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domingo, março 04, 2007 

MUDA-SE O PÚBLICO (III)

A renovação continua a suscitar inúmeros comentários (maioritariamente negativos) por parte dos leitores.
As reacções críticas individuais não só têm cabimento como são de louvar, sobretudo, quando se trata do saudável relacionamento entre o leitor e o seu jornal.

“Embora não me tenha sido pedida, gostaria de dar a minha opinião sobre a remodelação feita no PÚBLICO.
Nada tenho contra o ‘P’ muito maiúsculo com o nome do jornal lá dentro. Nada tenho, aliás, contra mudanças de uma maneira geral. São necessárias e mesmo essenciais para aquilo que habitualmente se designa por ‘descolamento da rotina’. Contudo, gostaria de fazer alguns reparos, como leitor do jornal desde o seu número 1, já há longos anos.
1. O uso da fotografia a cores pareceu-me excessivo, mas admito que poderá ser uma resultante da falta de hábito. Mesmo assim, creio que demasiadas fotografias podem retirar alguma imagem de seriedade à publicação. Muitas pessoas estarão, incluindo eu próprio, mais formatados mentalmente para uma revista ou um suplemento a cores – o que, pelo seu suporte, até aguenta mais esse tipo de fotografia. Seja o papel de uma revista como a Pública, seja por exemplo a vossa separata ípsilon têm uma contextura diferente da do jornal diário. Poderá argumentar-se que a cor nada tem a ver com a seriedade de uma publicação. Em princípio, não discordo, mas quando vejo fotografias demasiado grandes para o tamanho do texto... Ou mesmo o Grande Plano, que ocupa duas páginas! Entretanto, achei a ípsilon excelente!
2. Notei logo no número de segunda-feira, e em todos os outros desde então, que o jornal caiu no mesmo erro (é, evidentemente, uma opinião pessoal) de uma outra remodelação que fez há anos: os problemas de palavras cruzadas passaram de dois a apenas um e, mais grave, as casas para inscrição das palavras são agora, tal como nessa altura, de dimensão francamente menor. O reduzido tamanho das casas desencoraja quem gosta de resolver palavras cruzadas! E afasta leitores.
3. Reparei, nas edições a partir de 3ª feira, que a informação sobre cotações da bolsa, fundos de investimento, etc. não existia na sua forma habitual. É uma enorme pecha para quem estava desde há anos habituado a consultar esta informação entre 3ª feira e sábado. Para mim, e decerto para outros leitores, esta é a falta mais grave. Também é de molde a afastar compradores do jornal. Pessoalmente, haverá dias em que comprarei o DN em vez do PÚBLICO, porque preciso dessa informação.
4. O P2, diário, parece-me claramente exagerado, no estilo de agradar basicamente ao povo que não gosta de se cansar a pensar. O número de 2ª feira continha coisas como ‘Ninguém pára a Carolina, olé!’, ‘Os Police estão prontos para voltar?’ Filmes, canções, moda. Onde é que eu já vi isto?
Certamente nos jornais que me recuso a comprar. As páginas diariamente ocupadas por cinema, televisão e teatro são em número de cinco. Parece-me muito para quem eliminou a informação financeira acima referida.
5. Gostei do estilo de a página 1 sumariar notícias que depois terão o seu desenvolvimento no interior do jornal.
6. Remeter os comentadores para as páginas finais não me desagrada, uma vez que, depois de olhar para a primeira página, folheio geralmente o jornal de trás para diante, mas esconder o Bartoon no P2 é sacrilégio.
7. Infelizmente, não dedicaram mais espaço para cartas dos leitores. Trata-se da clássica questão de prevalência ou não da fotografia sobre a palavra. O PÚBLICO costumava favorecer mais a palavra e não abusava das grandes titulagens. Felizmente que mantém os seus colaboradores habituais, de que me permito salientar São José Almeida, Vital Moreira, António Barreto, Pulido Valente, Teixeira da Mota, André Freire, António Ramos, Rui Tavares, Helena Matos, Bénard da Costa, Teresa de Sousa, Prado Coelho e Cintra Torres. E é pena que M. Sousa Tavares tenha saído.
O meu comentário por ora é este. Faço-o com intenção construtiva, como é evidente. Não haveria outra possibilidade, quando se lê o mesmo jornal há 17 anos. Parabéns pela mudança, e atenção aos reparos das tabelas de fundos financeiros e à questão das palavras cruzadas. Boas vendas!“, escreve José Manuel Carvalho Oliveira, um leitor de Lisboa.

