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sexta-feira, junho 02, 2006 

LIBERDADE DE EXPRESSÃO - EDUCAÇÃO

Exmo. Senhor Provedor do Leitor,
Diz-se que vivemos numa democracia com liberdade de expressão. Pois bem digo-lhe que não. Ou se existe então O PÚBLICO faz dela tábua raza. Num momento em que os ataques aos professores da parte da ministra bem como do director do seu jornal José Manuel Fernandes são diários, porque não permite ele a publicação de cartas como aquela que lhe enviei e de que abaixo se envia cópia. Porquê? Porque a verdade é amarga e ao senhor José Manuel Fernandes convinha que fossem os presidentes das câmaras a contratar os professores como por várias vezes afirmou?
Sempre ao dispôr.
Veríssimo Ramos -Professor -Torre de Moncorvo


Cópia da Carta Aberta à Excelentíssima Senhora Ministra da Educação enviada ao Jornal PÚBLICO:

Excelência,
Ouvi hoje, à hora do intervalo, a prestação de Vossa Excelência ao "Fórum TSF". A sua prestação, vazia de conteúdo mas prenhe de lugares comuns, foi aquilo que se chama uma fuga para a frente comportamento comum ao autismo. Por várias vezes falou das responsabilidades dos Professores, do Ministério e também dos Pais... Dos Alunos e dos deveres dos alunos não falou senão para dizer que os nossos meninos não são piores que os outros meninos por essa Europa fora! E não falou porque Vossa Excelência sabe que o problema real se encontra aí.Sou Professor, razão pela qual lhe posso falar aberta e francamente de uma realidade que Vossa Excelência não conhece. Eu explico: Excelência, "os nossos meninos" são iguais a todas as crianças da Europa... com uma diferença: os meninos dos outros países estudam, os meninos portugueses não estudam! Esta é a verdade. E não estudam justamente porque são inteligentes e sabem que o mérito e o trabalho não são cotados no nosso país... e portanto, tanto faz estudar como não! Pelo contrário "os meninos da outra Europa" sabem que o seu futuro será melhor ou pior conforme estudem ou não... e por isso se aplicam, por isso estudam! Pois bem Excelência vou dar-lhe um conselho: Em lugar de lançar a suspeição sobre os professores, em lugar de pôr pais a julgar professores, em lugar de pôr todos contra todos, proponha Vossa Excêlencia os pontos seguintes em Conselho de Ministro e verá que os resultados subirão em flecha:- Em primeiro lugar promova o mérito. Dê ordens aos professores para passarem quem saiba e "chumbarem" quem não saiba.- Depois, dê de uma vez por todas a ideia de que a Escola não é um eterno recreio!- Seguidamente proponha que qualquer concurso para ingresso em serviços de Estado seja sujeito a exame avaliado por técnicos ou professores independentes que não sejam compadres dos presidentes das Câmaras e não possam facilmente ser subornados... É que como professor eu já ouvi a um dos meninos dizer "Professor, não é preciso estudar... eu sou sobrinho do presidente da Câmara e quando acabar o nono ano ele "encaixa-me" lá!"Excelência, quando um dia as nossas crianças (mas sobretudo os pais) souberem que "não chega ter um tio fulano de tal" mas antes será necessário conhecer a matéria dada, nesse dia os meninos portugueses que não são mais burros que os outros, começarão finalmente a estudar. Ao invés, enquanto se permitir aos presidentes das Câmaras que criem um rol de apaniguados incompetentes e inharros, os nossos filhos não necessitarão de mexer os neurónios... e acredite que o não farão. Se por qualquer razão achar que não é capaz de ir tão longe... então demita-se Excelência... Pais, Alunos, Funcionários e Professores ficar-lhe-ão eternamente gratos!
Veríssimo Ramos - Professor

NOTA DO PROVEDOR DO LEITOR DO PÚBLICO

O PÚBLICO não pode publicar todas as cartas.
O provedor não tem competência (estatuto) para se pronunciar sobre opinião.



MENSAGEM 2

É muito curioso saber que vão ser destacados 300 professores para as CPCJ, para ajudar a combater o insucesso escolar!!!.....
Contudo diminuem-se os contingentes de professores de apoio, "extinguem-se" as ECAE, foge-se às despesas indispensáveis inerentes ao seu bom funcionamento, obrigam-se os professores especializados a voltarem ao ensino regular para não serem penalizados em termos de reforma ( o problema da monodocência )...
Quem disse que as crianças com dificuldades de aprendizagem, casos das CPCJ, vão melhorar e ter sucesso com esta medida? E as outras? Alguém sabe mesmo alguma coisa do que se passa no país, ou estamos a falar de um reino do "Terreiro do Paço"?
Tanto remendo em pano já tão poído por múltiplas decisões atabalhoadas, caducas e alheias à realidade, vão levar-nos em breve ao "Reino do Pachtwork"!!! Pobres crianças. Que país poderemos esperar (desesperar)?
Sofia Bernardes

MENSAGEM 3

Exmo Senhor Provedor

Suponho que não esteja em voga expressar opiniões sem o uso directo de qualquer emoção.
Daí verificar-se a utilização de adjectivos que parecem qualificar, na actualidade portuguesa, quer professores, quer pais, como os que se podem encontrar nos comentários...( corrupto, incompetente, burro, ignorante, burgesso, ...)
O sentimento, que exclui a inlucidez repentina e ávida de extrapolações de adrenalina que a emoção comportará, permite a expressão do colectivo.
Creio, com a certeza do impalpável que toda a crença transporta, ser esse o objectivo do processo: individualizar, permitir o contágio, standardiizar sentimentos menos nobres, como o axincalhamento. Mas...com que objectivo?
Sendo inevitável a manipulação, até se atendermos que tudo é uma relação de causa/efeito, somos os nossos primeiros manipuladores...o que nem sempre agrada ao colectivo...se conseguirmos manipularmo-nos de forma a impedir, aqui e ali, que nos manipulem. E aí começa o jogo a sério...se se conseguir manipular a adrenalina...só sentimento, sem emoção!

