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domingo, junho 03, 2007 

MODAS & IGNORÂNCIA

O Livro de Estilo do PÚBLICO é peremptório (“anglicismos – deve-se evitá-los quando há o termo equivalente em Português: antecedentes ou enquadramento, em vez de background; finta, em vez de dribbling; meios de comunicação social, em vez de mass media...”), mas a língua de William Shakespeare (e do prosaico George W. Bush) está a invadir as páginas do jornal.

FEEDBAK
“Alguns portugueses queriam ser americanos, mas o Tio Sam ainda não pôs mais uma estrela na sua bandeira. Limitam-se a imitá-los. Até o PÚBLICO tem uma secção chamada ‘feedback’.
Não basta o Zé dos Santos com o seu ‘NEW YORK’. É triste que uma língua tão rica seja ultrapassada. É a minha convicção”, escreve o leitor cibernauta zevintem@...fr.

O reparo é pertinente.
A denominação
(“feedback”) adoptada pelo PÚBLICO on-line (http://ww2.publico.clix.pt/ – secção “COMUNIDADE”, na parte inferior da coluna dos “CANAIS”) é infeliz. Existem alternativas em Português: “reacções” é uma delas...

BULLYING
“Acho lamentável que na notícia com o título ‘DREN propõe mandar professores a casa de criança de Rio Tinto vítima de bullying’, publicada no vosso serviço ‘Última hora’ (e na edição impressa de 24 de Maio, Caderno P2, página 8, nota do provedor), tenham tido a necessidade de recorrer ao estrangeirismo ‘bullying’. O recurso a estrangeirismos é justificável quando não existe uma expressão equivalente em Português, embora nesse caso sugira que seja explicado esse estrangeirismo em Português. Mas neste caso em particular não me parece ser esse caso, acho que se poderá falar em ‘vítima de intimidação’”, escreve Manuel Costa, um leitor da Damaia.

O reparo é pertinente.
O provedor considera a opção do PÚBLICO infeliz.

BILLIONS
“No PÚBLICO de 22 de Maio de 2007 surgiu uma notícia denominada ‘Biliões de cigarras vão voltar a atacar nos EUA’. Encontrei na Internet uma notícia da Associated Press (http://news.yahoo.com/s/ap/20070520/ap_on_re_us/cicada_invasion) que me elucidou melhor sobre este assunto. O que me chamou a atenção foram os ‘biliões’ presentes no título e na notícia do jornal, traduzido directamente do ‘billion’ americano como pude comprovar.
Mais uma vez existe falta de rigor por parte do PÚBLICO: um milhar de milhões é muito diferente do milhão de milhões.
Eis o que diz o Livro de Estilo do PÚBLICO sobre este assunto: “bilião — Um milhão de milhões, em português. N.B. — Atenção que nos EUA, Brasil e outros países americanos um bilião são mil milhões e ao que na Europa ocidental é bilião chamam eles ‘trilião’. Na Europa, pôs-se fim à anarquia que reinou durante décadas, com ‘bilião’ a significar indistintamente mil milhões ou um milhão de milhões, na 9ª Conferência Internacional de Pesos e Medidas, em 1948. Nas línguas francesa, inglesa, italiana, alemã e neerlandesa, pelo menos, existe mesmo um vocábulo que designa os milhares de milhões (‘milliard’, fr. e ing.; ‘miliardo’, it.; ‘milliarde’, al.; ‘miljard’, neerl.). Cf. números.’”, escreve José Paulo Andrade.

O reparo do leitor do Porto é pertinente.
O despacho da agência noticiosa norte-americana Associated Press foi mal traduzido.
“O que o leitor escreveu, citando o Livro de Estilo do ‘PÚBLICO’, está certíssimo. O ‘billion’ nos EUA (como no Brasil) não tem o mesmo valor que em Portugal (bilião = um milhão de milhões)”, confirmou Maria Regina Rocha, professora de Português e consultora do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.
O PÚBLICO errou.
Há, por outro lado, jornalistas que revelam uma notória falta de cultura.

BRITTANY
“Na edição em papel de 5 de Maio de 2007 do jornal do qual V. Exa. é Provedor, na página 17 em caixa relativa à candidata à presidência da República Francesa Ségolène Royal refere-se a uma afirmação desta efectuada na região (presume-se francesa) de Brittany (noroeste).
Brittany (ou French Brittany) é o nome (e a grafia) da região francesa da Bretanha (em francês Bretagne). Ou seja, o jornal PÚBLICO referiu-se num texto em português a uma região francesa usando uma grafia inglesa.
Assim, só posso concluir que:
1. foi utilizado um texto original de agência escrito em inglês, não tendo sido traduzido para português o nome de uma região francesa.
2. que quem escreveu o texto em caixa em questão não sabe quais são as regiões de França, qual o seu nome em português, nomeadamente uma das regiões mais históricas, como é o caso da Bretanha.
3. que quem escreveu o texto em caixa em questão acha normal que uma região francesa tenha a mesma grafia em inglês, francês e português (o que não é o caso da Bretanha).
4. que quem escreveu o texto em caixa em questão possui um nível muito fraco de conhecimento de língua e cultura francesa, bem como um nível muito fraco de conhecimento de geografia internacional em língua portuguesa.
5. que para um jornal de referência como o de V. Exa. é estranho que alguém com tais deficiências culturais escreva o texto de um artigo com a importância do mencionado.
6. que ninguém efectuou um mínimo trabalho de edição do artigo em questão (ou que então possui as mesmas deficiências culturais do autor do artigo).
Creio que se tratou apenas de um infeliz lapso. Mas este tipo de lapsos permite conclusões como as anteriores que um jornal com o de V. Exa. (o qual leio desde o primeiro número) não se pode permitir”, escreve Nelson Manuel Ferreira Fernandes Rosa.

