição Local’.

Para mais, estas notícias são uma pura transcrição do site da CP e, no caso do artigo assinado por Carlos Cipriano (página 21), até está mal descrito. O ‘jornalista’ diz, a propósito das viagens entre Faro e Tavira, que o troço terá mais um comboio, completando 30 circulações em cada sentido’, o que leva o leitor a pensar que são 60 circulações no total, enquanto a CP diz expressamente que entre Faro e Tavira será disponibilizada mais uma circulação por dia, passando para 30 (15 em cada sentido)’ e no artigo de Nuno Ferreira (no PÚBLICO Local do mesmo dia) diz-se, sobre o mesmo assunto,30 em ambos os sentidos’.

Estes exemplos são inadmissíveis em jornais que querem ser uma referência de qualidade no panorama da comunicação social nacional. Não há desculpa para estes erros, nem no mais modesto dos jornais regionais!

Isto aconteceu precisamente no dia em que o Diário de Notícias informava que José Manuel Fernandes (director do PÚBLICO) quer ‘reestruturar o jornal’ e que ‘em carta a todos os colaboradores do jornal’ diz que ‘o PÚBLICO atravessa um momento crítico’ e que ‘a realidade é dura e temos que enfrentá-la sem desculpas’ (DN de 7 de Julho).

Perante os exemplos enunciados, temos de concordar que o jornal bem precisa de um abanão.

Há um outro caso recente que queria notar sobre o pouco rigor no produto final no jornal que o provedor analisa.

Na edição de terça-feira, dia 4 de Julho, o PÚBLICO e o DN publicaram a mesma foto, em destaque de primeira página (ilustrando um acidente em Valência), uma situação que só é explicável (mas não aceitável) por um critério de baixos custos (nas aquisições a agências externas). Certamente aquela imagem foi a mais ‘baratinha’ que encontraram no mercado. A um jornal que quer ser uma referência nacional, exigem-se fotos exclusivas, pelo menos na primeira página”, constata Luís A. Cruz Fernandes.

O leitor da Damaia contesta a dupla chamada de primeira página para a mesma notícia (inexistente, aliás, num dos casos).
Pedi um esclarecimento a José Manuel Fernandes.

“Foi um erro. Perto das 24h da véspera, com o jornal fechado e enviado para a gráfica, fomos avisados de que uma avaria impedira a impressão do suplemento Y. Era necessário retirar a chamada da capa e substituí-la por um aviso a dizer que o Y seria distribuído com a edição de sábado. O único responsável ainda presente no jornal não tivera intervenção na concretização da primeira versão, pelo que se enganou e colocou uma chamada repetida pois a pressão do tempo era grande e já não havia ninguém para rever a nova versão da capa do jornal”, explicou o director.

Nada a acrescentar.

O segundo caso referido pelo leitor é a
inclusão em duplicado da mesma notícia (assinada por dois ‘jornalistas’ e ilustrada com fotos de dois autores distintos), no corpo principal do jornal e no suplemento Local.

“Falta da necessária coordenação entre editores”, explicou José Manuel Fernandes.

O provedor não diria melhor.

Entre Faro e Tavira, o número de circulações diárias é, segundo apurou
o provedor junto da CP, de “30 em ambos os sentidos”.

Luís A. Cruz Fernandes contesta, por outro lado, o facto de o PÚBLICO e outros jornais terem publicado a mesma foto na primeira página, acrescentando que “
certamente aquela imagem foi a mais ‘baratinha’ que encontraram no mercado”.

A ironia do leitor é legítima, mas irrelevante.

Em relação à foto, o director do PÚBLICO esclarece: “
O Jornal de Notícias também utilizou, tal como vários jornais de outros países, incluindo espanhóis, porque era, claramente, uma das melhores, senão a melhor das imagens distribuídas pelas agências. A própria agência que a enviou fez dela três versões: uma que mostrava a maca toda, um crop centrado no rosto do ferido e uma versão ao baixo do mesmo crop, a que escolhemos tal como o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias utilizou a foto ao alto. Quando se recorre ao trabalho de agências, é frequente vários jornais escolherem a mesma foto, por a considerarem a melhor.

É uma explicação perfeitamente aceitável.

Para a semana há mais…

Por favor tenham mais cuidado com a ortografia e respeitem a língua portuguesa. É com cada calinada que até faz doer os corações dos leitores mais atentos! A última foi a fantástica nova palavra "banca rota", em vez de bancarrota! ainda por cima em tamanho "king size" para toda a gente ver.

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