A última frase, incluía a palavra "curiosidade". Não se deve dizer ao bébé que o forno queima. Deve-se deixar que sinta a temperatura do vidro. Assim ele saberá, por experiência, que não lhe interessa meter mais a mão ali. A curiosidade deste novo mundo, dos computadores, não é suficientemente resistente à possibilidade da queimadura! Terei manipulado?
A resposta, que não era de todo esperada, por considerar não ser necessária, por não estar incluída ( pensava então ) nos deveres que o cargo comporta, é um acto de humanidade, de solidariedade. E, apesar de ter ponderado bem se queria ou não deixar-me manipular, não me pareceu que deveria perder a portunidade de agradecer a amabilidade de me considerar boa professora...porque, em verdade, não conhece o meu trabalho.
E foi esse sentimento expresso que manipulou a vontade de querer precisar, tanto quanto a palavra escrita permite, o seguinte:

1. no final de algumas notícias, aparece " comente esta notícia".
2. comentários feitos: 27/05, "Ministério propõe que pais avaliem profs", comentário " queria entregar a memória ao esquecimento...mas ele não a quer"; 1/06, " José Saramago afirma...", coment. " o país do folclore directo";" Plano nacional de leitura...!, coment. " O que é preciso"; 2/06, coment. à notícia de 27/05, " Sindicato contra avaliação de profs..."
3. foi este último comentário que não deu entrada. Claro que o comentário era uma reflexão...directamente concernando três comentários de outros tantos intervenientes: Francisco Ribeiro, que dizia estar de acordo com a avaliação, " independentemente da forma de implementação e do carácter vinculativo que tenha"; o senhor Desencantado...Algures nesta Terra, que ( ironizava? ) não concordava com a avaliação pelos pais, mas se deviam pôr câmaras nas salas de aula e a partir daí o Ministério avaliaria; Tiago Rodrigues, professor, que considera serem os profs o problema fulcral do ensino, pois são também encarregados de educação, piores que os que não são professores, daí, corruptos e incompetentes.
4. não recordo o que disse relativamente ao primeiro; lembro que ironizei com o senhor desencantado...e lhe pedi para não quebrar o encanto, pois viria uma princesa que o transformaria em xeque das Arábias e...com um poço de petrólio no quintal, não precisaria mais de ser professor...( era a brincar...mas dava muito jeito! ); quanto ao último, bem...disse que me tinha resolvido um problema existencialista...saber o que escrever no epitáfio da minha tumba...corrupta e incompetente...

Sabe, senhor provedor, a verdade é que li um comentário de alguém que conheço e pensei..." que outra coisa podia estar aqui escrita?"
Acreditando profundamente que este texto é uma confissão, por isso sujeita ao sigilo profissional, confesso, irritou-me. Muito. Porque durante um ano, os almoços aqui em casa foram do mais animado que há, 2 ou 3 vezes por semana. Uma hora de anedotas, sempre novinhas...e, apesar do 10, a verdade é que o 6 ou 7 no exame, valeu ao meu filho perder o andamento para seguir arquitectura, o 2º sonho, já que o primeiro era, efectivamente, ser Comando!
Veio-me tudo à tona, como uma agonia de morte anunciada. O meu lado negro toldou-me completamente. Sabia que era muito provável que ele fosse ler os comentários. E aí, sim, fui indecente. Queria que ele lesse um texto que ele nunca será capaz de escrever, de entender profundamente, apesar de ser formador de formadores e ter até sido meu formador...hélas!
Fui perversa, porque, apesar do meu filho estar feliz, o que me faz feliz, os meus dias são de sobressalto sempre que o telefone toca, de cruzes que se marcam no calendário, até 19 de Agosto, de horas infindas à espera que este meu novo amigo, mister computador, me chame.
O outro não tem a culpa toda, eu sei. No ano seguinte, o meu filho abandonou as aulas de psicologia, porque não sabia nada do tema que se discutia, mais de 20 minutos por aula, de...BIG BROTHER!!!...azar na disciplina...ou nos professores que lhe calharam em sorte?
Então, tive de me rir! E creia que me deu um valente ataque de riso!
Não sei se sou boa professora. Mas creia que não estou preocupada com isso. Tenho a certeza que não sou, segundo o que me mandam fazer. Eu faço os meus alunos pensar a palavra, saber a força que tem, saber usá-la nas mais variadas circunstãncias. Pensar, reflectir...e avaliar, sempre, prespectivando a reacção do outro, para estar preparado para o contraditório.
Nem sempre o que se consegue é o que se sonha, porque há anos que estou vocacionada para turmas fraquinhas, de jovens mais problemáticos, com índices culturais muito frágeis...mas eles ficam tão felizes com as pequenas vitórias...
Revolta-me ser metida no mesmo saco daqueles que nada fazem, dos que não lutam pela dignidade profissional. Trabalhando. Porque a escola é o local onde trabalho, não apenas onde estou empregada.A minha casa tem as portas abertas para ajudar quem precisa, sem cobrar. Há anos que faço isso...muitos! E sei que tal não é bem aceite por colegas que despacham as aulas e têm horários super especiais, para arrecadarem um ordenado muitas vezes superior ao que auferem na escola...nada de especial contra isso...faço-o por uma questão de formação moral. Todos são livres de terem a que querem.
Por isso, irrita-me ler insultos de parte a parte. Porque nos conflitos, ambos são, para o bem e para o mal, coniventes. A máxima " ou és por mim, ou contra mim, ", nunca me seduziu. Talvez por isso não interesse uma opinião reflectida...sem problema!
Agora, sim, fechei este ciclo.
Sei que responderia que está aí para isso...mas eu sei que não é para ouvir isto, que ocupa esse lugar. Mas agradeço ter-se disponibilizado para ler. Fez-me bem à alma. ( sorriso! )
Não posso assegurar que não escreva mais comentários...conheço-me o suficiente para não dizer isso...é o que digo há anos, que vou estar calada, mas a verdade é que o livro de actas do meu grupo é o único que tem montes de anexos...às vezes testamentos...que ficam ali, adormecidos...como disse Henry More, " o que tiver de ser, será ". Mas vou tentar.
Resta-me desejar-lhe sucesso e agradecer uma vez mais à vida a oportunidade de ter encontrado alguém que, pese o facto de poder estar em desacordo, pelo menos, tem a capacidade de estar disposto a entender. Coisa rara hoje em dia!
Despeço-me, pois, " roubando " a Pessoa um pensamento que é uma maravilha...