Solicitei um esclarecimento ao director.

“Sobre a informação de Bolsa: manteve-se o que se considerou essencial (câmbios, todas as cotações da Bolsa de Lisboa), reforçou-se no on-line o que era menos consultado (cotação diária dos fundos de pensão, por exemplo). Hoje em dia quem trabalha em Bolsa possui inúmeras ferramentas que lhe permitem aceder à informação de que necessita on-line, pelo que mantivemos no papel apenas a informação destinada ao público mais vasto, estando ao mesmo tempo a enriquecer com mais informação a nossa página de economia on-line.
Em contrapartida continua a ser difícil, muito difícil mesmo, escolher um cinema ou conhecer a programação de televisão (informações destinadas a públicos menos restritos que os utilizadores dos mercados financeiros) via telemóvel e nem toda a gente anda com um portátil debaixo do braço para se ligar à rede. Esta opção baseou-se também em estudos feitos junto dos leitores, para aferir as suas preferências.
Quanto a ter perdido um exercício de palavras cruzadas ‘versus’ ter ganho mais sudoku, a decisão derivou de termos recebido muitas solicitações de leitores para aumentarmos o número de problemas de sudoku. Na economia global da página, ‘caiu’ um problema de palavras cruzadas, mas ficou o que é habitualmente mais popular, conforme os testes junto de leitores nos permitiram comprovar.
Como a esta queixa se juntam algumas reclamações sobre o desaparecimento da coluna de bridge, equacionamos reanalisar e, porventura, rever a actual oferta de passatempos”, respondeu José Manuel Fernandes.

“Escrevo só para manifestar a minha profunda desilusão com a recente remodelação do jornal. Tenho sido um leitor permanente do PÚBLICO desde há muitos anos (comprando o jornal diariamente), mas, confesso, tem sido um grande esforço para mim, durante a última semana, manter-me fiel a esse hábito (a esse prazer).
Pretendendo, provavelmente, alargar o seu ‘target’, o PÚBLICO arrisca-se, na minha simples opinião de leitor, a perder os seus clientes mais fieis, aqueles que o têm escolhido sobretudo pelo prazer da leitura de bons artigos de opinião e de informação. O novo grafismo e tratamento noticioso do PÚBLICO provocam a sensação de que o jornal passou a ser mais para ver, folhear, do que para ler (sintomático é o efeito ‘esmagador’ da preferência pela imagem, traduzido no enorme tamanho das fotografias)”, escreve José Borges, um leitor do Porto.

“Tenho 67 anos e sou reformado. Embora goste menos do PÚBLICO renovado, vou continuar a lê-lo e ver se me habituo. Aliás, espero que a renovação resulte, porque, com um pouco de sorte, este pode ser o caminho para continuar a haver jornais em papel e não seria mau se os piores fossem como o PÚBLICO.
Posto isto, só um pedido: seria possível que o Su Doku (e, já agora, as Cruzadas e o Ka Kuro) voltasse ao tamanho anterior e longe da dobra do jornal? Ficaram tão aborrecidos de preencher... E, que diabo, talvez se possa atrair a gente nova sem correr com os que já vêem menos bem...
Obrigado pela atenção e boa sorte!”, escreve Eugénio de Sousa, um leitor de Lisboa.