Os reparos do leitor são pertinentes.
Eis o artigo em causa:
“’Escolher Nicolas Sarkozy será uma escolha perigosa’, afirmou Royal à rádio RTL. ‘É minha responsabilidade hoje alertar as pessoas para o risco desta candidatura e relação à violência e brutalidade que cairá sobre o país’ se Nicolas Sarkozy vencer as presidenciais. Royal fez esta afirmação na última visita de campanha à região de Brittany (noroeste)”.
“Brittany” corresponde a “Bretanha”.
A notícia de 12 linhas contém ainda uma gralha:
“(...) alertar as pessoas para o risco desta candidatura e relação”... A formulação correcta era “em relação”, obviamente.
É desnecessário questionar o resto da prosa (sem assinatura)...

O endereço electrónico do provedor é o seguinte:
provedor@publico.pt

Estimado Provedor,

Na sua crónica de hoje "Modas & Ignorância" afirma que existem em Português alternativas à palavra inglesa “feedback”. Aponta “reacções” como uma delas. Indico-lhe outra utilizada em engenharia: “realimentação”. Esta palavra inglesa nasceu com a teoria do controle (ou controlo?) ou cibernética. Se estiver interessado em aprofundar pode consultar: http://en.wikipedia.org/wiki/Feedback

Aproveito este interregno do meu “divórcio” em relação ao PÚBLICO para lhe dizer que as histórias do “aquecimento global” e das “alterações climáticas” continuam a ser muito mal contadas no jornal de V.Exa. que é a referência nacional dos media para a desinformação deste tema. Paciência, não à volta a dar… Ricardo Garcia só há um. Mas não é apenas ele que destrói a imagem de rigor do PÚBLICO que ficará marcada até ao futuro não muito longínquo

Com os meus respeitos, sou

Rui G. Moura

RAMADA

Antes de mais, parabéns ao Rui Araújo, que presta um trabalho inestimável através deste espaço. Não só aos leitores do jornal, como aos seus jornalistas e até ao jornalismo português.

O Público perdeu mais do que bons profissionais nos últimos tempos. Perdeu mística e garra. Deixou evaporar a frescura que o tornou o melhor jornal do país, condição que só mantém por falta de uma verdadeira imprensa de referência em Portugal, infelizmente. Ser o melhor não significa ser bom.

É certo que os jornais passam por alturas de aperto. Mas quem conhece as redacções também sabe que a falta de qualidade de muitas chefias e a pequenez mental de muitos quadros de direcção - que tratam o produto "informação" como se fosse bife de talho - também não ajuda.

O Público necessita de se tornar melhor, porque é necessário ter um jornal como ele foi. Menos anémico que agora. Mais vitaminado. Menos anódino. Mais fracturante. Com menos presunção. Com mais sal.

A fragilidade de uma casa que não curou bem a última "pneumonia" transparece numa lividez que nem a cor das novas páginas espevita.

Obrigado Rui Araújo. Certamente ajudaste muitos colegas teus a respeitarem mais os leitores. Faltava também um provedor dos jornalistas, como tu, para auxiliar os directores a respeitá-los a eles também.

Gostava de poder voltar a comprar o Público sem a sensação viciosa de que estou a entregar o meu dinheiro ao menos mau dos jornais portugueses.

Abraço a todos.

Caro Provedor,

Espero e desespero.

Refiro-me ao facto inacreditável, quanto a mim, de até hoje nenhum dos inúmeros comentadores, com as mais diversas persuasões e qualificações, se ter dignado a abordar aquela que, tornou-se consensual, é a questão mais importante da actualidade: as alterações climáticas/o aquecimento global (vide a actual Cimeira do G8).

Literalmente, os vossos comentadores falam de tudo e mais alguma coisa excepto desta questão, e eu simplesmente não consigo compreender a que se deve esta sistemática recusa em abordar o tema.

Mais extraordinário ainda, o Público tem noticiado amplamente a questão das alterações climáticas, mas quando se trata de comentar as importantíssimas questões envolvidas, a atitude é "E nós com isso?" — e toca a escrever a enésima peça sobre a OTA ou a Câmara de Lisboa…

Diga-se em abono da verdade que este estado extraordinário de negação ultrapassa largamente o Público e estende-se a toda a classe nacional de "opinion makers".

Cumprimentos,

Jorge Roseira

Agradecia a vossa atenção para o assunto do novo aeroporto de Lisboa, considerando a valência do Campo de Tiro de Alcochete.

Carissimo Provedor
Gostaria que reconsiderasse na selecção feita dos 7 horrores,estão a mexer com muita coisa e pessoas pela negativa.Eu não gostei,penso que muitas pessoas terão a mesma opinião.Como protesto não votarei,mesmo pensando que um ou outro, mereceria um voto negativo.

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Sobre o blog

  • O blogue do Provedor do Leitor do PÚBLICO foi criado para facilitar a expressão dos sentimentos e das opiniões dos leitores sobre o PÚBLICO e para alargar as formas de contacto com o Provedor.

    Este blogue não pretende substituir as cartas e os e-mails que constituem a base do trabalho do Provedor e que permitem um contacto mais pessoal, mas sim constituir um espaço de debate, aberto aos leitores. À Direcção do PÚBLICO e aos seus jornalistas em torno das questões levantadas pelo Provedor.

    Serão, aqui, publicados semanalmente os textos do Provedor do Leitor do PÚBLICO e espera-se que eles suscitem reacções. O Provedor não se pode comprometer a responder a todos os comentários nem a arbitrar todas as discussões que aqui tiverem lugar. Mas ele seguirá atentamente tudo o que for aqui publicado.

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