" Tudo o que sonho ou passo,
O que me falta ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda "

Anabela Santos

MENSAGEM 4

Clara de Resende dá a Receita para se subir no Ranking das Escolas Secundárias:

1. Ignore o apelo da "Iniciativa Novas Oportunidades" e em hipótese alguma caia na asneira de se candidatar a um Curso Profissional;
2. Mostre firmeza de actuação: não faça como os ingénuos antigos liceus que, apesar de terem uma tradição de preparação de alunos para o ensino superior, inflectem também pela via profissionalizante, candidatando-se a um ou outro curso;
3. Faça como a Clara de Resende, no Porto, que, esquecendo as suas origens de Escola Comercial, se prepara para formar apenas os futuros quadros superiores deste país;
4. Aprenda com esta escola como se evitam os tão propalados problemas disciplinares, seleccionando criteriosamente o público estudantil;
5. E sobretudo esmague a concorrência das escolas da sua área pedagógica: abra precisamente os mesmos Cursos Científico-Humanísticos que essas escolas oferecem. Se a escola vizinha tiver um único curso, tanto melhor, pois maior será o impacto. Deixe-me dar-lhe um exemplo. A escola Fontes Pereira de Melo, localizada na mesma rua da Clara de Resende, a escassos 80 metros, oferece há vários anos um único Curso Científico-Humanístico: Ciências e Tecnologias. Podendo optar pela abertura de um novo curso, (que não profissional, claro está) qual é que a Clara de Resende vai escolher? É exactamente isso que está pensar: Ciências e Tecnologias!
6. E agora repare nesta estratégia. Se este ano a Clara de Resende não se candidatou a um único Curso Profissional, para o ano as possibilidades de o fazer vão ser mais remotas ainda. As instalações, antigas ainda por cima, não são elásticas. E uma turma do famigerado curso este ano, no próximo desdobra-se em duas: 10º e 11º, e assim por diante.
7. E aqui está como se "confeccionam" bons alunos que garantem a subida de uma escola no Ranking do Secundário.

Infelizmente há uma coisa que esta receita não pode dar. Como é que se pode passar por cima das recomendações do Primeiro-Ministro na Iniciativa Novas Oportunidades, da política educativa da Escola Inclusa, da supervisão da DREN?
Se alguém tiver a resposta, por favor divulgue-a. As escolas e os professores do Porto agradecem.

Maria da Graça Ribeiro

MENSAGEM 5



O Sistema de Ensino em Portugal - Uma perspectiva

Os problemas actuais do ensino são em parte comuns aos de uma sociedade em que se verificou um processo de alargamento do ensino obrigatório e uma abertura do acesso a jovens que, por vezes, não possuem um projecto de vida, por razões de ordem familiar, económica ou/e cultural. Considero que a educação e a cultura, são modos de transmissão que se enriquecem por meio do exemplo e da constante abertura a modos diversos de interpretação das vias profissionais subsequentes, tendo por finalidade os valores universalizáveis, capazes de sustentar a identidade nacional.

Julgo, com outros teóricos da educação, que o conhecimento deve produzir alterações na nossa concepção do mundo e do homem, doutro modo de que nos serviria aprender?

A questão que nos preocupa é a da confiança dos jovens nas Instituições? Para que lhes serve uma certificação, se o que os espera é a instabilidade, de que lhes serve a cidadania europeia, se os referendos são controversos e adversos? O que é a escola, se a opinião pública contesta a autoridade dos docentes no exercício das suas funções?

Acredito que ensinar é um privilégio, defendo projectos educativos exigentes, acredito que é possível melhorar as condições de trabalho na escola, mas tenho consciência de que a autonomia é um processo de avaliação constante e sério. Acredito que prestamos um bom serviço público, a avaliação não nos atemoriza, nem a qualidade científica nos atormenta, tememos a mediocridade, as falsas expectativas, as generalizações apressadas, o desprezo pelo saber.

Defendemos valores, um dos quais o trabalho, um trabalho sério, honestidade intelectual, virtudes cívicas e critérios para gerir recursos humanos. Nesta situação de desânimo, seremos criativos e generosos? Defendamos um desenvolvimento curricular consequente apontando para a qualificação profissional, a qualidade não se alcança sem disciplina, sem a noção de auto-competência. Falta à política - razoabilidade, falta ao corpo docente - determinação colectiva, escasseiam Instituições públicas credíveis que trabalhem, com zelo, pela e para a cultura.

