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domingo, maio 27, 2007 

P COMO PUBLICIDADE

Um anúncio “especial” suscitou alguns protestos.

“O que se passa com o PÚBLICO? Para além dos erros de ortografia, sintaxe e imprecisões nas notícias (que ocorrem com demasiada frequência) conseguiram sobrepor publicidade às notícias: colaram um 'post-it' de publicidade a uma empresa em pleno texto de uma notícia na 1ª página (5 de Maio)”, escreve Maria Amélia Figueiredo Dias.

“Quando adquiri o PÚBLICO no meu fornecedor habitual, verifiquei que na página frontal havia um papel branco colado. Admiti que tal era devido à incúria do dono do quiosque. Interrogado este, mostrou-me que todos os exemplares do PÚBLICO estavam nas mesmas condições.
Procurei retirá-lo com todo o cuidado para não prejudicar a integridade do texto por baixo. Não fui bem sucedido.
Protesto energicamente contra esta manifestação de arranjar receita por qualquer preço, neste caso, a expensas dos leitores que tendo pago o jornal para poderem ler TUDO O QUE LÁ ESTÁ se vêem impedidos, parcialmente, devido a esta iniciativa.
Onde anda a ética do PÚBLICO? Qual a sua razão moral para fazer as denúncias que tem trazido ao conhecimento dos leitores ultimamente?”, escreve Manuel Joaquim Poças.

“Foi com espanto que hoje, chegado a casa, tirei de um saco de plástico o ‘PÚBLICO’ e vejo colado na primeira página um papel branco 7x7 com os dizeres ‘Consulting by Deloitte’ e depois, com letras mais pequenas, ‘Deloitte Consultores, S.A.’.
O famigerado papel branco estava (está, porque não consigo tirá-lo sem rasgar o jornal) a meio caminho entre o título principal do jornal e a fotografia que ilustra as eleições francesas.
Não sou contra a publicidade nos jornais – ajuda à sua imprescindível sustentabilidade – mas, com franqueza, há publicidade e há publicidade.
Não me parece que um jornal da estirpe do ‘PÚBLICO’ seja o melhor receptáculo para este tipo estúpido de publicidade, invasor dos mais elementares direitos do leitor e que, neste caso, se resumem, muito simplesmente, à básica leitura da primeira página do jornal. Para isso, desembolsei 1,25 € (mais 3,90 €, porque também comprei o disco).
Só tive pena de ter verificado esta ofensa horas depois de ter adquirido o jornal. A alternativa seria então a sua devolução imediata e a compra de um outro”, escreve Luís Pinheiro de Almeida.

“Parece inverosímel mas é verdade: a edição do jornal ‘PÚBLICO’, trazia na 1ª página um auto-colante de publicidade ‘Consulting by Deloitte’, colado exactamente sobre a notícia ‘Operação Furacão apanha Licínio Bastos’.
Já é mau pormos um auto-colante na 1ª página do jornal, mas em cima de uma notícia é péssimo. Efectivamente não encontraram outro espaço. Poderiam ter colado sobre o logotipo do jornal, p. exemplo, afectava menos os leitores.
Eu compreendo a necessidade de gerar receitas mas não a qualquer preço, isto é, com prejuízo dos leitores de um jornal que eles pagam”, escreve António Sales.

“Essa de colar um papel com publicidade a uma tal ‘Deloitte’ (que certamente pagou bem) é ideia peregrina e que julgava incompatível com um jornal como o PÚBLICO, pelo menos nos termos em que foi feita.
O dito papel, colado sobre grande parte do texto de uma das notícias de 1ª página (‘Financiava PS...’), sem a elegância de um ‘post it’ (que descola suavemente, sem deixar marcas e sem rasgar o papel do jornal), impossibilitou-me de ler o referido texto.
É certamente uma insignificância. Apesar disso, questiono-me se para o PÚBLICO é mais importante a notícia que publica e a efectiva leitura da mesma pelas pessoas que regularmente adquirem o jornal ou se tem maior importância a publicidade bacoca que colam sobre esse texto e de forma tal que não dá sequer para descolar...”, escreve Joaquim Pinto.

Solicitei, portanto, um esclarecimento ao director.

