« Página inicial | NOTA DA DIRECÇÃO DO PÚBLICO » | UMA FORMA DE PLÁGIO » | O PÚBLICO NA INTERNET » | CONTACTOS DO PROVEDOR » | AS OUTRAS CARTAS AO PROVEDOR » | O NOVO PÚBLICO » | QUEM DÁ MAIS... » | A FRASE A MAIS (EPÍLOGO) » | A FRASE A MAIS (PARTE II) » | CONTACTOS DO PROVEDOR » 

sexta-feira, janeiro 12, 2007 

Publicados os documentos relativos ao caso "Uma forma de plágio"

NOTA DA DIRECÇÃO DO PÚBLICO

De acordo com o que tinha sido anunciado pela Direcção do PÚBLICO na Nota da Direcção publicada a 10 de Janeiro de 2007, foi criada no nosso site uma área onde se encontram publicados todos os documentos relevantes relativos ao caso "Uma forma de plágio", desencadeado pela crónica do Provedor do Leitor com o mesmo nome.

Esperamos que estes documentos possam ajudar o leitor a formar a sua opinião.

A Direcção do PÚBLICO está a apreciar os factos e tornará pública a sua avaliação deste caso assim como as decisões que derivem dessa apreciação.

Se quiser enviar-nos o seu comentário, pode fazê-lo:
- publicando um comentário neste blogue
- enviando um mail ao Provedor do Leitor
- enviando um mail ao Director do PÚBLICO, José Manuel Fernandes

O comunicado e' vergonhoso.

Clara Barata esqueceu-se de umas aspazinhas, o que seria inaceitavel segundo o livro de estilo, mas "É, no entanto, de sublinhar que as frases são sobre dados factuais e que não se trata de plágio de ideias, opiniões ou de um estilo de escrita particularmente personalizado, casos em que o plágio tem outro nível de gravidade."

Suponho que todos os jornalistas medianos e sem opiniao se possam defender com esta frase.

Voltando as aspas, os membros do conselho de redaccao acham sinceramente que o problema foi nao por as aspas? Quanto do artigo nao seria citacao?

Enquanto leitor do Público, fiquei desapontado com a resposta do CR. O Livro de Estilo do Público é bastante claro: "O plágio é terminantemente proibido no PÚBLICO.".

Nunca, no livro de estilo do Público se distinguem formas de plágio ou se distinguem "dados factuais" de outro tipo de informação. Diz-se aliás que "Tal como não existe objectividade em estado puro, não existem nos textos jornalísticos fronteiras absolutas entre informação, interpretação e opinião.".

O argumento usado "[não se trata] de um estilo de escrita particularmente personalizado" é feito à medida da fonte do plágio - a Wikipedia, onde os textos são resultado da colaboração de várias pessoas. O que significa isto? O que é um "estilo personalizado"?

Pergunto ao CR o que torna um texto "factual"? Estar na Wikipedia é razão suficiente? Como podem os leitores saber que existem diversos tipos de texto no Público, sendo que "nos factuais" o plágio é menos grave?

O comunicado do CR fica aquém dos padrões éticos estabelecidos no (excelente) Livro de Estilo do jornal.

Complementando o que já escrevi, parece-me fundamental reescrever o Livro de Estilo para passar a incluir a distinção "entre vários níveis de págio", de forma a estar de acordo com a decisão agora tomada pelo CR.

O comunicado do CR é salomónico. E incrivelmente corporativo. Mas a questão aqui não é o comportamento do Provedor, mas da jornalista.
A resposta de Clara Barata é sintomática da classe jornalistica: pedante e arrogante. Tinha ficado tão bem pedir simplesmente desculpa...
Se o que está a acontecer com a jornalista fosse com um político, este já estaria desfeito e devidamente a secar ao sol. Mas isso seria com os malvados dos políticos, porque com os jornalistas a corporação defende-se.

"É, no entanto, de sublinhar que as frases são sobre dados factuais e que não se trata de plágio de ideias, opiniões ou de um estilo de escrita particularmente personalizado, casos em que o plágio tem outro nível de gravidade." Esta frase do CR do PÚBLICO é um verdadeiro tiro no pé! A ser válido, este principio sugere-me uma nova forma de negocio: Irei publicar todos os dias um jornal "practicamente igual" ao PÚBLICO dessa mesma manhã, salvo os artigos de opinião, que terei todo o prazer de plagiar da revista "The New Yorker". Não será dificil fazer lucro, mesmo que venda o jornal ao preco da chuva.

Esperava que o "affair Clara Barata" tivesse consequencias para a jornalista em questão. Não tem. Chamado a pronunciar-se sobre o affair, o CR parece ter decidido como Cristo: quem nunca plagiou, que lance a primeira pedra! A identificacão com a "Causa" evidencia-se na critica ao Provedor do Leitor, que para alguns deveria ser o Provedor dos Jornalistas...

Não deixa de ser lamentável ver como jornalistas de um jornal de referencia desrespeitam o esforco posto por outros jornalistas e/ou autores na preparacão e redaccão de artigos interessantes e uteis.

Dizer que o que aconteceu não teve consequências para a jornalista em questão é não perceber nada de jornalismo. Teve consequências muito fortes, imagino até do ponto de vista pessoal e emocional. O mais importante aqui, acredito, é a consciência ou não do que se está a fazer. Eu sou daqueles que defende que há diferentes tipo de plágio.

Acho que a jornalista em questão esteve mal, especialmente nos pontos citados dentro do artigo principal, mas o que se passou não foi feito de forma consciente e aquilo que eu consideraria plágio gravoso não se passou. Por isso, não há motivos para despedimento.

Sobre o alegado corporativismo no jornalismo, também não se poderia ter opinião mais errada. O jornalismo é das profissões onde há menos corporativismo - não há organização e uma solidariedade muito esporádica e miníma (infelizmente). É normal, isso sim, que colegas de profissão, que conhecem as contingências diárias do trabalho jornalístico, e conhecem a limitações que os jornalistas têm cada vez - com excesso de trabalho, pressões e exigências e pouca retribuição moral e financeira - percebem com mais facilidade como é que um erro deste tipo pode acontecer. É apenas natural que entendam que não é um plágio propositado e gravoso.

PS: ainda hoje li um caso de plágio gravoso, aparentemente claro, no jornal A Bola - um empresa de boa saúde financeira e com jornalistas que, pelo que sei, não têm excesso de trabalho.
http://frescaseboas.blogspot.com/2007/01/plgio-novo.html


Boas notícias e excelentes reportagens.
João Tomé

Enviar um comentário

Sobre o blog

  • O blogue do Provedor do Leitor do PÚBLICO foi criado para facilitar a expressão dos sentimentos e das opiniões dos leitores sobre o PÚBLICO e para alargar as formas de contacto com o Provedor.

    Este blogue não pretende substituir as cartas e os e-mails que constituem a base do trabalho do Provedor e que permitem um contacto mais pessoal, mas sim constituir um espaço de debate, aberto aos leitores. À Direcção do PÚBLICO e aos seus jornalistas em torno das questões levantadas pelo Provedor.

    Serão, aqui, publicados semanalmente os textos do Provedor do Leitor do PÚBLICO e espera-se que eles suscitem reacções. O Provedor não se pode comprometer a responder a todos os comentários nem a arbitrar todas as discussões que aqui tiverem lugar. Mas ele seguirá atentamente tudo o que for aqui publicado.

  • Consulte o CV de Rui Araújo

Links

Um blog do PUBLICO.PT