Numa escola secundária encontram-se adolescentes e adultos, uns e outros convivem e aprendem, a actividade docente é formadora, não se transmitem só conteúdos, mas atitudes perante a informação e na relação com o outro. Debatemos problemas difíceis na comunidade educativa, por vezes, perdemos tempo em reformas, mas o tempo é irreversível, e a maior riqueza são as aptidões que desenvolvemos nos jovens em tempo real, não é possível ensaiar reformas, sem as avaliar, nesses ensaios temos perdido tempo, alguma esperança, e muitos jovens/ estudantes.

Os interesses políticos partidários, nem sempre coincidem com o interesse público, por isso o sistema vai criando impasses e imposições, por vezes retrocessos, esquecendo que devemos atender ao facto da natalidade, dos adolescentes - dos novos. Por respeito aos novos, obriguemo-nos a criar as melhores condições para que procurem ser felizes, para que gostem de aprender, para que sejam criativos na resolução dos seus problemas. No ensino em Portugal falta o intenso amor ao saber e, em simultâneo, saber amar os jovens.

Sejamos capazes de pôr em primeiro lugar nas nossas vidas as crianças, talvez desse modo venhamos a obter a tranquilidade intergeracional de que tanto precisamos para o país.

Filomena Gamelas

MENSAGEM 6

Se houver a bondade de ler(em) o que adiante escrevo, tome(m) o texto como um alerta de um pai desiludido e sobretudo preocupado pelas nefastas consequências que a situação importa para a filha e que o mesmo sirva de aviso para tantos outros pais nas mesmas circunstâncias:

Como a Matemática prova que 435 é igual a 635 do mesmo modo que X é igual a X

Na verdade, o título do texto não é tão difícil de demonstrar como à primeira vista pode parecer. Querem ver?

Dados do problema:

1 aluno (chamemos-lhe A) do 12.º ano que reprovou em Matemática no ano lectivo 2004/2005 (plano de estudos 'antigo');

1 aluno (chamemos-lhe B) que entrou no 12.º ano no ano lectivo 2005/2006 (novo plano de estudos, em vigor);

O aluno A frequentou um estabelecimento de ensino que organizou uma ou mais turmas do seu plano de estudos, ou, por opção, não se matriculou e apresentou-se a exame como aluno externo; O aluno B frequentou um estabelecimento de ensino que, naturalmente, tinha o seu plano de estudos;

Durante o ano lectivo 2005/2006, face aos respectivos planos de estudo, a carga horária de Matemática do aluno A é inferior à carga horária do aluno B;

Em meados do ano lectivo, um departamento do Ministério da Educação (por exemplo, o GAVE-Gabinete de Avaliação Educacional) divulga a todas as escolas secundárias e estabelecimentos de ensino particular e nos meios habituais, Internet incluída, uma Informação cujo assunto é a Prova de Exame Final de Âmbito Nacional de Matemática (Prova 435) para 2006, dos Cursos Gerais e Tecnológicos, 12.º ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto).

No exemplo, a Informação n.º 27/06, de 16-02-2006, a qual visa dar a conhecer, aos diversos intervenientes no processo de exames, os objectivos, os conteúdos, a estrutura, os tipos de itens, a cotação, o material a utilizar e a duração das provas daquela disciplina;

Nesta Informação expressa claramente que, como exemplo de provas a publicar em 2005/2006, os interessados podem consultar qualquer das provas publicadas em 2004/2005, nomeadamente na página do GAVE (www.gave.pt). Naturalmente que nestas provas está interessado o aluno A;

O aluno B, a quem caberá a prova de código 635, não terá modelos de exames anteriores visto ser a primeira vez que se realizarão nos moldes do respectivo plano de estudos;

O aluno A, que por exemplo, se apresentará a exame como externo, por opção a que teve direito, prepara-se para exame, e aposta no tipo de exames que a referida Informação n.º 27 lhe aconselha;

O aluno B, aluno interno, prepara-se para o tipo de pontos que os respectivos professores lhe foram aconselhando ao longo do ano, naturalmente, de acordo com a metodologia que o plano de estudos determinou;

Chega a 1ª fase da época de exames e os alunos A e B apresentam-se a prestar provas, por exemplo, no mesmo estabelecimento de ensino, sendo separados nas salas onde decorrerão as provas, evidentemente porque são provas de códigos diferentes;

Concluídas as referidas provas, os alunos A e B dialogam sobre a forma como lhes correra o exame: o aluno A, vinha esmorecido porque lhe correra mal, tendo saído um tipo de ponto que nunca vira. O aluno B, vinha mais radiante, porque lhe correra satisfatoriamente. Confrontam os enunciados das provas e vêm, com espanto, que, sob a capa de códigos diferentes (435 e 635), são rigorosamente os mesmos. Como queríamos demonstrar, 435 é igual a 635. Tal como X é igual a X. Na Matemática e em todo o mundo.

Comentários?

Apenas estes: Qualquer interveniente (que não os alunos do tipo A) nas provas de exame, de departamento ministerial ou de estabelecimentos de ensino, dará de imediato uma resposta do tipo "tecnicamente a prova está correcta".