“O Livro de Estilo do PÚBLICO dispõe, no seu ponto 118, que ‘a primeira e última páginas do 1º caderno só poderão incluir manchas publicitárias de canto ou rodapé, salvo circunstâncias ou contratos especiais’.
Apesar de escrito antes da remodelação gráfica, esta não só respeitou como reforçou estas limitações, designadamente ao passar o anúncio colocado por cima do logótipo para a parte inferior da capa do jornal.
Desde a remodelação gráfica esta foi a primeira vez que a direcção comercial propôs à direcção editorial um ‘contrato especial’ para um só dia.
Porquê? Porque, como nos explicou a direcção comercial, ‘este tipo de publicidade representa uma tendência enquadrada em formato inovadores de grande impacto que tem sido seguida pela generalidade dos jornais a nível internacional’, o que corresponde à verdade como eu mesmo tenho verificado enquanto leitor da imprensa internacional de referência (posso citar dezenas de exemplos). Mesmo assim esse exemplo internacional não seria suficiente se entendêssemos que constituía uma violação grosseira dos nossos princípios. Mesmo sendo o mercado publicitário cada vez mais competitivo e intrusivo, cabia saber se se enquadrava no ponto 112 do Livro de Estilo: ‘o PÚBLICO considera os seus anúncios como parte do conjunto de informações que os leitores procuram todos os dias nas suas páginas, mas não subordina o interesse jornalístico ao interesse publicitário de anunciantes ou afins’.
Neste caso isto foi feito com especial cuidado pois é a segunda vez que um anunciante utiliza a forma de autocolante para ganhar relevo na primeira página. Nessa primeira vez constatámos que a cola utilizada era muito forte e, em muitos casos, rasgava a capa do jornal. Por isso uma das condições que a direcção editorial colocou foi a utilização de uma cola mais fraca, semelhante à que noutros jornais não lhes rasga o papel. Uma segunda condição foi que a data de saída do anúncio fosse combinada para que, tendo o jornal de fechar mais cedo a edição, isso não prejudicasse o seu conteúdo informativo. Finalmente ficou combinado que, no próprio dia, com a primeira página já desenhada, se escolheria o melhor local para colocar o autocolante por forma a prejudicar o menos possível uma leitura global da capa. O director responsável pelo fecho recomendou então que fosse colocado em parte sobre o texto da manchete, em parte sobre a fotografia, localização que permitia a leitura de todos os títulos e comprometia menos a mancha gráfica, não havendo também qualquer possibilidade de confusão sobre tratar-se de um anúncio, algo que podia suceder se fosse colocado sobre o logótipo, conforme sugeriram alguns leitores.
Verificou-se que a cola, na maior parte dos exemplares, voltava a ser demasiado forte, facto de que pedimos desculpa aos leitores e pelo qual se penitenciaram as direcções comercial e de produção quando, mesmo antes de serem recebidos quaisquer protestos, as alertei para o que acontecera ao jornal que eu mesmo comprara. Fui informado que o próprio anunciante não tinha essa intenção, mas que o autocolante se soltasse facilmente.
A inclusão de publicidade como esta, ou noutras fórmulas com grande presença, na primeira página é, como recomenda o Livro de Estilo e como já foi por mais de uma vez debatido em Conselho de Redacção, uma excepção. Assim continuará a ser. Desta vez a cola utilizada em boa parte da edição era demasiado forte, motivo pelo qual só me resta pedir desculpa, em nome do jornal, a todos os leitores prejudicados”, respondeu José Manuel Fernandes.

As explicações estão dadas. Ocultar parcialmente a informação (‘manchetes’ e fotos) com anúncios é, portanto, uma opção que o PÚBLICO considera legítima e aceitável.
Nada mais a acrescentar.

Depois da escolha "legítima e aceitável" da direccao do P em contractar um designer para o jornal que acha que os jornais de papel vão acabar é de esperar que o Publico tenha acabado e vire um jornal que apenas pretende roubar clientes ao Metro... ate no Metro os post-it colados de publicidade saem facilmente!!! ate no Metro...
Mas enfim... o público alvo do P não é o mesmo do Público ... é só pena que a direccao nao tenha a coragem de assumir isso mesmo...

Agora é mais evidente a finalidade da página central que tem vindo a ser ocupada por uma enorme e despropositada fotografia. Foi criada a pensar na publicidade. Publicidade que já tem vindo a servir, embora timidamente.
É sintomático o Director do jornal não o assumir frontalmente.
(Assim como é sintomático alguns colaboradores que já vão fazendo parte da mobília não manifestarem qualquer opinião, nem sobre o novo grafismo, nem sobre os conteúdos, nem sobre as perplexidades de muitos e fiéis leitores.)
Osvaldo/V.N.Gaia

Realmente o Público perdeu o "úblico" e ficou só o "P". Parece que seis letras fazem toda a diferença na hora de escolher o que interessa: informar ou anunciar. O mal não está em admitir-se que um jornal só funciona quando há dinheiro. O mal está em não se assumir isso mesmo e continuar a fingir-se que o "P" ainda é o "Público". Mas tudo isto é uma posição "legítima e aceitável".

O PÚBLICO há muito que começou a resvalar para a mediocridade. E o seu director tem tido uma contribuição decisiva.

Por mim, deixei de o comprar em meados de Abril. Não resisti à sua "evolução" gráfica...

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