P.S. – O endereço electrónico do provedor do leitor é: provedor@publico.pt

O meu comentário ao Público é público e pode ser lido no meu blog. Mas já agora gostava de saber a vossa opinião.

http://quionga6.wordpress.com/2007/03/03/nao-deixe-da-ser-curioso/

Obrigado

Não gosto do novo Público, tem uma péssima arrumação dos assuntos. Algumas ideias de reportagens até são giras, mas parece uma montanha russa. Pela positiva, gostei da plebeização da Teresa de Sousa, a escrever notícias, e não apenas comentários, era um desperdício! E, assim de repente, é a coisa coisa boa. Ah, o Quintela também tem graça.

O Público “chunga”

Concordo que as mudanças são necessárias. Se assim não fosse, estagnávamos. Aliás, tenho acompanhado com mais ou menos agrado as alterações que o jornal tem sofrido ao longo dos tempos. Considero-me, por isso, uma leitora assídua e, sobretudo, que encontra no jornal uma referência no panorama jornalístico que prima pela isenção, qualidade do estilo, qualidade da informação e de opinião. Ou devo dizer, considerava?...
Confesso que esta última transformação surpreendeu-me pela negativa. Ao contrário das mudanças anteriores, esta última não se circunscreveu a aspectos de periferia, ambicionou alterar essências do jornal. Mas isto é tão só a minha opinião. Parece que o seu propósito tem vindo a mudar para uma espécime de “jornalismo light”, entremeando notícias e opiniões de qualidade evidente com notícias e comentários menores.
Curiosamente, na penúltima remodelação do jornal desagradou-me a inclusão da rubrica “Pessoas” por achar que se esse fosse o motor da minha leitura, certamente, não seria o Público que comprava. Na altura optei por não escrever por achar que, a seu tempo, poderiam recuar nesse estilo. Mas pasme-se quando nesta nova mudança aquela secção ganhou mais espaço. Na era da Internet e da Blogosfera urgem formas mais inovadoras e interessantes de fidelizar os leitores.
Afinal, como se pretende afirmar O Público?
Reparo que não sou a única insatisfeita com o novo formato do jornal. Reparo, também e entristecida, nalguns motivos que a direcção encontra para fundamentar as mudanças; por exemplo, com base em estudos de opinião aos leitores, retiraram um passatempo de palavras cruzadas e aumentaram um do Sudoku. A ser assim, imagine-se como estariam os canais televisivos se se regessem por estudos de opinião e audiência! Estaríamos condenado a ver telenovelas, futebol e “Portugais no Coração” o dia inteiro…
Afinal, como se pretende afirmar O Público?
Apesar da minha tenra idade, sinto já necessidade de manter algumas referências que, pela sua irreverência envolta em profissionalismo e qualidade, transformem um simples hábito (como o é comprar e ler um jornal) num hábito de culto. Assistir a uma referência destas ficar refém da globalização do sensacionalismo e do imediatismo, é antes de mais, triste.
No meio desta “busca de identidade”, tentei encontrar no dicionário de Língua Portuguesa o significado de “chunga” (Público, suplemento P2, 06/03/2007), mas não encontrei; terei deixado de entender o jornal? Ou terá O Público deixado de falar a nossa língua? Espero muito sinceramente que não, porque precisamos desta referência que, apesar de um deslize, pode continuar a sê-lo, basta reconsiderar a prioridade e a essência com que se quer destinguir. Assim espero.

As mudanças efectuadas no Público, não foram as melhores. Antes, o jornal era organizado de forma coerente, objectiva e de momento não o é. A separação em dois cadernos é simplesmente ridícula e despropositada. Também a edição net está mal organizada com vários textos juntos, não sendo separados, tornando-se difícil compreendê-los. É absurdo o cibernauta comum não tem acesso completo ao jornal, devido à absurda e errónea ideia de vetar os conteúdos do jornal ao leitores. Eu, por exemplo, não consigo ver artigos de opinião, o bartoon, que são artigos que me interessam e não pretendo ser assinante do jornal, que é um requisito completamente absurdo. Por isso, o acesso à versão net do jornal deve ser completamente acedido na net e sem quaisquer tipo de custos.

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