Na verdade, a solução de qualquer problema em Matemática será sempre a mesma, qualquer que seja a metodologia usada para o resolver. De acordo. O que não parece correcto é a diferente metodologia levar à organização de turmas diferenciadas em estabelecimentos de ensino. Dispenso-me de referir os custos que tal representou para o Estado-contribuinte que somos nós todos os portugueses;

O que não parece correcto é a ilusão criada nos alunos tipo A que levaram um ano a lutar e a peparar-se seguindo aconselhamentos da própria tutela, que depois veio a dar o dito por não dito;

O que não parece correcto é a desilusão criada em jovens que, lutando contra a conhecida dificuldade de vencer uma barreira chamada Matemática, acabam por não a ultrapassar por força de uma "finta" que a tutela do ensino lhes prega;

O que não parece correcto é ser esta uma das formas de reforçar o ensino da Matemática por forma a melhorar a média de aproveitamento na disciplina;

O que não me parece correcto é a inconsciência sobre as possíveis consequências que no aluno tipo A pode levar a perder-se mais um aluno, que até poderia ter potencialidades no futuro. Não conheço métrica para essas consequências;

O que não parece correcto é que o aluno tipo A, provavelmente tenha de ir à prova da 2ª fase, num estado de elevada tensão, porque não sabe se não lhe caberá em sorte nova prova do mesmo tipo;

O que não parece correcto é que, ainda que seja aprovado na 2ª fase, fique dependente das 'sobras' nas colocações do ensino superior. Não vale a pena continuar com o que não me parece correcto. Porque já sei que o resultado será o previsível: a prova estava tecnicamente perfeita, o aluno não estudou ou não tem capacidade, volte a repetir a prova no próximo ano melhor preparado! Nem sequer vamos ter a frontalidade de alguém assumir que algo se passou que não parece ser normal: 2 reformas de ensino com a mesma prova. Tão pouco, aceitar a possibilidade de alterar a pontuação de classificação de algumas das perguntas. A respeito da prova do aluno A. É triste, mas esta demonstração é real. Passou-se nas provas do dia 27-06-2006, com a minha filha. Por mim, já estou mentalizado: qualquer que seja a reforma de ensino, terei de pagar os custos materiais para o próximo ano lectivo. Não conseguirei é suprir os custos morais que a situação provoca.

Um leitor (devidamente identificado) que solicitou o anonimato

MENSAGEM 7

Presumo que tenham recebido um enorme feedback relativamente à notícia do despacho do governo que permite que alunos do novo programa que tenham realizado os exames de Física e Química, provas 615 e 642, os possam repetir na segunda fase e utilizá-los para se candidatar na primeira fase.
Penso que regra geral toda a gente acha um pouco estranho que esta medida seja tomada agora, mas para mim o mais flagrante é que é uma medida que irá favorecer especificamente um grupo de alunos, aqueles que foram à primeira chamada das ditas provas.
Ora a razão porque me sinto injustiçada é porque de facto isto me afecta directamente visto ter feito a prova de Química do programa antigo, mas independentemente desta possível parcialidade, a verdade é que há situações ainda mais injustas como as dos alunos que decidiram ir apenas à segunda chamada, e a dos alunos que tal como eu concorrem a cursos em que podem usar outras provas específicas e não fizeram por isso os exames em causa.
Parece-me grave que esta decisão tenha sido tomada sem ter isso em consideração, e penso que o dever da comunicação social seria a não só de investigar a fundo o porquê desta medida como também verificar de que forma isso se irá reflectir no acesso aos vários cursos superiores.
Tenho 28 anos e ao longo deste ano trabalhei e estudei de forma a tentar entrar num curso de difícil acesso - Medicina. Fui fazer a prova de química 142 visto estar mais familiarizada com essa matéria e não me foi dada a oportunidade de fazer as duas (142 e 642) e ver a qual tinha melhor nota, visto não ser possível um aluno inscrever-se nas duas.
Há 10 anos atrás quando entrei pela primeira vez para a Universidade, as vagas para Medicina eram cerca de 500 e a média de entrada era equivalente às médias obtidas o ano passado em que havia mais do dobro das vagas! Será que isto não significa que de ano para ano se exige cada vez menos e a selecção para cursos muito "apetecidos" como é o caso de Medicina e Arquitectura se faz acima de tudo através de um "golpe de sorte" (ter estudado melhor as partes que saem nos exames, ter acordado bem disposto, ter uma média de secundário mais elevada por discrepâncias entre as escolas, etc.).
Sinto-me verdadeiramente intrujada e insultada e ainda gostaria de saber se de alguma forma será possível saber se os alunos que refazem agora as provas irão ou não retirar o lugar aqueles que decidiram não ir à primeira chamada, que fizeram as provas do programa antigo ou que tendo outras cadeiras específicas para entrar nos cursos que pretendem, acabaram por não fazer os exames de química e física.
Será que nenhum dos senhores que tomou esta decisão achou que esta iria violar os direitos de igualdade de oportunidades das pessoas?

Uma leitora (devidamente identificada) que solicitou o anonimato


MENSAGEM 8

Vergonha nos Exames Nacionais do 12º Ano
Senhora Ministra da Educação, demita-se. Os alunos que foram ao Exame de Química (1ª fase, programa novo) podem fazer o exame na 2ª fase e candidatarem-se com essa nota à primeira fase de candidatura?As regras são modificadas já com o “campeonato” a decorrer? Mas o que é isto? Qual foi o aluno (ou alunos assim tão importantes que foram à primeira fase e não conseguiram tirar a nota necessária para entrar no curso desejado? Aqui há gato! Mas parece-me que isto é um flagrante delito. Os meninos que foram à primeira fase têm direito a duas hipóteses e aqueles que optaram por ir à 2ª fase só têm direito a uma hipótese. Acha justo? Então todos sabiam, incluindo o GAVE, que a prova de Química (programa novo) tinha“gaffes”, inclusivamente os correctores das referidas provas propuseram que devia ser atribuída a cotação, a todos os alunos, independentemente dos alunos a fazerem ou não e não foi aceite pela referida comissão. Por que deixaram que as provas fossem corrigidas? Teria sido mais justo anularem as provas no próprio dia em que os erros foram denunciados. E, agora, para disfarçarem esse erro da Química, também dão hipótese de repetirem a Física? Estamos num país do Terceiro Mundo em que a prepotência é superior ao bom senso?
Isto é uma vergonha nacional! Reparem nas notas de Química e Física e Biologia e Geologia do 11º Ano. São escandalosas. As provas de Exame têm um nível de dificuldade muito elevado e são demasiado grandes não permitindo que os alunos pensem calmamente ou até as acabem.

Maria de Sousa


MENSAGEM 9

Contestação e Estatuto

Neste Outubro, em que a luz de Lisboa muda em cada dia, alguns dos portugueses que ensinam por vocação, querem pedir a atenção dos cidadãos para a mudança do Estatuto da Carreira Docente, pelo menos leiam as propostas. A ética pública democrática obriga a pelo menos duas coisas: reflexão e conhecimento do contexto, em especial, em períodos de profundas alterações legislativas.
Os «ensinantes» andam em círculos reformadores, em estreitos cubículos de seminários com os seus «aprendentes» que se multiplicam em explicações do que está explicado; os outros são professores habituados à dureza e, à longa e doce tarefa, de conhecer os seus alunos, de transmitirem um legado, de os entregarem a outros bem preparados. Temos a pretensão de educar jovens conscientes do dever a cumprir, do desejo de viverem alegres e humorados, da obrigação de se defenderem da ignorância, de enfrentarem dificuldades, de estudarem e resolverem problemas seus e do seu País. Ao esquecermos a nossa implicação social como cidadãos responsáveis pelo futuro dos estudantes, então entregaremos as crianças à mesma desmotivação em que queremos estar, ou porque somos preguiçosos e pedantes, estranhos seres incapazes de encontrar soluções avaliáveis, indiferentes ao passado e ao futuro.
Tudo no sistema educativo tem sido a realização fugaz de mandatos partidários pouco consistentes, com honrosas excepções de homens de boa vontade e inteligência. A partir de 2005/2006, ser professor, é fazer parte de um bando de malfeitores, sem valores, criaturas em férias permanentes ou sempre doentes, bem relacionados com médicos fraudulentos ou outros profissionais pouco idóneos, insensíveis à versão excelente do Estatuto da Carreira Docente. A ironia persistente consiste em nunca serem punidos os que deveriam ser, paciência, esta falha do sistema é irrelevante. Também o abandono escolar é falha das escolas, nunca da ausência de alternativas, de qualificações profissionais, em função do mercado de emprego.
Somos seres itinerantes, turba ignara que passou pelas Universidades e ficou ociosa: a ler Manuais, a conversar até tarde em grupo para avaliar, a prejudicar outros serviços dando voz ao sofrimento dos alunos, a aconselhar pais, a fazer noitadas de correcções avermelhadas, a frequentar cursos de formação dúbios. Todos iguais na desonestidade, todos iguais na escola de arrastar o Estado para o insustentável, todos dependentes do Estado, até os portadores de incapacidades, num culto supersticioso pelo ensino público, aliás não prestamos contas a ninguém, não somos contribuintes, somos uma espécie de cogumelos venenosos, letais.
Enfim, todos humilhados! Mas, é a este bando de licenciados que estão entregues as crianças, por esta razão devem avaliar-nos, vigiar-nos, perceber todos os meandros desta corporação de altivos funcionários de Estado com evidentes sinais de riqueza, o que explica os dois dias de greve.
Que a mudança de tonalidades no Outuno de Outubro, intensifique a nossa capacidade de ver e olhar.

Maria Inácia Oliveira

Achei demasiado irónico o nosso PM a falar da colocação dos Profs, dizendo que muitos nem são professores...Ora bem eu tenho um filho que à três anos aguarda colocação , licenciado pela Univ. de Coimbra, a univ. dos coimbrinhas , sendo assim ficamos como? estudou para prof. de E.Física e agora é o pai a manter a sua sustentabilidade e a do Governo , esta última com os impostos a tempo e horas.
Ora tenham tento na língua meus Senhores.

Para ir directa ao assunto quero referir que ao abrir o seu blog me assustei por logo logo me parecer que quem se lhe dirigia só estava interessado em corrigir os deslizes, uns grandes outros pequenos da língua portuguesa, que vão ocorrendo nos textos do Público. Mas não, há outras razões que levam os leitores a intervir. Leio o Público desde há muitos anos. Elegio-o como o jornal que gosto de ler. Actualmente todos os dias posso entrar em contacto, mesmo que seja só de relance, através do site da Internet. A nossa educação está de pantanas, toda a Lisboa intelectual, bem pensante, erudita já viu Os Lisboetas e a mãe de Leste que diz à amiga lá na terra que cá tudo é bom menos o ensino. Shame on us! Será que em inglês se diz on us? A propósito também de ensino um dia uma das vossas entradas era a notícia de que os pais iam avaliar os professores. Em troca fiz um comentário intitulado "Oh, não"!enviei e esperei vê-lo publicado. Infelizmente não tive esse gosto. Agora vai ter de ter paciência e ler-me, em traços mais ligeiros o que escrevi foi:
1 - não sou professora nem tenho familiares próximos a exercer
2 - como é que pais pouco instruidos ou nada vão avaliar professores
3 - há professores muito fraquinhos mas a culpa é de trinta anos de um sistema de ensino que se abriu a todos mas que não tem qualidade - má qualidade de ensino gera maus professores e assim ad aeternum
4 - levar com a interpretação d' Os Lusíadas com 14 ou 15 anos era obra, mas os poucos que o tiveram de fazer ainda hoje escrevem e interpretam melhor que os seus filhos.
5 - Para terminar, e isto não estava lá escrito, mas acho que se percebia: para mim o ensino é para todos sem restriçõescomo diz na Copstituição.
Por favor não seleccionem comentários, dá má imagem. Não aceito a justificação de que não podem publicar tudo. Aí eu responderia que não nos peçam o comentário. Até porque há comentários que são quase inócuos e vejo-os publicados.
Maria de Jesus Pessanha Pereira
mjp@cimgfsul.min-saude.pt

Sr.º Provedor,
Gostaria de saber porque é que não foi publicada, esta semana, a entrevista que a Sr.ª Ministra da Educação deu, no Domingo que passou, ao programa Diga Lá Exceleência?Obrigado.

Exmo. Senhor José Carreira,
A entrevista da ministra da Educação foi publicada no Público (domingo, 4 de Junho) com chamada de primeira página. Nesse mesmo dia foi emitida na Rádio Renascença.
Os meus melhores cumprimentos,
Rui Araújo
Provedor do leitor do Público

Muito obrigado pelo esclarecimento relativo à entrevista dada pela Sr.ª Ministra da Educação ao Público, R.R e Programa Diga Lá Excelência. Eu tinha a ideia de que essas entrevistas, que são transmitidas na 2 ao Domingo, seriam publicadas no PÚblico posteriormente. Grato pela atenção,
José Carreira

Exmo Senhor,
Venho por este meio enviar uma opinião sobre o aceso debate que tem ocupado os professores neste país, neste últimos dias.
Agradeço desde já a sua atenção,
Susana Santos

Aqui vai o artigo:

“Hoje é dia de teste?”

Uma vez que as mudanças na carreira docente continuam em debate, não posso deixar de sentir alguma perplexidade face ao futuro incerto que me espera como professora do ensino básico e secundário que já sou há dez anos. Não me assusta a problemática da avaliação.
Torna-se evidente que será necessário rever o modo de avaliar o desempenho dos professores, pois a uniformidade a que estávamos sujeitos não era justa.
Experimentei um desses momentos quando tive de entregar um relatório crítico para mudança de escalão e, ao ter seguido o guião editado pelo ministério, os colegas da escola me informaram que não eram necessários determinados dados e documentos que
resolvi incluir, porque “isso ninguém acrescentava, e todos tínhamos a mesma classificação”. Concordo com a valorização daqueles que investem mais na carreira, quer seja por terem realizado mais acções de formação, cursos, mestrados, doutoramentos, trabalhos de investigação, quer seja por terem concretizado projectos enriquecedores para os alunos e para a escola em geral.
O que me preocupa é o facto de o desempenho do professor ser avaliado pelos encarregados de educação.
Que tipo de avaliação podem realizar quando nos olham com surpresa se lhes pedimos para verificar se os alunos trazem o material para a escola? Como directora de turma, é frequente testemunhar algum incómodo ou
espanto por parte dos encarregados de educação quando solicito a sua colaboração para tarefas tão simples como: ajudar os alunos a saber as disciplinas que devem preparar para o dia seguinte, a estimular o interesse pelas matérias ensinadas, a valorizar a variedade de disciplinas que a escola oferece e a respectiva utilidade na escolha de uma carreira futura, a analisar todas as atitudes de cidadania, a consciencializar valores positivos (como a solidariedade, amizade, não-violência, tolerância, etc), a disciplinar as horas de estudo com as horas de lazer, a interiorizar as regras de comportamento, a mostrar a utilidade da caderneta escolar e a fomentar a honestidade das mensagens aí registadas, ou a verificar as datas da realização de testes, fichas, e da entrega de trabalhos nos calendários fornecidos.
Muitas vezes, os encarregados de educação ignoram a importância destas pequenas contribuições, ou seja, desses diálogos tão significativos para um relacionamento feliz entre a escola e a família.
Situações que tentamos ultrapassar na sala de aula seriam decerto solucionadas. Deixaríamos de nos sentir desamparados quando tentamos incutir responsabilidade
e sublinhar a necessidade de hábitos e métodos de estudo. A falta de estudo e acompanhamento diário culminam não raras vezes em questões provocadoras que os alunos fazem, como por exemplo em dia de teste: “Hoje é dia de teste?”
Este contínuo desrespeito pela actuação dos professores deve ser urgentemente corrigido, para que todos nos orgulhemos de um ensino público dignificante. Repito urgentemente antes que os bons professores comecem a optar pelo ensino privado.
A tristeza, para além da indignação que tenho vindo a sentir, prende-se com o contínuo desvario de uma directriz na política da educação ao longo dos anos; contudo, ainda espero vir a conhecer a estabilidade
necessária para terminar a minha carreira orgulhosamente.

Susana Santos
Porto

Venho por este meio lamentar o que me tem acontecido nos últimos dias. Quando surge um artigo sobre educação, logo se levantam vozes contra os professores sistematicamente. Como sou professor de carreira, com 19 anos de serviço e nenhuma falta injustificada, tento dar a minha opinião sobre o assunto, pois mais do que ninguém e muitos que aí populam a sua ignorância, sei do que falo. Os meus comentários são aceites no sistemas mas nunca publicados. Chego à triste conclusão que afinal deve existir ainda censura em Portugal, apesar de ensinar aos meus alunos que ela acabou com o 25 de Abril. Ou ando eu enganado ou este jornal.

Outra pedra no charco, brilhantemente atirada por um iluminado grupo destacado para elaborar e definir os critérios de avaliação da Prova Nacional de Português do 9º ano.
Uma prova vergonhosamente elaborada que desprestigia qualquer professor de português, e até os alunos.

Com efeito, por que é dada tanta importância ao cumprimento de programas se, depois, a prova não incide nos conhecimentos essenciais do 3º ciclo em língua portuguesa e se apresenta quase totalmente como uma prova virada para o 2º ciclo?

Preparam-se os alunos para alhos e saem bogalhos?
- Onde está a divisão sintáctiva e aálise morfológica?
- Onde estava a divisão e classificação de orações (ao menos as coordenadas)?
- Onde está a identificação e juízo sobre os recursos estilísticos ou fenómenos fonéticos?
- Onde está a voz passiva, a conjugação perifrástica.......?
- Onde está a matéria leccionada, própria do programa do 9º ano de escolaridade (Gil Vicente e Lusíadas)?

Que critérios de avaliação são esses, impostos aos professores correctores, que nem respeitam as regras elementares para ajuizamento do exercício de passagem para o discurso indirecto?

Que facilitismo é esse?
A prova é um mero instrumento para atirar estatísticas de pseudo-sucesso escolar para a U.E. e para eleitores verem?

Afinal, quem é que está por detrás dessa prova? Por que não dão a cara? Por que razão ficam no anonimato?
É que se os professores vão ser avaliados, começemos desde já por quem elabora as provas nacionais, já que o caso em apreço (português 9º ano) não é único.

Considero que este Ministério da Educação tem travado a batalha mais decisiva para o futuro de Portugal.
Porque não só quero exprimir o meu acordo com as medidas tomadas pela Sra. Ministra, como quero dar o meu contributo enquanto mãe atenta e encarregada de educação preocupada, fiz um blog sobre educação. Está em http://educare.blogs.sapo.pt/
Apelo a todos os pais preocupados que se informem sobre o assunto e não deixem que os srs. dos sindicatos (professores que nem leccionam!), apenas preocupados com interesses corporativistas e com a desfesa dos seus privilégios, prejudiquem ainda mais o futuro dos nossos filhos. Cumprimentos,

Decidi deixar o meu comentário sobre este assunto, uma vez que fui vítima da injustiça que se fez sentir nos examens nacionais de 12.ºano.
É verdade, mais uma que deixou o exame de química para a 2.ª fase!
Candidatei-me a medicina e é de conhecimento geral que qualquer centésima é preciosa para quem quer entrar neste curso. E se já em condições normais é difícil, mais difícil se torna quando somos vítimas de várias inustiças.
Pois é tudo começou no início deste ano lectivo, estava eu e muitos milhares a começar o ano decisivo para as nossas vidas, é então que temos conhecimento das surpresas que a ministra nos reservou. Primeiro mudaram os programas e como estamos num ano de transição temos programa novo e modelo antigo, então o que é que a ministra faz, não deixa que sejam lançadas provas modelo, para que os alunos fiquem completamente às escuras e não façam ideia da estrutura do exame que decide o seu futuro!
É então que são lançadas as questões modelo,ou seja uma lista com algumas questões que poderiam sair, mas ajuda deram pouca, pois ninguém sabia qual seria o modelo dos testes.
Mas, com sacrifício de alunos e professores lá fomos andando e dando o nosso melhor, com a esperança de que os exames nos corressem bem!
Chegou a altura, primeiro português, depois biologia e, na mesma semana, com um dia de intervalo química! Pois é o calendário perfeito para todos os alunos que têm essas duas disciplinas como específicas, mais perfeito ainda para aqueles que querem entrar em medicina, foi aí que muitos fizeram a escolha fatal! Deixar química para a 2.ªfase! De imediato começa a confusão quando é detectado, já depois da prova feita pelos alunos um erro numa escolha múltipla, não é nada de inédito, já acontecera antes e a medida tomada foi a normal, dar a cotação da pergunta a todos os alunos, mas no nosso ano tinha que ser diferente, e perante os maus resultados da primeira fase a sr. ministra decide dar uma segunda oportunidade aos alunos que fizeram química na primeira, sendo-lhes ainda dada a possibilidade de escolherem a melhor nota. Como é óbvio os alunos aproveitaram o milagre que lhes aconteceu repetindo o exame de química na segunda fase, sem prejuízo para a candidatura e com o descanso de que se desse para o torto tinham sempre a garantia de ficar com a melhor nota. Naturalmente foram fazer o exame com mais calma, menos nervos, que quem já passou por lá sabe que podem ser inimigos fatais, nao sendo por isso de estranhar que as provas lhes tivessem corrido melhor! Agora eu pergunto, e nós os da 2.ª fase que fizemos a nossa escolha, tal como eles fizeram, temos que ser prejudicados por isso? Será certo mudarem as regras do jogo a meio? Se nós soubessemos que isso iria acontecer teríamos feito na primeira, teríamos preferido ter duas oportunidades em vez de apenas uma!!Não estou a culpar esses alunos, que apenas aproveitaram o bónus que lhes ofereceram, estou a culpar a ministra por ter criado esta desigualdade que pode prejudicar e muito os alunos que, e volto a repetir, exerceram o seu direito e fizeram uma opção, será que nós não merecemos uma segunda oportunidade! é verdade que o nosso teste nao tinha erros, mas nós também não temos culpa, nem adivinhámos que o deles teria. E já agora porque é que nao foi dada uma oportunidade para repetir as restantes disciplinas? Os resultados a matemática também foram desastrosos e a última pergunta também estava mal colocada. Faço aqui um apelo à sr. ministra para que ponha a mão na consciência e reflita sobre as desigualdes que criou e pense em quantos alunos poderá ter prejudicado. Espero sinceramente que tenha servido de lição e que nao volte a prejudicar os alunos do seu país, cuja educação também é da sua responsabilidade.

Sou aluno e fiz o exame nacional de Biologia e Geologia, tenho a dizer que o respectivo exame continha matéria que estava fora do programa da respectiva disciplina. Tenho ainda a acrescentar que a comunicação social podia ter feito uma maior abordagem deste assunto, que pelo que parece foi abafado.

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